SBPMat em 21/10/2016
LINK: https://sbpmat.org.br/pt/xv-b-mrs-meeting-xv-encontro-da-sbpmat-relato-multimidia/
O amplo e variado leque de atividades do programa foi sem dúvida um dos destaques da décima quinta edição do evento anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais, o XV B-MRS Meeting. O comitê organizador do evento, liderado pelas professoras Ana Flávia Nogueira (IQ-Unicamp) e Mônica Alonso Cotta (IFGW-Unicamp), imaginou e viabilizou um programa técnico composto por tutoriais, visita a laboratórios, palestras plenárias, painéis de discussão, apresentações orais, sessões de pôsteres, palestras de empresas e exposição de estandes.
Chairlady do evento Mônica Cotta: diversidade de temas e formatos ao longo de jornadas de 11 horas.
A proposta foi aceita maciçamente e com entusiasmo pelos participantes do evento, que lotaram auditórios, corredores e área de expositores do centro de convenções Expo D. Pedro, na cidade de Campinas (SP), para conhecer, apresentar e discutir recentes avanços e perspectivas da Ciência e Engenharia de Materiais entre 25 e 29 de setembro deste ano. O número de inscritos (cerca de 1.800) superou as expectativas da organização, dado o atual contexto brasileiro de escassez de recursos.
Ana Flávia Nogueira, chairlady: agradecimentos e satisfação com os resultados obtidos num contexto difícil.
As diversas apresentações e as interações ao longo do evento ocorreram principalmente em idioma inglês, porém os mais diversos sotaques puderam ser ouvidos. De fato, o evento contou com participantes de 23 países dos continentes americano, europeu e asiático. A internacionalização também esteve presente na organização do encontro, por meio de coordenadores de simpósios da Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Portugal e Suécia, além, é claro, do Brasil.
As diversas apresentações e as interações ao longo do evento ocorreram principalmente em idioma inglês, porém os mais diversos sotaques puderam ser ouvidos. De fato, o evento contou com participantes de 23 países dos continentes americano, europeu e asiático. A internacionalização também esteve presente na organização do encontro, por meio de coordenadores de simpósios da Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Portugal e Suécia, além, é claro, do Brasil.
Nas diversas sessões, foram abordados avanços e perspectivas relativos a diversos tipos de materiais (nanomateriais, biomateriais, materiais bidimensionais, superfícies e interfaces, materiais orgânicos eletrônicos, eletrocerâmicas, metais avançados, nanocelulose, semicondutores e supercondutores, entre outros). Não apenas pesquisa, mas também tecnologia e inovação em Materiais estiveram presentes ao longo das apresentações e discussões, abrangendo métodos para descoberta de novos materiais, processos de fabricação, estudos sobre estrutura e propriedades dos materiais e técnicas experimentais e teóricas para realizá-los. Abundaram também as referências às aplicações dos materiais em segmentos como energia, saúde, transporte, embalagens, eletrônica e fotônica, entre outros, inclusive mediante apresentação de casos em que a pesquisa e o desenvolvimento geraram inovação. Nesses momentos, ficou evidenciada a forte relação da pesquisa em Materiais com o crescimento econômico dos países, com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e com a preservação dos recursos naturais do planeta.
Osvaldo N. de Oliveira Jr, presidente da SBPMat: conexão da pesquisa em Materiais com a sociedade está mais forte que nunca.
Aliás, a sustentabilidade orientou os organizadores do evento na opção por não imprimir os livros programas nesta edição do encontro. Em vez disso, os participantes contaram com uma boa conexão à Internet e um aplicativo que podia ser baixado em dispositivos móveis a partir de um código QR na entrada do centro de convenções ou, ainda, nas lojas virtuais de Google e Apple. O app também incluiu um leitor de código QR por meio do qual os participantes podiam obter rapidamente os resumos dos trabalhos apresentados nas sessões de pôsteres.
O XV B-MRS Meeting contou com apoio das agências de financiamento Capes, CNPq e Fapesp, além de outras entidades, e com patrocínio das empresas expositoras.
TUTORIAIS E VISITA AO CNPEM NO DOMINGO À TARDE
A intensiva programação começou no domingo 25 de setembro à tarde, antes mesmo da abertura do evento, com dois tutoriais. Durante cerca de 3 horas, mais de 200 participantes aprenderam sobre pesquisa de alto impacto, em particular, publicação de artigos científicos, com as dicas do professor Valtencir Zucolotto (IFSC-USP). Autor de mais de 140 papers publicados em periódicos internacionais, com mais de 4.000 citações segundo o Google Scholar, Zucolotto desenvolveu e ministra cursos nesse tema no Brasil e no exterior.
Em paralelo, em outra sala do centro de convenções, cerca de 30 participantes debruçados sobre seus laptops recebiam um treinamento teórico-prático em simulações computacionais, guiados pelos professores Pedro Autreto (UFABC) e Ricardo Paupitz (UNESP).
