DCI em 13/12/2017
Programa é inédito no País e um passo importante por reunir parceiros estratégicos e capazes de integrar as ações necessárias para chegar a um novo medicamento com base na biodiversidade
Parceiros estratégicos estão reunidos em torno de um projeto inédito no Brasil no segmento da indústria de fármacos. O grupo pretende identificar substâncias bioativas em extratos vegetais da biodiversidade do país.
O objetivo é a descoberta e posterior desenvolvimento de novos medicamentos, inicialmente nas áreas de oncologia e dermatologia. Entre os parceiros estão empresas capazes de integrar todas as atividade necessárias para chegar os novos medicamentos.
O programa de prospecção da biodiversidade envolve o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado no Polo de Tecnologia de Campinas (SP); o Aché Laboratórios e a empresa Phytobios. O grupo tem apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrappi).
Recursos
O investimento inicial é de R$ 10 milhões na fase de descoberta, sendo 50% do Aché Laboratórios e os demais 50% divididos entre o CNPEM, Phytobios e Embrapii . A partir da identificação do potencial molecular da planta em análise, serão exigidos mais investimentos para as fases pré-clínicas e clínicas.
Segundo o gerente de Desenvolvimento de Fármacos do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do CNPEM, Eduardo Pagani, a pesquisa já começou há três anos compondo o acervo de amostras a partir de biblioteca de produtos naturais construída através da parceria entre o LNBio do CNPEM e a empresa Phytobios.
A biblioteca será expandida com novas expedições nesta nova fase com plantas existentes na Floresta Amazônica, Mata Atlântica Caatinga e Cerrado. “A assinatura foi em outubro que formalizou a parceria e viabilizou que a gente fizesse isso de forma profissional e vai ser aqui a fase de descoberta”, explica Pagani.
No acervo, há extratos e frações derivados de centenas de espécies vegetais. Essas substâncias serão testadas em ensaios de alto desempenho, desenvolvidos para predizer suas atividades biológicas e potencial terapêutico.
O diretor de Inovação Radical do Aché, Cristiano Ruch Werneck Guimarães, disse que por questão de confidencialidade os alvos específicos de oncologia de dermatologia estão sendo abordados de forma mais genérica. “São frutos de pesquisa do CNPEM que vinham sendo evoluídos e que estão num estágio agora onde a gente vai poder fazer uso dessa biblioteca construída pela Phytobios para estes alvos. No momento de validação desses alvos para suas aplicações tanto em oncologia, quanto dermatológica. O que falta agora é achar um fato proveniente ou oriundo da biodiversidade brasileira”, diz.
Expectativa
As substâncias identificadas como promissoras para terapias em oncologia e dermatologia com diversas indicações potenciais serão otimizadas antes de seguirem para avaliações de segurança e eficácia em testes pré-clínicos e clínicos. A expectativa é que novos produtos e tecnologias sejam patenteados e disponibilizados Ao mercado em até 15 anos.
O CNPEM tem grande expertise no desenvolvimento e condução dos ensaios para a identificação de compostos bioativos utilizando equipamentos de altíssima tecnologia. A Phytobios possui mais de 10 anos de experiência na condução de expedições de bioprospecção em biomas brasileiros. O Aché tem expertise nas etapas de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos inovadores, incluindo otimização de moléculas e know-how em fitoterápicos; foi o criador do primeiro produto farmacêutico inovador 100% brasileiro, o Acheflan.
Legislação
Essa parceria envolvendo o CNPEM, Aché, Phytobios e Embrapii se provou viável a partir do momento em que a dinâmica das pesquisas com a biodiversidade brasileira tornou-se mais simples e menos burocrática e mais esclarecida em relação as regras com a Lei 13.123 de 20 de maio de 2015, conhecida como Marco da Biodiversidade.
A nova legislação regulamentou o acesso à biodiversidade e repartição de benefícios garantindo a segurança jurídica necessária para programas de inovação dessa natureza. A expectativa é que outros laboratórios brasileiros e multinacionais também firmem novas parcerias para utilização da biodiversidade brasileira para novos medicamentos para as demais doenças.
O Programa de Prospecção da biodiversidade brasileira é mais um passo do processo de inovação da farmacêutica Aché. Desde a década de 90 a empresa trabalha em P&D de novas moléculas. Estes esforços foram fundamentais para o desenvolvimento do Acheflan.
Recentemente o Aché construiu o laboratório de Design e Síntese Molecular, estrutura pioneira no Brasil.
O novo laboratório busca internacionalizar as atividades de síntese de moléculas inovadoras e ingressou no conceituado Structural Genomics Consortium (SGC), um consórcio internacional que busca acelerar o desenvolvimento de novos fármacos através do modelo de Inovação Aberta.
Repercussão: Diagnóstico Web; FAPEG; Aboutme; Diário Online; A Tribuna do Espirito Santo ;