Tecmundo, em 31/01/2013
Há cerca de 30 anos atrás, foi inventado um equipamento que acabaria revolucionando para sempre as diversas áreas da ciência e até mesmo da engenharia: o primeiro microscópio capaz de captar imagens nanométricas. Embora já existissem desde o início dos tempos, as partículas em escala subatômica só ganharam destaque e passaram a serem objetos de estudo em 1959, quando Richard Feynman comentou sobre a importância de se olhar para tais, digamos, “objetos” minúsculos.
Durante a Campus Party 2013, Dr. Jefferson Bettini, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), realizou uma palestra que apresentou ao público alguns conceitos básicos e aplicações práticas da nanotecnologia para o dia a dia do ser humano. Jefferson iniciou seu discurso “relembrando” que partículas nanométricas já existiam desde a Idade Média, empregadas nas minúsculas estruturas contidas dentro das espadas damascenas.
“Ainda é muito difícil reproduzir as estruturas das espadas damascenas nos dias atuais, mesmo com a nossa tecnologia avançada”, comenta. “Mas, obviamente, os ferreiros da época nem ao menos sabiam disto”.
Um nanômetro equivale a 1 milionésimo de milímetro; uma célula de DNA mede 4 nanômetros. Jefferson explica que é essencial saber a estrutura das substâncias em escala nanométrica a fim de conhecer a sua composição, estado e características nos mínimos detalhes.
“O mais impressionante é que cada substância age de maneira única em escala subatômica, e geralmente de uma forma totalmente diferente do que conhecemos”, revela. “O carbono, por exemplo, é cem vezes mais forte do que o aço. O alumínio torna-se explosivo, e o ouro simplesmente derrete em temperatura ambiente”.
Nanotecnologia a favor da humanidade
Entre as aplicações da nanotecnologia no futuro próximo, Jefferson destaca a área de saúde, como a criação de robôs em escala subatômica capazes de enviar medicamentos para células danificadas. Também há ideias para a criação de partículas robóticas capazes de destruir vírus e corpos estranhos ao organismo humano, de forma completamente autônoma.
Entre as soluções já existentes, destacam-se líquidos de limpeza nano-melhorados (que permitem esterilizar ambientes médicos com uma eficiência jamais vista) e até mesmo bolas de golfe trabalhadas em escala subatômica, ganhando maior transferência de energia e redução em sua rotação.
“A nanotecnologia não tem limites”, comenta o pesquisador. “Não sabemos onde a manipulação de partículas nanométricas pode chegar, mas haverá um dia que provavelmente as pessoas poderão utilizar esta ciência para prolongar a vida humana, criando novas células ou consertando as danificadas”.