Enquanto os tutoriais ocorriam no Expo D. Pedro, a uns 10 quilômetros dali, um terceiro grupo de participantes do XV B-MRS Meeting, composto por pesquisadores seniores do Brasil e do exterior, visitou os laboratórios multiusuário de luz síncrotron, nanotecnologia e biociências, abertos à comunidade científica mundial, que compõem o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O grupo também percorreu as obras do Sirius, que será a segunda fonte de luz síncrotron de quarta geração do mundo quando for inaugurada, antes do final da década.
ABERTURA, HOMENAGENS E COQUETEL NO DOMINGO À NOITE
No fim da tarde, às 19:30 horas, cerca de 700 pessoas ocupavam a sala maior do centro de convenções para participar da sessão de abertura oficial do evento. “Encontros como este são comemorações daquilo que cientistas e tecnólogos podem fazer pelo mundo, pela humanidade”, disse o presidente da SBPMat, abrindo formalmente o XV B-MRS Meeting, pouco depois das 19:30 horas desse mesmo domingo. No palco, além do professor Novais de Oliveira, compunham a mesa as chairladies do evento, e, representando a International Union of Materials Research Societies (IUMRS) enquanto segundo vice-presidente, o professor Roberto Mendonça Faria (IFSC-USP). Os membros da mesa agradeceram os organizadores e apoiadores, desejaram um bom evento aos participantes e deram algumas informações sobre o evento.
Na sequência, na mesma sala, ocorreram homenagens a dois cientistas que, além de terem participado ativamente da história da SBPMat, desenvolveram trabalhos de impacto internacional no campo dos Materiais. O primeiro homenageado foi o professor José Arana Varela, falecido em maio passado aos 72 anos. Varela, que deixou importantes contribuições na área de materiais cerâmicos (eletrocerâmicas, filmes finos, cerâmicas nanoestruturadas, aplicações como sensores e varístores, entre outras), foi um dos fundadores e presidentes da SBPMat. Um ex-aluno e amigo de Varela, o professor Edson Roberto Leite (UFSCar) proferiu uma apresentação sobre a carreira científica do ex-orientador, destacando seu pioneirismo, sua articulação e reconhecimento internacional e seu sucesso na colaboração com empresas. Com ajuda de slides recheados de fotografias, Leite destacou também “o maior legado de Varela: os amigos e ex-alunos que continuam seu trabalho”. De fato, no dia seguinte, vários desses ex-alunos – amigos reunidos em um dos simpósios do evento (“X Brazilian Electroceramics Symposium – In Honor to Prof. Dr. Jose Arana Varela”) também fizeram uma homenagem ao mestre, que foi professor da UNESP.
Antes de passar à outra homenagem da abertura do evento, o professor Novais de Oliveira Junior tomou a palavra para anunciar que a SBPMat lançaria em breve seu novo site e mostrou uma versão demo do mesmo. Uma das propostas do site é dar destaque a imagens científicas produzidas pela comunidade de Materiais, colocando-as como plano de fundo em todas suas páginas, explicou o presidente da sociedade, que logo convidou os presentes a enviarem suas imagens.
A segunda homenagem da noite foi uma distinção que a SBPMat outorga anualmente a cientistas de trajetória destacada, aos quais se solicita que profiram uma palestra (a Palestra Memorial “Joaquim da Costa Ribeiro”). Nesta oportunidade, o cientista eleito foi o professor Aldo Craievich (IF-USP). Argentino, Craievich desenvolveu sua carreira de pesquisador principalmente no Brasil e na França. Além de ter feito relevantes contribuições ao estudo de estruturas e transformações estruturais de sólidos, o cientista foi um dos protagonistas do projeto, construção e funcionamento do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), localizado no CNPEM, cujos recursos para pesquisa têm impactado a comunidade de Materiais internacional – principalmente a latino-americana. Craievich também participou do processo de criação da SBPMat desde o início.
Na sua palestra memorial sobre caracterização avançada de materiais, o professor Craievich chamou a atenção para uma limitação de uma das técnicas mais utilizadas para determinar a estrutura dos materiais, a difração de raios X. Numa perspectiva histórica, o homenageado comentou as importantes descobertas conseguidas ao longo de mais de 100 anos de uso da difração de raios X. Entretanto, os resultados obtidos por meio dessa técnica, explicou Craievich, mostram apenas a média de muitos dados captados em diversos locais da amostra e em momentos sucessivos. Por isso, a difração de raios X não consegue descrever situações que estão fora da média, mas têm grande influência nas propriedades dos materiais: os defeitos do material e as configurações formadas por átomos em movimento por curtíssimos instantes. Essas limitações, comentou Craievich, começaram a ser superadas com o uso de fontes de raios X de quarta geração (por exemplo, fontes sincrotron como o Sirius) e de quinta geração (como o laser de elétrons livres). No final de uma apresentação muito abundante em referências científicas, o professor utilizou uma história em quadrinhos do famoso autor argentino Quino para instigar os futuros usuários de fontes avançadas de raios X a inovarem nos experimentos, e compartilhou por meio de fotos algumas lembranças pessoais. Veja aqui a apresentação de Aldo Craievich.
