Correio Popular, em 12/01/2013
Uma área de 150 mil metros quadrados, no valor de R$ 23,4 milhões, será desapropriada pelo governo do Estado dentro do polo de alta tecnologia de Campinas, o Ciatec 2, para a construção do Sírius, uma fonte de luz síncrotron de terceira geração que permitirá obter com detalhes imagens em resolução 10 mil vezes maior que um aparelho de raio X e dez vezes mais brilhante que a produzida atualmente no mundo por países que detêm a tecnologia. A nova fonte deverá estar pronta em 2016 e vai exigir investimentos de R$ 467 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI).
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) informou que os recursos foram suplementados na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e que decretou interesse de utilidade pública da área que será utilizada no final de dezembro.
“A desapropriação será feita nas próximas semanas. Esse é um projeto de grande importância para nós porque dará competitividade ao País em áreas estratégicas de pesquisas”, afirmou Alckmin ao Correio.
A luz proporcionará a realização de pesquisas nas áreas de nanociências, biologia molecular estrutural — que é a base para o desenvolvimento de fármacos — materiais avançados e também de energias alternativas.
As obras de terraplenagem do terreno a ser desapropriado pelo Estado em Campinas estão previstas para iniciar este ano, informou o diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), Antônio José Roque da Silva. Segundo ele, essa será a primeira fonte de luz síncrotron de terceira geração do Hemisfério Sul, aberta aos pesquisadores do Brasil e do Exterior.
A fonte irá operar com 3,0 gigaelétron-volts (GeV) de energia e terá muito mais brilho que a fonte atual, que entrou em operação em 1997.
De acordo com o diretor, o projeto executivo do prédio foi contratado no ano passado e estará pronto entre maio e junho.
Os projetos dos aceleradores de elétrons (serão três), afirmou Silva, estão bem avançados e serão os melhores síncrotrons do mundo.
“Os projetos das linhas de luz estão sendo feitos e já temos protótipos de vários componentes prontos. Estamos buscando parcerias com empresas nacionais para fabricação de parte desses componentes”, disse.
Verbas
Os recursos para a implantação do Sírius virão do Ministério de Ciência e Tecnologia, que está em negociação com a Petrobras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo de Apoio à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) para que participem dos investimentos.
Esse síncrotron terá tecnologia brasileira e uma fração significativa dos equipamentos será feita no Brasil, informou o diretor do laboratório. “Dentro do projeto estamos fazendo a infraestrutura interna necessária, concluindo alguns prédios e vamos fazer, agora, um estudo do protótipos do piso para a área onde o anel será construído”, afirmou Silva.
O diretor do LNLS explicou ainda que o piso do espaço reservado às pesquisas terá isolamento em relação à vibração. “É o piso mais sofisticado já feito no Brasil em características
de precisão de amplitude de vibração, e também de requisitos técnicos”, afirmou.
Mercado
O laboratório de luz síncrotron tem 16 “estações experimentais” (como são chamadas essas linhas) que servem a diversos estudos de instituições científicas e também de indústrias — Petrobras e Natura, por exemplo, são algumas das empresas que utilizam o espaço em suas pesquisas.
Os síncrotrons são aceleradores de elétrons que, na fase de aceleração, produzem raios de luz de frequências distintas, cada uma útil para um tipo de aplicação que pode envolver estudos de estruturas em escala atômica, molecular e microscópica. O síncrotron de terceira geração tem capacidade de produzir figuras tridimensionais de partículas.
Repercussão: Investe São Paulo, Ciatec,