Tudo Farma em 05/05/2016
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A ideia de tornar mais simples e eficiente um exame chato fez a brasileira ColOff conquistar como clientes os maiores hospitais e laboratórios do País, um grande parceiro especializado e a perspectiva de exportar para os Estados Unidos e o Canadá.
Com o objetivo de facilitar e padronizar a coleta de fezes e urina, a empresa criada em São Paulo, em 2010, desenvolveu um revestimento descartável e oxi-biodegradável para assento sanitário. Esse aparato, que lembra uma sacola, evita a contaminação da amostra, garantindo um diagnóstico preciso. Em 2014 foram vendidas 130 mil unidades, e a projeção para este ano é atingir dois milhões de unidades.
A expectativa elevada se deve à parceria com a fabricante de produtos para primeiros socorros, cirurgias, tratamentos, higiene e bem-estar Cremer, que distribui o ColOff para vários clientes no Brasil, e à expansão para mercados internacionais.
A concepção do produto surgiu após a mãe da fundadora da ColOff, Carolina Fagundes, ser diagnosticada com câncer colorretal. As dificuldades em realizar o exame e os erros na amostra incentivaram Carolina, instrumentadora cirúrgica especializada em assepsia e controle de infecção por contaminação, a confeccionar sacos estéreis. O revestimento caseiro teve efeito positivo por permitir a coleta em posição fisiológica e livre de agentes contaminantes.
O aparato, já patenteado, é produzido de forma terceirizada pela Altaplast, fábrica de sacolas plásticas localizada na capital paulista. Desde 2013, a ColOff exporta o revestimento para Austrália e Nova Zelândia, mas o mercado internacional é responsável por apenas 5% da produção da empresa, que gira em torno de 50 mil a 100 mil unidades mensais. “Ainda exportamos timidamente se comparado ao potencial de mercado que podemos alcançar. Nossa maior demanda ainda é nacional”, diz o CEO e cofundador Eliézer Dias.
O ColOff é vendido no atacado para o mercado hospitalar diagnóstico por R$ 1,90. No varejo, o kit completo (revestimento, copinho, pipeta e espátula) varia entre R$ 2,50 a R$ 5. No mercado externo há produtos com a mesma finalidade, e os preços variam entre US$ 4 e US$ 7. Na Europa, produtos semelhantes são mais caros. O Fecotainer, por exemplo, tem custo médio de nove euros.
Entre os principais clientes hospitalares e laboratoriais da ColOff estão o Hospital Albert Einstein, as redes de laboratórios Brasil Private Check-Up, Dasa e Sabin e a rede Brasil Medicina Ocupacional. Farmácias e drogarias como Big Ben, Araujo e FTB também estão na lista. Segundo Dias, a empresa está com um projeto de expansão para o Canal Farma, varejo de farmácias e drogarias. “O plano é fazer contato com as mil maiores empresas do segmento”, afirma.
Sem margem de erro
Em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), a ColOff está desenvolvendo um teste rápido, similar ao de gravidez, para identificar o agente causador da diarreia. O projeto recebeu aporte de R$ 1,4 milhão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no programa Inova Saúde. Ao aplicar algumas gotas de fezes no dispositivo, será possível reconhecer em minutos se o agente infeccioso é vírus, bactéria ou parasita. “Queremos acabar com a máxima de que tudo é virose e evitar o uso de medicamentos inadequados, como os antibióticos”, diz Dias. O teste permitirá uma triagem inicial e o encaminhamento do paciente para outros exames, se necessário.
O método é baseado na ligação antígeno-anticorpo, chamada imunocromatografia. A inovação está na possibilidade de reconhecer diversos agentes em um único dispositivo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 3 a 5 bilhões de pessoas são acometidas por diarreia ao ano, e no Brasil são 100 milhões.
A ColOff foi incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) na Universidade de São Paulo (USP), venceu em 2012 o Desafio Brasil e em 2015 o Braskem Labs. Hoje, é umas das 100 startups consideradas mais atrativas segundo o ranking “100 open startups”.