24/05/2009 – Revista Metrópole, Jornal Correio Popular
Números: segundo a Acic, geração de renda de Barão em 2008 representou R$ 3,3 bilhões, superior a várias cidades da região
Além de celeiro de cérebros brilhantes, Barão Geraldo é a região da cidade que mais produz riquezas, segundo levantamento feito em 2008 pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). A geração de renda no distrito correspondeu no ano passado, na avaliação da entidade, a nada menos que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) campineiro, representando cerca de R$ 3,3 bilhões. “Isso é o que a indústria, o comércio e o setor de serviços movimentaram”, afirma o coordenador do Departamento de Economia da Acic, Laerte Martins.
Ainda segundo Martins, esse volume de recursos coloca Barão Geraldo em 8º lugar entre os PIBs de muitas cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), acima, por exemplo, dos de Vinhedo, Valinhos, Itatiba e Nova Odessa (com base em dados de 2006 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, em 2008).
Estão localizados em Barão, informa a Acic, 360 estabelecimentos comerciais (com destaque para os bares e restaurantes) e 192 empresas prestadoras de serviços. Além disso, dez agências bancárias têm endereço no distrito. Isso é alavancado, analisa o economista, especialmente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) – que fica bem próxima, no bairro Santa Cândida.
Apenas a movimentação financeira em torno das universidades foi de cerca de R$ 550 milhões nas áreas de comércio, serviços, moradias, educação, lazer, cultura e saúde. Para se ter uma ideia do poder de atração de Barão, em 1998, relata Martins, existiam lá cerca de 26 restaurantes, 30 a menos do que em 2008. “Em dez anos, a expansão nesse segmento foi de 115,4%, um crescimento médio de 8% ao ano”, calcula.
O economista da Acic observa ainda que, além de berço de duas grandes universidades do País, e principalmente por conta dessa característica, o distrito tem forte apelo para indústrias: são 18, segundo ele. E está em Barão o parque II da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec), empresa de economia mista que tem a Prefeitura como acionista majoritária e que, além de abrigar o programa de incubadora tecnológica, coordena a implantação de empresas e organizações de pesquisas em suas duas plantas.
“Destacam-se ainda o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), na área de altas pesquisas científicas e tecnológicas”, cita Martins. E o potencial de Barão Geraldo não está somente no que é produzido e consumido pela população fixa e flutuante. A renda média dos habitantes é de 15,10 salários mínimos, ou R$ 7.021,50 (conforme dados do IBGE de 2006).
Barão Geraldo em números
106km² de extensão, fazendo limites com a Rodovia Dom Pedro I (SP-065), Rodovia Adhemar de Barros (SP-340), Rio Atibaia e Centrais de Abastecimento de Campinas S.A. (Ceasa).
74 bairros.
Aproximadamente 60 mil habitantes.
3 milhões de metros quadrados de área de preservação permanente (APP), contando a Mata de Santa Genebra, Recanto Yara, Parque Linear Rio das Pedras e Mata do Quilombo (na Vila Holândia).
22 linhas de ônibus operando a partir do Terminal Barão Geraldo, que atendem 40 bairros de Campinas e transportam cerca de 47 mil passageiros por dia.
38 condomínios horizontais.
7 condomínios verticais.
1,65% é a taxa de crescimento populacional ao ano, nos últimos cinco anos.
5,4% é a taxa de crescimento econômico ao ano, nos últimos cinco anos.
Fontes: Subprefeitura de Barão Geraldo e Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic)
‘Ninguém sabia o que era isso’
Maria Christina de Camargo Penteado, de 58 anos, foi uma das pioneiras no ramo de serviços em Barão Geraldo. Filha de Guido Camargo Penteado Sobrinho, vereador que trabalhou pela elevação do bairro a distrito, essa bacharel em Educação Física formada pela USP era nadadora do Clube Pinheiros, na Capital, quando decidiu voltar para suas raízes baronenses, em 1972. A Unicamp tinha ainda meia dúzia de anos e tudo era muito tranquilo. Tanto que não se sabia direito para que servia o seu estabelecimento.
Chris, como é conhecida, fundou a primeira academia de ginástica de Barão Geraldo, há 23 anos, na Avenida Albino J. B. de Oliveira. “Naquela época, ninguém sabia o que era isso. Não havia essa cultura de cuidar do corpo. Havia, sim, a prática de esportes, mas nos clubes”, recorda-se. “Muita gente”, comenta, “me dizia que era loucura fazer alguma coisa no meio daquele brejo, que eu teria sapos como alunos. E eu respondia brincando que, se fosse assim, teria que pular muito”.
Mas, de fato, a novidade trazida de São Paulo precisou ser incutida aos poucos. “Foi muito difícil conseguir me estabelecer”, lembra. Seus primeiros clientes eram professores da Unicamp, moradores da Cidade Universitária. No início, as atividades eram ginástica e judô. “Em 1977, a piscina ficou pronta e começamos com a natação.” A persistência e a aposta no distrito se revelaram certeiras. Atualmente, segundo a empresária, seu público gira em mil alunos por mês. Mais uma que nasceu, cresceu e ficou.