Por volta das 20:45 horas, finalizadas as homenagens e as apresentações, do outro lado das portas da grande sala, música, comida e bebida aguardavam o público. A música ficou por conta do grupo Bate Lata, composto por crianças e adolescentes ligados a um programa de inclusão sociocultural por meio da música. Os jovens músicos cantaram e tocaram versões de músicas brasileiras populares muito conhecidas, usando alguns instrumentos tradicionais e outros fabricados por eles mesmos a partir de sucata (varal de roupa, tambor de óleo). O cardápio do coquetel (caldo de feijão, coxinhas, croquetes, cerveja gelada e refrigerantes) completou o clima de bar paulista. A confraternização propiciou muitos encontros e reencontros, que prenunciaram o clima de interação e camaradagem que reinaria até o final do evento.
SESSÕES ORAIS E PÔSTERES (SIMPÓSIOS) E EXPOSITORES.
Entre e a segunda e a quinta-feira, mais de 2.000 trabalhos foram apresentados por seus autores (desde estudantes de graduação até pesquisadores seniores), dentro dos 20 simpósios temáticos, em forma de pôsteres, apresentações orais e palestras convidadas. Público numeroso e muita discussão caracterizaram tanto as sessões orais quanto as de pôsteres.
A programação do evento incluiu também 2 workshops, compostos principalmente por palestras convidadas. Um deles foi totalmente organizado por estudantes dos University Chapters da SBPMat. No outro, discutiu-se desenvolvimento sustentável de materiais com aplicações em áreas de impacto social.
A presença de expositores foi recorde na história dos encontros da sociedade: foram 43 empresas e instituições divulgando seus produtos e serviços (a maioria, instrumentos científicos) em estandes e em 12 palestras técnicas.
Coffee breaks de manhã e de tarde: participantes repõem energias com café, suco e doces quitutes, enquanto interagem entre si e com os expositores.
PAINEIS DE DISCUSSÃO NO HORÁRIO DO ALMOÇO
No horário habitualmente destinado ao almoço, das 12:00 às 14:00 horas, foi possível, nesta edição do evento, alimentar o corpo e, ao mesmo tempo, nutrir o intelecto com as discussões que ocorreram nos painéis de discussão.
A questão da escrita e publicação científica, que tinha sido abordada no domingo à tarde, foi retomada na terça-feira, no horário do almoço. A sessão, chamada “Meet the editors” consistiu num painel de discussão que reuniu editores-chefes e um diretor de revistas científicas da área para falar sobre publicação de artigos científicos. Os painelistas foram: Ifor Samuel (editor-chefe da Synthetic Metals, da editora Elsevier, primeiro periódico dedicado à eletrônica orgânica), Paul Weiss (editor-chefe da ACS Nano, da editora da American Chemical Society, fator de impacto 13,334), Susan Sinnott (editora-chefe da Computational Materials Science, da Elsevier) e Tim Smith (diretor na editora do Institute of Physics, IOP). Enquanto o público, formado por cerca de 80 pessoas, degustava os salgados, doces, sucos e frutas oferecidos pelo IOP, os editores apresentaram brevemente os periódicos que chefiam e Tim Smith falava sobre o conjunto de publicações da IOP Publishing na área de Materiais. Smith comentou que esse grupo de revistas registrou um aumento de 560% nos downloads de artigos feitos a partir do Brasil nos últimos 10 anos. Ele também anunciou que a IOP Publishing realizará um projeto-piloto (experimental) de revisão por pares em modo duplo cego de janeiro a dezembro de 2017, como opção para autores da revista Materials Research Express. Nessa modalidade, os nomes e filiações dos autores são retirados dos artigos antes de enviá-los aos revisores. O projeto, contou Smith, será realizado em resposta a demandas de setores das comunidades de Materiais e Biociências. Um dos temas centrais das falas dos painelistas foi o das dicas para autores que desejam ter seus artigos publicados (veja no box abaixo). No final da sessão, os painelistas responderam às diversas indagações do público.Na segunda-feira, a sessão, organizada pela campanha “Research in Germany” do governo alemão, que também patrocinou os lanches, foi voltada à apresentação de oportunidades de pesquisa na Alemanha. Cerca de 80 participantes, sentados ao redor de mesas redondas, assistiram a apresentações da agência alemã de intercâmbio acadêmico (DAAD), do Research in Germany e de pesquisadores que trabalham ou trabalharam em instituições da Alemanha. Inicialmente, foi apresentado o panorama do robusto sistema de ensino e pesquisa da Alemanha (milhares de instituições diversas para fazer pesquisa, cerca de 2,5 a 2,8% do PIB investido em P&D, 600 mil pessoas trabalhando nesse segmento), no qual vem crescendo o número de pesquisadores estrangeiros na última década – número que já supera os 50 mil. Também foram mostradas diversas opções de bolsas e outros recursos que podem ser utilizados por acadêmicos do Brasil de todos os níveis de formação para desenvolver projetos de pesquisa na Alemanha, bem como links onde encontrar mais informações. Finalmente, pesquisadores da Alemanha falaram brevemente sobre suas instituições e grupos de pesquisa (em materiais avançados, materiais para eletrônica e optoeletrônica e medicina/biomateriais). O “Science Lunch”, como se denominou esta sessão, finalizou num formato muito participativo: público e oradores conversando, quiçá sobre possíveis colaborações, sentados às mesas redondas. Seis arquivos das apresentações desta sessão estão disponíveis no Slideshare da SBPMat.
