Representantes do setor industrial avaliaram os procedimentos que regem as parcerias do Laboratório com a iniciativa privada.
Assessoria de Comunicação, em 02/06/2010
Nesta terça-feira (1/6), o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) promoveu um Workshop para debater, junto ao setor industrial de cana-de-açúcar, etanol e química, seus procedimentos que regem o relacionamento com a indústria. O objetivo do evento foi avaliar as regras e a governança de projetos de pesquisa realizados em conjunto com a iniciativa privada, em busca do estímulo a parcerias que tragam inovações tecnológicas significativas à sociedade na área de bioenergia.
Oito avaliadores foram convidados pelo CTBE para comentar sobre um documento preliminar que detalha, entre outros tópicos, como se dará a seleção de projetos de P&D conjuntos, as possíveis formas de interação com a indústria, a governança das parcerias, a partilha da propriedade intelectual (PI) e o sigilo de informações.
Em geral, os palestrantes elogiaram a iniciativa do CTBE de formalizar seus procedimentos de relacionamento com o setor industrial, mesmo antes do Laboratório recém-criado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) estar completamente operacional, e de discutir estas regras com os principais interessados nesta iniciativa.
Sobre possíveis melhorias ao documento avaliado, foi comentado sobre a necessidade de se diminuir a burocracia administrativa ao máximo e deixar explícito e transparente certos critérios administrativos internos do CTBE, como os de avaliação de projetos conjuntos.
Segundo a gestora de negócios do CTBE Rosana Ceron Di Giorgio, uma forma de agilizar a gestão de parceiras é a criação de um Comitê Gestor para cada projeto. Este contém representantes do CTBE e demais empresas envolvidas e é capaz de decidir o rumo das pesquisas, inclusive seu término em caso de desacordo, sem que várias instâncias das instituições tenham que concordar formalmente com as decisões para que o projeto tenha continuidade.
Por falar em continuidade dos trabalhos, esta foi outra preocupação dos avaliadores presentes ao Workshop. Laércio de Sequeira, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), disse que o CTBE precisa de segurança institucional para garantir que os projetos tenham continuidade independentemente de mudanças na direção do Laboratório ou no volume de recursos recebidos do Governo Federal e agências de fomento. Para ele, a iniciativa privada precisa estar ciente da quantidade de recursos que o Laboratório dispõe para atividades em parceria com instituições de pesquisas terceiras.
Já Naldo Dantas, secretário-executivo da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) sugeriu que o documento apresentado pelo CTBE seja menos restritivo em alguns pontos, como na divisão de resultados dos trabalhos conjuntos. “Parceria com o setor industrial é algo que precisa de espaço para negociação. Se você engessa muito as regras, a indústria não consegue participar”, comentou Dantas.
Ao final do Workshop, instituições ligadas ao Governo Federal trouxeram seus comentários ao debate. Demétrio Antônio da Silva Filho, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), explanou sobre a falta de incentivo a pesquisadores brasileiros que trazem recursos privados para universidades e instituições públicas de pesquisa. Em sua passagem pelo estado da Geórgia, nos Estados Unidos, ele descobriu que lá o salário de um professor varia de acordo com a quantidade de recursos externos trazidos para a instituição. “No Brasil, quem faz isso aumenta duas coisas: o ego e a dor de cabeça na prestação de contas”, brinca Silva Filho.
O processo de avaliação dos procedimentos que regem o relacionamento do CTBE com a indústria será finalizado em julho, após aprovação final pelo Conselho de Administração do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), entidade que administra o Laboratório para o MCT.