Agência CTI, 13/08/2015
As aplicações possíveis da luz síncroton podem ser inúmeras, entre elas, no campo das geociências. O diretor científico do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), Harry Westfahl, em apresentação no Congresso Brasileiro de Ciências do Solo (CBCS), realizado em Natal (RN), afirmou que já existem técnicas de análise com a radiação na área de ciências do solo que podem detectar, por exemplo, contaminação da terra.
A técnica de fluorescência por raios X em 2D e 3D pode ser usada para a detecção dos sinais associados aos diferentes elementos químicos presentes na amostra analisada, como explicou o diretor científico. Como exemplo, Westfahl citou um estudo realizado pelo pesquisador Carlos Perez, do LNLS, que analisou os efeitos de contaminação associados à queda de balas de caça no solo. No estudo, a fluorescência de raios X permitiu identificar a presença no local dos diferentes metais que compõem a munição, como ferro, chumbo e timônio.
De acordo com Westahl, o objetivo principal de apontar essas soluções é motivar os pesquisadores da área a usar a tecnologia da luz síncrotron por meio da infraestrutura disponível no Brasil. “Além disso, queremos motivar os pesquisadores com a apresentação do projeto de um novo acelerador, que vai permitir que sejam feitos aqui experimentos que quase ninguém hoje faz nas ciências do solo”, completou.
Harry Westfahl também explicou porque o projeto Sirius é classificado como um síncrotron de quarta geração, com base em parâmetros como o seu brilho. Falou brevemente, ainda, sobre as 13 primeiras estações experimentais (linhas de luz) previstas para a nova fonte de luz e o seu potencial científico. “A área de ciências do solo tem sido um dos focos do planejamento do Sirius. A bola está na mão de vocês: se preparem porque, dentro de alguns anos, sua comunidade de pesquisa terá à disposição a melhor ferramenta científica do País”, afirmou.
O pesquisador Dean Hesterberg, da North Carolina State University, dos Estados Unidos, destacou as oportunidades de novas descobertas no campo da agricultura e das ciências ambientais com o auxílio das fontes de raio X baseadas em luz síncrotron. Segundo ele, essa ferramenta, aplicada às ciências do solo, tem potencial para solucionar problemas nas áreas de segurança alimentar, produção de energia, manejo de resíduos animais, saúde humana, captura de carbono, proteção da qualidade da água e outras.
O LNLS é responsável pela operação da única fonte de luz síncrotron da América Latina, aberta ao uso das comunidades acadêmica e industrial. O síncrotron brasileiro possui hoje 18 estações experimentais – chamadas linhas de luz –, voltadas ao estudo de materiais orgânicos e inorgânicos por meio de técnicas que empregam radiação eletromagnética desde o infravermelho até os raios X.