Na discussão da quarta-feira, o assunto foi a contribuição da pesquisa em Materiais à geração de inovações tecnológicas e de competitividade nas empresas. O tema foi abordado por meio da apresentação de casos brasileiros em que inovações são geradas a partir de projetos de pesquisa e desenvolvimento realizados em colaboração por universidade e empresas industriais. O painel foi coordenado por um estudioso da inovação tecnológica, o professor Ruy Quadros (Instituto de Geociências, Departamento de Política Científica e Tecnológica, Unicamp). Quadros abriu a sessão comentando que, nos últimos 15 anos, num processo lento e contínuo, as empresas no Brasil têm ficado mais inovadoras. Porém, disse o professor, os recursos para inovação (inclusive os culturais) nas empresas ainda são incipientes, daí o importante papel da pesquisa pública no processo. Em seguida, o líder de gestão da inovação da Mahle, André Ferrarese, mestre em Engenharia Mecânica pela USP, apresentou a empresa: uma multinacional fornecedora de sistemas do segmento automotivo, que possui 11 centros de tecnologia no mundo (com 1.950 funcionários), dos quais, um se encontra no Brasil, na cidade de Jundiaí (SP). Para lançar uma média de 4 novos produtos por ano, a empresa inicia o processo de inovação com cerca de 130 novas ideias, as quais se transformam em 23 projetos. Ao longo do processo, a Mahle colabora com diversos atores internacionais: institutos de pesquisa, universidades, fornecedores… Ferrarese apresentou, em particular, o caso brasileiro de um consórcio no qual a Mahle participa, dedicado à pesquisa pré-competitiva (fase de geração de conhecimento e desenvolvimento de tecnologia, anterior ao desenvolvimento de produtos). O Tribo-Flex (nome do consórcio que alude a seu tema de estudo, a Tribologia dos motores flex) reúne empresas do ramo automotivo, inclusive concorrentes diretas como Fiat, Renault e Volkswagen, instituições de pesquisa e a Fapesp. O objetivo é gerar e disseminar conhecimento científico sobre temas de interesse das empresas. No contexto do consórcio, foram realizados estudos experimentais e teóricos, testes, cursos, apresentações em eventos científicos, publicação de artigos… As origens do consórcio, contou Ferrarese, remontam ao ano 2009, quando, num contexto de crise internacional, alguns funcionários da Mahle aproveitaram a redução de jornada que lhes foi imposta para frequentarem uma vez por semana a universidade. A convivência entre pessoas da indústria e da academia transformou-se em troca de desafios, depois em propostas e finalmente em projetos que já apresentam resultados significativos na redução do atrito entre componentes dos motores, além de estarem formando mestres e doutores que poderão fazer a ponte entre indústria e academia com eficiência. Veja aqui a apresentação.
A segunda empresa representada no painel foi a Braskem, também multinacional, porém nascida no Brasil em 2002. Maior petroquímica das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros, a empresa conta com mais de 300 pessoas trabalhando na área de inovação, orientadas por um conselho internacional de cientistas especialistas em áreas relevantes para a empresa, e já gerou mais de 900 patentes. Vinícius Galhard Grassi, líder de Ciência de Polímeros na empresa, com mestrado em Engenharia de Materiais e doutorado em Química pela UFRGS, defendeu no painel do XV B-MRS Meeting que tanto a universidade quanto a empresa são necessárias para que aconteça a inovação. “Cada um faz sua parte”, disse ele, mostrando num slide a participação de cada ator nos diversos estágios dentro das etapas do processo de inovação (descoberta, pesquisa básica e aplicada, desenvolvimento de produto e produção). Empresas precisam visar ao lucro e não podem, apenas, fomentar a ciência, acrescentou Grassi. Assim, competências e recursos que seria muito oneroso ter internamente, como serviços de caracterização avançada e conhecimento de fronteira, são contratados da universidade, onde já existem. Grassi também apresentou uma série de projetos de inovações da Braskem em diversos estágios de desenvolvimento: plásticos que se autoconsertam, embalagens poliméricas inteligentes e uma nova resina de polipropileno para produção de espumas, que acaba de ser lançada após 10 anos de projeto.
