Por G1 Campinas e Região em 17/10/2019
À espera do descontingenciamento de verbas do governo federal para concluir o principal projeto científico brasileiro, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização responsável pelo Sirius, anunciou nesta quinta-feira (17) que atingiu em teste, com sucesso, energia necessária para a geração da luz síncrotron. Agora, a equipe se prepara para injetar elétrons no terceiro e principal acelerador do equipamento, que já está completamente montado.
Em construção em Campinas (SP), o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de “raio X superpotente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas. Atualmente, há apenas um laboratório de 4ª geração de luz síncrotron operando no mundo: o MAX-IV, na Suécia.
De acordo com o CNPEM, o teste foi realizado na noite de quarta (16) e nele “foi possível injetar a carga elétrica máxima prevista, 3 GeV (Gigaeletron volts) no segundo dos três aceleradores que fazem parte da estrutura.”
O Sirius é formado por três aceleradores. O primeiro é responsável por produzir e começar a acelerar o feixe de elétrons. O segundo é responsável por dar aos elétrons a energia necessária para que sejam transferidos ao acelerador principal, a partir de onde será emitida a luz síncrotron.
“Esse tipo especial de luz, de altíssimo brilho, é capaz de revelar detalhes dos mais variados materiais orgânicos e inorgânicos, como proteínas, vírus, rochas, plantas, solo, ligas metálicas, dentre muitos outros”, destaca o CNPEM.
Atraso
Com o atraso na liberação de recursos pelo contingenciamento de verbas, e a previsão de recursos para 2020 abaixo da expectativa, o CNPEM já informou que as 13 de linhas de pesquisa previstas para o Sirius não ficarão prontas no próximo ano. A abertura do laboratório, no entanto, segue confirmada para 2020, com um número menor de estações de pesquisas. Três delas estão em fase de montagem.
Para concluir o Sirius, o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, estima o investimento de mais R$ 400 milhões – cerca de R$ 1,3 bilhão já foram investidos na estrutura.
Do orçamento previsto para 2019, no entanto, a pasta ainda precisa destinar R$ 205,1 milhões ao CNPEM. Dos R$ 255,1 milhões aprovados, o MCTIC fez empenho de R$ 75 milhões, e depositou R$ 50 milhões. Depois, pediu aumento do limite de empenho ao Ministério da Economia de mais R$ 180 milhões.
Em nota, o MCTIC disse que o descontingenciamento dos R$ 180 milhões está previsto para a próxima semana, “a critério do Ministério da Economia”.
O ministro de ciência e tecnologia, Marcos Pontes, durante visita ao Sirius, em Campinas (SP) — Foto: Fernando Evans/G1