14/07/2009 – Correio Popular
Instituto agronômico desenvolve variedades adaptadas ao cultivo em terras paulistas e trabalha em parceria com a agroindústria
Apesar de ter poucas áreas destinadas à agricultura, o futuro do agronegócio no Estado de São Paulo tem uma forte conexão com Campinas, por conta do Instituto Agronômico (IAC) que, em mais de um século de existência, foi responsável por centenas de pesquisas em melhoramento genético e criação de novas espécies. Para o futuro, as projeções já indicam que o café solúvel, cujo consumo não para de crescer, poderá ter matéria-prima desenvolvida a partir de pesquisas campineiras.
O IAC avista também contribuição à produção do etanol, dessa vez usando a mandioca, como alternativa ou complemento à utilização da cana-de-açúcar.
Para a indústria de café solúvel, concentrada em terras paulistas, é mais rentável ter a matéria-prima produzida no Estado, do que trazê-la do Espírito Santo, como é feito, já que o café solúvel é produzido a partir da variedade robusta, produzida nas fazendas capixabas. “O IAC está avaliando a adaptação do robusta em campos paulistas. Em caso de resultados positivos, será possível criar esse mercado para os cafeicultores paulistas e facilitar a situação das indústrias”, diz Marco António Teixeira Zullo, diretor-geral do IAC. As pesquisas em andamento envolvem análise do manejo da lavoura, adubação, poda, irrigação, colheita e secagem dos grãos.
O IAC trabalha para se tornar também o primeiro laboratório público do Brasil credenciado no Instituto Brasileiro de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para fazer análise de fertilizantes. “Seremos um colaborador do Ministério da Agricultura para avaliar fertilizantes já disponíveis no mercado e também para avaliar no processo de registro de novos produtos”, afirma Zullo.
Em relação à produção do etanol, o IAC pretende avançar pesquisas que, há décadas, vem sendo desenvolvidas com a mandioca. “O objetivo é realizar uma análise crítica da real possibilidade de produção do etanol a partir da mandioca, incorporando-se recentes inovações tecnológicas e considerando-se aspectos energéticos, econômicos, sociais e ambientais. Outras culturas bioenergéticas, como pinhão-manso, estão sendo introduzidas também em nossa programação científica”, afirma o diretor-geral.
O processo de novidades no IAC começa ainda em 2009, com a abertura de um novo laboratório no IAC, na área de engenharia e automação, o que proporcionará o desenvolvimento de pesquisas em tecnologia pós-colheita de frutas, hortaliças e flores.
Ciatec 2 une setores tecnológico e imobiliário
O futuro guarda para a região próxima ao Condomínio Alphaville, na Rodovia Campinas-Mogi (SP-340), a construção do Parque Científico e Tecnológico de Campinas (Ciatec 2), com 7,9 milhões de metros quadrados e que concentrará empresas, institutos de pesquisa, áreas de lazer, centro de comércio e serviços, além de áreas residenciais. O Ciatec 2 é uma expansão do polo empresarial que trouxe para Campinas linhas de produção de alta tecnologia, como Xtal Fibras Ópticas, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o CPqD, Nortel Networks, Fibercore e Softex. O polo foi idealizado na década de 70 pelo físico Rogério César de Cerqueira Leite, da Unicamp, mas só em 1995 foi criada, por meio de uma lei, a Companhia de Desenvolvimento do Ciatec, mantida com recursos públicos, e responsável pela ordenação das atividades na gleba. O projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Urbanismo precisa resolver questões legais, já que uma liminar proibiu, em 2008, a Prefeitura de conceder alvarás para execução de áreas residenciais na região. O plano de implantação do Ciatec 2 prevê que 3,2 milhões de metros quadrados serão tomados por área verde e é prevista a implantação de um parque linear dotado de ciclovias ao longo do Ribeirão Anhumas. Imóveis de trechos da gleba (casas históricas de fazendas de antigas fazendas da região), serão preservados.
O NÚMERO
122 ANOS
De existência tem o Instituto Agronômico, fundado em Campinas pelo imperador D. Pedro II em 1887