A terceira e última apresentação do painel de discussão foi a do professor Milton Mori, diretor executivo da agência Inova Unicamp. Mori contou um pouco da história e dos resultados da agência, que se dedica a identificar e promover oportunidades de estímulo à inovação e ao empreendedorismo. A agência oferece auxílio a pesquisadores nas parcerias com empresas, apoio no processo de patenteamento de invenções e na sua divulgação e licenciamento, cursos, premiações e competições, e administra o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Fundada em 2003, a Inova conta com um portfólio de mais de mil patentes (sendo 13% das tecnologias de coautores da Unicamp e de empresas). Mori também destacou as empresas filhas da Unicamp (como outra maneira de transformar conhecimento gerado na universidade em inovação), as quais, atualmente, geram cerca de 22 mil empregos, segundo os cálculos da Inova.
FESTA
Os participantes do encontro começaram a chegar pouco depois das 21:00 horas, mas a festa começou mesmo só depois da chegada do presidente da SBPMat, pouco antes das 23:00 horas. De fato, o professor Osvaldo Novais de Oliveira Junior mostrou que sua expertise não é apenas em ciência, mas também em festas. Assim que o professor conversou com o DJ, a festa se animou e várias pessoas “caíram no forró”.Na noite da quarta-feira, cerca de 200 participantes do encontro congregaram num contexto diferente: a festa do evento. O local escolhido foi o Rudá, um bar e casa de dança que costuma ser frequentado por estudantes – tribo que abunda em Campinas e, particularmente, em Barão Geraldo, que sedia várias instituições de ensino superior.
A festa foi prestigiada principalmente por estudantes do encontro, mas alguns professores, inclusive palestrantes de plenárias, também marcaram presença.
PALESTRAS PLENÁRIAS
Um dos destaques do evento foram suas sete palestras plenárias, nas quais cientistas que são expoentes internacionais em seus temas de pesquisa discorreram sobre temas que estão na fronteira do conhecimento, abrangendo desde pesquisa básica até produtos que já estão no mercado. Para satisfação de plenaristas e organizadores do evento, todas as plenárias foram assistidas por auditórios cheios, compostos por cerca de 600 pessoas.
A primeira plenária do evento foi proferida na segunda-feira a partir das 8:30 horas pela professora Elvira Fortunato, diretora do Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT) da Universidade de Nova Lisboa (Portugal). Entre muitos prêmios importantes, a professora recebeu, neste ano, o prêmio Blaise Pascal Medal for Materials Science a Academia Europeia das Ciências (EURASC). A palestra da pesquisadora portuguesa se centrou em dois materiais para transístores, alternativos ao silício (normalmente usado tanto como semicondutor quanto como isolante), mais amigáveis com o meio ambiente e com algumas vantagens adicionais. Em primeiro lugar, Fortunato referiu-se aos óxidos metálicos, como o IGZO e o ZTO. Além de apresentarem um excelente desempenho como semicondutores, explicou a pesquisadora, esses materiais oferecem alta transparência – muito almejada para uso em displays -, entre outras vantagens. Óxidos metálicos já fazem parte de protótipos de telas que estão no mercado e, ao mesmo tempo, continuam sendo objeto de estudo para diminuir seu custo de fabricação. O segundo material alternativo apresentado pela palestrante foi nada menos do que o papel, com o qual ela desenvolveu o premiado transístor de papel, onde a celulose funciona não apenas como suporte, mas também como isolante. Flexível, leve, reciclável e barato, o Paper-e® abre inúmeras possibilidades de aplicação, desde biossensores fabricados numa impressora comum até embalagens eletrônicas inteligentes que, conectadas à chamada “internet das coisas”, atualizam automaticamente as informações que exibem. Para tornar o processo de fabricação do papel mais verde e mais rápido, o grupo do CENIMAT conta com a ajuda de bactérias. Trabalhando em vinagre durante dois ou três dias, elas produzem uma nanocelulose que pode ter propriedades diferenciadas com relação à celulose vegetal, como a almejada transparência. Veja aqui a apresentação de Elvira Fortunato.
