Valor Econômico, 19 de junho de 2018
A presidente da Boeing na América Latina, Donna Hrinak, disse que as negociações para uma sociedade com a Embraer “estão progredindo” e atravessam “um bom momento”. Mas a executiva destacou que ainda não pode estabelece prazos para uma definição. “Não posso falar mais que isso. Até porqu conversa envolve três partes”, afirmou, referindo-se ao governo brasileiro. Boeing e Embraer negociam uma combinação de negócios, em que por meio de uma joint venture vão desenvolver, produzir e comercializar jatos comerciais.
Donna Hrinak participou em São Paulo de um evento sobre biocombustível. Mas nem ela nem o vice-presidente de tecnologia da Embraer, Daniel Moczydlower, também presente ao evento, quiseram comentar o estágio atual negociação. A proposta inicial da americana era comprar o controle da Embraer. Mas o governo brasileiro, que detém um ação com direito a veto no capital da fabricante brasileira, colocou-se contra, alegando preocupação de preservar sob domínio nacional as áreas de defesa e segurança da companhia baseadas em São José dos Campos (SP).
Assim, Boeing e Embraer partiram para um novo modelo de negócio por meio do qual criam uma joint venture na qual a americana terá 80% e a brasileira 20%. Segundo o Valor apurou na semana passada com fontes que acompanham as negociações, faltam detalhes finais para o negócio ser fechado de forma que o governo aceite as condições. Entre esses detalhes estão as condições de preços para os ativos que serão incluídos na joint venture e a participação econômica nos resultados da nova empresa que Boeing e Embraer terão.
A qualificação do corpo de engenheiros da Embraer – com cerca de cinco mil profissionais – que desenvolveu menos de meia década uma nova geração de jatos comerciais E2, é um dos ativos que mais atraem a Boeing empresa americana quer ter produtos do segmento de jatos para passageiros com capacidade para menos de 150 assentos, no qual a Embraer é líder mundial.
Sustentável
Hrinak destacou a parceria de longa data que as duas empresas já possuem, inclusive na pesquisa e desenvolvimento de formas alternativas para combustível de aviação. A iniciativa que envolve Embraer e Boeing é o Centro Conjunto de Pesquisa em Biocombustíveis Sustentáveis de Aviação, criado em 2015, com o objetivo de desenvolver e amadurecer o conhecimento e tecnologias que possibilitem o estabelecimento da cadeia de biocombustíveis sustentáveis para a aviação.
A executiva destacou que embora atue em pesquisas relacionadas a esse tema em vários lugares do mundo, apenas no Brasil a companhia americana tem uma parceria contratual com uma outra empresa local, no cas
Embraer. Juntas, as empresas desenvolvem testes em uma aeronave, o Ecodemonstrador, na qual compartilham experiências e investimentos para que o biocombustível possa ser utilizado em larga escala pela indústria de aviação. “O Brasil tem condições para assumir a liderança nesse processo”, disse ela a uma plateia de especialistas e empresários no evento organizado pela União Brasileira do Biocombustível e Bioquerosene (Ubrabio), em São Paulo.
Em parceria com o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) foi desenvolvido um estudo para a criação de biorrefinarias a partir de usinas de cana-de-açúcar, utilizando três rotas já homologadas para biocombustíveis. A indústria aeronáutica assumiu o compromisso de reduzir seu impacto ambiental e estabeleceu metas ambiciosas para atingir um crescimento neutro em carbono até 2020 e para reduzir emissões de dióxido de carbono em 50% até 2050, quando comparado aos níveis de emissão de 2005. Hoje, a indústria gera aproximadamente 2% das emissões de dióxido de carbono no planeta.
Repercussão: G1, América Economía, BOL Notícias