Assessoria de Comunicação, em 20/09/2010

A chamada na capa “Intervenção para o vício em glutamina” se refere à dependência de glutamina apresentada pelas células de câncer. A proliferação celular requer nutrientes e energia para garantir a duplicação de sua biomassa, fator essencial para a divisão celular. Assim como a glicose é um nutriente chave para o desenvolvimento do câncer, a comunidade científica tem, cada vez mais, reconhecido a captação e metabolismo do aminoácido glutamina como outro fator crucial para o processo da doença.
O artigo reitera a importância deste aminoácido para o crescimento de células de câncer de mama cultivadas em placas e de linfoma de células B em camundongos. Tanto a retirada deste nutriente quanto a inibição da enzima responsável por seu metabolismo, a glutaminase, leva à diminuição da proliferação celular e da formação de tumor. Indo além, o artigo mostra uma nova via de sinalização que impacta no aumento da atividade da glutaminase em células de câncer. Por fim, um novo composto, com ação inibitória da glutaminase, é proposto como prova de conceito e plataforma para desenvolvimento de um novo fármaco.
O físico Andre Ambrosio e a bióloga Sandra Dias, ambos atualmente vinculados ao LNBio, integraram o grupo chefiado por Richard Cerione durante seus pós-doutoramentos, realizados na universidade norte-americana de Cornell até 2009 com financiamento do National Institute of Health. Durante esse período, iniciaram seus estudos com a enzima glutaminase e as vias de sinalização que afetam sua atividade. Os resultados produzidos contribuíram para a publicação, além de terem gerado o assunto de pesquisa em cima do qual estabeleceram suas linhas de trabalho no LNBio.
Os dois comemoram a publicação. Mais do que a própria experiência de ter feito parte desse grupo, Sandra destaca “a chance de criar e desenvolver aqui estudos numa área pouco ativa no Brasil, que é a do metabolismo tumoral”. André complementa: “E nossa linha de pesquisa fica fortalecida internacionalmente e perante as agências de fomento”, lembrando que já contam com recursos da FAPESP.
Segundo a Sociedade Americana de Câncer, nos Estados Unidos, 1 homem em cada 2 e 1 mulher em cada 3 vão desenvolver algum tipo de câncer durante a sua vida. Para muitos tipos de câncer ainda não há cura e o tratamento é muitas vezes extremamente agressivo, o que torna a busca por novas vias de intervenção uma luta constante.
Leia o artigo e o comentário de pesquisadores da Universidade do Texas referente ao artigo.
Veja estatísticas da incidência de câncer na população americana.