A plenária da tarde da segunda-feira, proferida pelo professor Lei Jiang (do Instituto Técnico de Física e Química da Academia Chinesa de Ciências), versou principalmente sobre estados extremos de molhabilidade, como a superhidrofobicidade, uma área em que o número de publicações cresceu radicalmente na última década. Jiang começou sua fala com uma introdução sobre seu modo de fazer pesquisa, que pode se resumir a aprender da natureza, observando-a e extraindo dela princípios simples (descoberta) para depois imitá-la (invenção) e, finalmente, transferir esse conhecimento à indústria. Com ajuda de microscópios e outros equipamentos relativamente simples, Jiang e seus colaboradores têm analisado a estrutura, em diversas resoluções micro e nanoscópicas, de superfícies de plantas e animais naturais que, em contato com água ou óleo, apresentam propriedades interessantes para o ser humano. Exemplos: os olhos antinévoa dos mosquitos, as folhas de arroz e de lótus que não se molham nem sujam, as asas da borboleta nas quais a água flui apenas em determinadas direções, as teias de aranha e os cactos que coletam e armazenam água com eficiência, as escamas de peixes com comportamento superoleofóbico debaixo da água. Inspirado nessas estruturas, Jiang projeta e desenvolve materiais (polímeros, filmes finos cerâmicos, hidrogéis, cristais fotônicos, entre outros) e dispositivos muito úteis (sistemas para coleta de água, para purificação de água ou para geração de eletricidade, entre muitos outros). Essas descobertas e invenções já renderam à Jiang e equipe uma coleção de patentes e de publicações em periódicos com alto fator de impacto, como Nature, Nature Materials, Angewandte Chemie, Advanced Materials, Accounts of Chemical Research, Small e Journal of the American Chemical Society, entre outros. Além disso, várias das invenções já circulam na sociedade, fora dos laboratórios, como as gravatas e lenços chineses hidro e oleofóbicos, que permanecem sempre limpos; os vidros instalados em prédios públicos de Pequim que se limpam sozinhos graças a sua superfície superhidrofílica; sistemas de separação água-óleo que percorrem os mares do mundo em mais de 700 navios, e até um sistema de impressão inovador, já utilizado para imprimir jornais, baseado em materiais com molhabilidade especial. Nos países em desenvolvimento, a pesquisa, inclusive a básica, deve cumprir um papel no crescimento econômico, disse Jiang na palestra, referenciando um artigo sobre o assunto do físico brasileiro José Goldemberg, publicado na Science em 1998. Durante a palestra, o cientista chinês se referiu ainda a um princípio observado na natureza em diversas obras filosóficas orientais e ocidentais ao longo da história da humanidade (dialética, ying yang, i ching), o dos sistemas binários cujos elementos cooperam entre si. Para que essa interação ocorra, dando lugar a um novo fenômeno, disse Jiang, os elementos devem se encontrar a uma distância determinada, a distância de cooperação, a qual deve ser considerada no design de materiais inteligentes.
Na terça-feira, o programa do evento começou com a palestra plenária sobre modelagem computacional em escalas nano e atômica da professora Susan Sinnot, chefe do departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Penn State University (EUA) e editora-chefe do periódico Computational Materials Science (Elsevier). Ao longo da apresentação, Sinnott relacionou os métodos disponíveis e compartilhou exemplos de seu uso em pesquisas sobre fases MAX, superligas baseadas em níquel, interfaces cobre-óxido de silício e deformação de metais. A palestra mostrou que os métodos computacionais ajudam a explicar o comportamento experimental dos materiais, conseguem fazer predições sobre suas propriedades, auxiliam na descoberta de novos materiais, são fundamentais para projetar materiais “sob medida” para determinadas aplicações e, ainda, indicam os melhores caminhos para fabricá-los. No final da palestra, a professora Sinnott relacionou algumas limitações a superar para aprimorar a ciência computacional de materiais e ampliar seu uso, não apenas no meio acadêmico, como também na indústria. Por exemplo, tornar as barras de erro mais precisas e mais padronizadas, e conseguir uma maior integração de processamento, caracterização e simulação de materiais. Veja aqui a apresentação de Susan Sinnott.
