Infoenergia em 13/10/2014
A Holanda tem uma missão corajosa: até 2050, pretende contar com um sistema de energia sustentável, confiável e acessível. Líder em biotecnologia industrial internacional e na indústria bioquímica – que abriga inúmeras empresas do setor e cientistas de renome internacional – o país vem realizando importantes experimentos com a energia das ondas oceanicas, algas e biomassa. Durante a segunda edição do BBest, conferência de ciência e tecnologia de bioenergia, que acontecerá entre os dias 20-24 outubro no Campos do Jordão Convention Center, a Holanda planeja demonstrar como é capaz de ampliar ainda mais seus conhecimentos em cooperação com o Brasil, outro pioneiro em combustíveis renováveis e energia. A Holanda está construindo conexões bem sucedidas com nosso País , através de parcerias estratégicas, colaborações em projetos e programas, bem como acordos no nível governamental, industrial, institucional e acadêmico.
Inspirados por sua indústria de horticultura, cujo consumo de energia é intensivo, os holandeses desenvolveram soluções inovadoras na produção descentralizada de energia em estufas, “reciclagem” de CO2 e aproveitamento de calor residual. Como parte de seu plano, a Holanda pretende monitorar as tensões ecológicas, controlar e otimizar a qualidade da água, terra, e a disponibilidade de nutrientes utilizando tecnologias de sequenciamento genético de material biológico, além da incorporação social dos produtos, serviços e processos desenvolvidos até agora. Até 2020, os recursos renováveis terão um papel importante na economia baseada em bioenergia. A Holanda também está investindo bastante em Smart Grids, que facilitam o desenvolvimento de outras tecnologias, como veículos elétricos.
Do outro lado do Oceano Atlântico, o Brasil é o maior produtor de cana de açúcar do mundo e o segundo maior fabricante de etanol. Com experiência de mais de 40 anos, o Brasil tem grande capacidade no desenvolvimento de infraestrutura e de produção de bioenergia com base na cana-de-açúcar. Isso proporciona grandes oportunidades e lições para as empresas holandesas. Em 2012, por exemplo, duas organizações holandesas, BE-Basic e TU Delft , abriram escritório conjunto no Brasil para intensificar e facilitar ainda mais a cooperação com parceiros brasileiros, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Laboratorio Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, (CTBE), Universidade de Campinas (UNICAMP), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, (FIESP) e a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Intercâmbio científico
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Fundação BE-Basic, consórcio público-privado holandês composto principalmente por universidades, instituições científicas e empresas holandesas, anunciaram que pretendem promover projetos de apoio à pesquisa envolvendo a colaboração entre cientistas trabalhando no estado de São Paulo, Brasil, e cientistas associados à BE-Basic na Holanda.
Os projetos de pesquisa deverão ajudar a construir competências científicas e tecnológica, fomentar alianças estratégicas para o desenvolvimento científico e tecnológico, promover a disseminação do conhecimento e gerar resultados que poderão levar a aplicações de valor comercial em áreas de interesse tanto da FAPESP, através de seu programa BIOEN, quanto da BE-Basic.
O recente BASIS Programme foi inspirado pelo plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil – relatório preparado pela Boeing, Embraer e FAPESP, sob a coordenação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Divulgado em junho de 2013, o documento apontou caminhos para que o país ocupe uma posição de destaque internacional no mercado, por meio da pesquisa sobre matérias-primas e produção de biocombustíveis, logística de distribuição e adequação da legislação, entre outros temas.
Com um amplo programa educacional, a BE-Basic pretende estimular e preparar a mão de obra internacional para futuros empregos na bioeconomia. A implantação internacional deste programa reflete a importância de atividades internacionais atuais e futuras, tanto provenientes de parceiros industriais quanto acadêmicos. O programa visa preparar a educação para ampla utilização internacional, onde membros da BE-Basic em potencial possam colaborar com colegas de seus parceiros internacionais.
Para o Brasil, o foco está nos cursos avançados (graduação e pós-graduação) para participantes industriais e acadêmicos, organizados juntamente com os principais parceiros acadêmicos da fundação, como a Universidade de Campinas (UNICAMP). Onde for possível, estes cursos também serão incorporados em programas educacionais como parte de uma formação dupla (co-tutela) com parceiros brasileiros.
Com base numa série de cursos avançados da atualidade e futuras demandas de mão de obra, um programa de educação foi definido para cobrir tópicos técnicos como biotermodinâmica, metabolômica e ecologia do solo, mas também comunicação e política, transferência de tecnologia e empreendedorismo.
Além disso, a Holanda tem experiência em energia eólica marítima, co-combustão de biomassa em usinas de carvão, métodos de pré-tratamento da biomassa, o uso de gás de aterros sanitários, bem como a utilização de bombas de calor combinadas ao armazenamento de calor e frio. O País tem reputação internacional para a pesquisa em energia renovável, devido, em parte, ao trabalho do centro de pesquisa de energia ECN. Não é por acaso que a Holanda ocupa o sexto lugar no ranking mundial em termos de pedidos de patentes envolvendo energia solar fotovoltaica, e patenteou a tecnologia de “gás verde”, ou gaseificação de biomassa.
Atuando como a conexão entre o Brasil e os Países Baixos na área da Ciência e Tecnologia, o Escritório Holandês de Ciência e Tecnologia (NOST) no Brasil monitora constantemente a evolução da ciência, tecnologia e inovação e faz parte da rede global de escritórios holandeses de Ciência e Tecnologia em Embaixadas. Entre os lideres da indústria da Holanda presentes na Conferência BBest 2014 estarão a Agência Holandesa de Investimentos, Delft University of Technology, BioDetection Systems, Bioprocess Pilot Facility, Corbion Purac, Delft Advanced Biorenewables, Dyadic International, ECN, NIOO, Port of Amsterdam, Universiteit Utrecht.
Repercussão
Ambiente Energia, Uniprocee, Brasil Inovador, Energia para vida