Um cientista brasileiro, professor da UFMG e dono de um dos índices H mais altos do Brasil (75) foi o plenarista da tarde da terça-feira. Ado Jorio falou sobre uma das suas especialidades, a caracterização de nanoestruturas de carbono por técnicas ópticas (principalmente espectroscopia Raman), as quais, simplificou Jorio, consistem em jogar luz na matéria e medir o que acontece nessa interação. Nessas técnicas, a luz seria a sonda que, em contato com a matéria, a investiga. Porém, o comprimento de onda da luz é de, no mínimo, centenas de nanômetros maior do que o objeto de estudo. Essa característica limita a pesquisa… ou apresenta oportunidades para ir além. Ao longo da apresentação, o professor Jorio mostrou uma série de resultados obtidos, a partir do início deste século, no estudo de nanoestruturas de carbono, muitos deles conseguidos mediante o aprimoramento da instrumentação. Depois de compartilhar dicas para poder espionar a minúscula intimidade das estruturas de carbono por meio de técnicas ópticas, Jorio comentou uma interessante ramificação de seu trabalho de pesquisa. Ele tem participado de estudos sobre a “terra preta de índio”, encontrado na Amazônia brasileira, cuja terra é geralmente muito pobre. Esse solo, porém, apresenta altíssima fertilidade, graças à presença de materiais de carbono, que permaneceram estáveis por centenas de anos. Usando técnicas de caracterização do campo da nanociência, Jorio e seus colaboradores encontraram particularidades no tamanho dos grãos desses materiais de carbono. Esses resultados podem ajudar a desenvolver em laboratório uma nova terra preta que pode ser usada não apenas na agricultura, mas também como forma de armazenar carbono sequestrado da atmosfera, onde seu excesso é responsável pelo aquecimento global. Veja aqui a apresentação de Ado Jorio.
Na manhã da quarta-feira, a sala das plenárias recebeu o público com uma bela fotografia de uma aurora boreal no céu de St. Andrews (Escócia) projetada nos telões. A imagem antecipava, de alguma maneira, que o palestrante, Ifor Samuel, era professor da antiquíssima Universidade de St. Andrews (fundada em 1.413) e que a palestra teria bastante a ver com luz, especificamente com o uso que o ser humano faz dela por meio de dispositivos optoeletrônicos. A Optoeletrônica, disse Samuel, é uma área que aproveita a capacidade de alguns materiais de converter elétrons em luz e luz em eletricidade, para criar dispositivos. Na Optoeletrônica Orgânica, a base desses dispositivos são os polímeros conjugados, materiais orgânicos que podem conduzir eletricidade. A descoberta e desenvolvimento desses polímeros, comentou Samuel, foi objeto do Prêmio Nobel de Química do ano 2000. Semicondutores orgânicos apresentam interessantes características comparados com os convencionais. São flexíveis e leves, são fabricados por meio de processos simples e baratos, suas propriedades podem ser ajustadas mudando sua estrutura e, além disso, emitem luz. Com essas características, encontram numerosas aplicações, algumas das quais já estão no mercado. Uma das mais conhecidas é a tela flexível de OLED, mas muitas outras existem ou mais ainda estão por vir. Na plenária, Samuel apresentou algumas novas aplicações desses materiais, desenvolvidas no Centro de Semicondutores Orgânicos da Universidade de St. Andrews, que ele mesmo dirige. Na área de Biologia e Medicina, o professor Samuel mostrou, por exemplo, um pequeno dispositivo emissor de luz, fino, vestível e descartável, que permite o tratamento ambulatorial de câncer de pele por terapia fotodinâmica. O dispositivo já foi testado em pacientes, com excelentes resultados tanto em termos da cura das lesões quanto no conforto do tratamento. No segmento das comunicações, Samuel enumerou uma série de dispositivos para transmissão de dados por LiFi (um tipo de WiFi que utiliza a parte da luz visível do espectro eletromagnético para transmitir informação a alta velocidade). No campo dos sensores, mostrou lasers poliméricos que detectam explosivos com eficiência. Muitos dos desenvolvimentos de Samuel e seus colaboradores geram patentes, as quais são majoritariamente licenciadas a empresas. Veja aqui a apresentação de Ifor Samuel.
O palestrante da quarta-feira à tarde foi Paul Weiss, Distinguished Professor dos departamentos de Química e Bioquímica e de Materiais da UCLA (EUA) e editor-chefe e fundador da revista científica ACS Nano. Durante a palestra, foi possível apreciar as habilidades desenvolvidas por Weiss, seu grupo de pesquisa e colaboradores para fazer pesquisa experimental com moléculas, visando tanto a compreender sua estrutura e função quanto a controlá-las. Paul Weiss, químico por formação, compartilhou com a audiência uma série de experimentos, nos quais moléculas foram isoladas individualmente, deslocadas, colocadas em ambientes controlados, estimuladas com luz, modificadas, medidas e incentivadas a formarem estruturas automontadas com funções específicas. Essas conquistas científicas ocorreram graças ao conhecimento e à expertise desenvolvidos ao longo de anos de trabalho e de centenas ou milhares de medições realizadas em instrumentos aprimorados pelo grupo. Conhecimento e expertise que também estão auxiliando Paul Weiss a levar adiante um projeto de estudo das funções e disfunções do cérebro junto a uma série de colaboradores – inclusive sua esposa Anne Andrews, responsável por convencê-lo a dedicar esforços a uma abordagem nano e química da neurociência.
Assim como em todas as outras, na última palestra plenária do evento ficou claramente exposta a conexão da pesquisa em Materiais com as necessidades da sociedade. Neste caso, o tema da plenária foram as células solares, dispositivos que produzem eletricidade a partir da luz solar, que é uma fonte de energia renovável, limpa, segura e praticamente inesgotável. O palestrante foi Anders Hagfeldt (um dos cientistas mais citados do mundo, com um índice H de 103), professor da EPFL (Suíça). Existem diversas tecnologias em diferentes estágios de desenvolvimento na área de células solares, e elas se diferenciam, principalmente, pelo material responsável por liberar elétrons em resposta à absorção de fótons. Na plenária, Hagfeldt se referiu a duas tecnologias que ainda estão em fase de pesquisa: as células solares de perovskita (PSCs) e as sensibilizadas por corante (DSSCs). O cientista falou um pouco sobre a história do desenvolvimento de ambas as tecnologias. No caso da DSSCs, a primeira célula celular com boa eficiência na conversão de luz em eletricidade foi realizada em 1991 e atingiu a marca de 7,1%. Hoje, 15 anos mais tarde, a tinta usada ainda é a mesma (não se conseguiu substituí-la) e a eficiência alcançou 14,3%. Esse valor é similar ao do ponto de partida, 4 anos atrás, das PSCs, que hoje alcançam 22,1% de eficiência, porém ainda não apresentam estabilidade. Se, por um lado, as DSSCs não podem substituir tecnologias concorrentes devido a sua baixa eficiência, por outro, sugeriu Hagfeldt, elas poderão se apropriar de alguns nichos onde fazem diferença devido a suas cores, baixo custo e fácil fabricação. De fato, essa foi a tecnologia escolhida para compor kits para fabricação caseira de células solares, distribuídos em escolas secundárias da Suécia, país de origem de Hagfeldt. O palestrante mostrou ainda uma série de tentativas, algumas delas, muito bem-sucedidas, de aumentar eficiência e estabilidade das células solares a partir de inovações na fabricação e composição dos materiais, na estrutura do dispositivo e na combinação de diversos materiais. Veja aqui a apresentação de Anders Hagfeldt.
ENCERRAMENTO NA QUINTA-FEIRA AO MEIO-DIA
A sessão de encerramento da décima quinta edição do encontro anual da SBPMat começou no dia 29 por volta do meio-dia com algumas palavras e slides da professora Mônica Cotta. A chairlady destacou as salas cheias de público, a programação em tempo integral, a alta participação e interação do público e o bom número de participantes – apesar de Campinas não ser um lugar turístico, brincou. Depois de agradecer a todos que colaboraram na organização (equipe da SBPMat, estudantes voluntários) e a todos que participaram do evento, ela lembrou que o próximo encontro da SBPMat será em Gramado (RS) e anunciou que o chairman será o professor Daniel Weibel, da UFRGS.
Na sequência, o professor Osvaldo Novais de Oliveira Junior, representando a SBPMat, e o professor Rodrigo Martins, representando a European Materials Research Society (E-MRS) enquanto ex-presidente, firmaram um acordo de cooperação entre ambas as sociedades, destinado a promover a colaboração científica entre pesquisadores do Brasil e da Europa e, em particular, incentivar a participação de membros da SBPMat nos eventos da E-MRS e de membros das E-MRS nos encontros da SBPMat, tanto como participantes quanto como coordenadores de simpósio.
O evento finalizou em clima de celebração, com a entrega dos prêmios para estudantes autores dos melhores trabalhos do evento. A professora Ana Flavia Nogueira entregou treze prêmios Bernhard Gross, outorgados pela SBPMat à melhor contribuição de cada simpósio. Depois, a professora Cátia Ornelas (Unicamp), chair da divisão brasileira (Brazil chapter) da American Chemical Society (ACS), entregou as distinções da ACS aos cinco melhores trabalhos dentre os vencedores do prêmio Bernhard Gross. Esses estudantes ganharam um prêmio em dinheiro, patrocinado pela ACS, além do certificado. Em seguida, a professora Elvira Fortunato, representando a E-MRS, anunciou os vencedores do prêmio oferecido por essa sociedade aos melhores trabalhos do simpósio B (materiais de nanocelulose). Finalmente, os professores Roberto Faria e Rodrigo Martins, representando a IUMRS enquanto segundo vice-presidente e coordenador de comissão, respectivamente, entregaram os prêmios outorgados por essa entidade aos autores dos melhores pôsteres do evento relacionados ao uso sustentável de matérias primas do Brasil. Além de receberem troféu e certificado, os três ganhadores foram premiados com isenção na inscrição do próximo evento da IUMRS, e o primeiro colocado receberá ainda auxílio para financiar a estadia. Veja aqui a lista completa dos ganhadores dos prêmios.
ATÉ GRAMADO NO XVI B-MRS MEETING! (24 A 28 DE SETEMBRO DE 2017)