G1 em 22/02/2022
Problema foi percebido no sábado (19) e computadores e servidores do CNPEM foram afetados. Sequestro de dados não comprometeu as atividades do acelerador de partículas, diz centro.
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), confirmou nesta terça-feira (22) que apura em qual momento houve o ataque hacker que sequestrou parte dos arquivos e quais os setores afetados após a invasão ao sistema. Um boletim interno da estrutura que abriga o superlaboratório de luz síncrotron de 4ª geração Sirius, acelerador de partículas do Brasil, cita um “incidente de segurança em computadores e servidores” no sábado, mas a assessoria do centro admitiu que naquela data foi percebido o problema e ainda investiga a data e horário do crime.
O CNPEM ressaltou que não houve suspensão de atividades, mas mencionou “trabalho minucioso” em várias frentes, sem prazo de término, para verificação de computadores e servidores corrompidos.
A estrutura confirmou que o ataque cibernético foi do tipo ransomware, que impede o acesso às informações armazenadas em um dispositivo. Com isso, os cibercriminosos pretendem forçar a vítima a pagar para recuperarem o acesso ao sistema. Entenda o crime nesta reportagem e no vídeo abaixo.
Um comunicado interno do CNPEM informou que o incidente de segurança foi parcialmente contido pela equipe de TI do centro. Atividades de pesquisa e desenvolvimento dos laboratórios foram afetadas, mas não “criticamente”, e a extensão dos danos ainda é mensurada nesta apuração.
“Alguns computadores ligados a equipamentos laboratoriais, que dependem de sistemas legados, foram comprometidos e estão sendo recuperados”, informou.
“O time de Tecnologia da Informação segue atuante para recuperar sistemas ainda comprometidos, identificar as causas e mensurar a extensão do incidente. O CNPEM está tomando todas as providências técnicas e legais em resposta ao ocorrido”.
A assessoria do centro informou também que, até esta publicação, não houve contato de cibercriminosos para cobrança de valores em troca da devolução dos dados.
Sem impacto no Sirius
Em nota, o CNPEM reforçou que o Sirius não foi afetado. “A operação e os dados do Sirius foram preservados, devido aos rígidos padrões de segurança adotados pelo Projeto. Dados do Sirius são armazenados na nuvem e seus aceleradores de elétrons e estações de pesquisa utilizam sistemas customizados, desenvolvidos pela equipe do CNPEM e sem acesso à rede”.
O CNPEM é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O g1 questionou o ministério sobre o caso e aguardava um posicionamento até esta publicação. A reportagem será atualizada quando houver retorno.
Outros ataques hackers
Em 10 de dezembro, um ataque hacker afetou o sistema do Ministério da Saúde e derrubou a Rede Nacional de Dados em Saúde, conhecida por ser a “plataforma-mãe” que reúne todas as informações registradas por estados e municípios, na ponta do Sistema Único de Saúde (SUS).
O mesmo ataque aos sistemas do Ministério da Saúde afetou a Controladoria Geral da União (CGU), à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ao Instituto Federal do Paraná (IFPR).
O CNPEM
O centro possui quatro laboratórios que são referências mundiais. Um deles, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), opera o Sirius, acelerador de partículas brasileiro. Superlaboratório funciona como um microscópio de alta performance que analisa diversos tipos de materiais, orgânicos ou não.
O CNPEM também abriga o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da Biociência; o Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), responsável pela pesquisa para o desenvolvimento de biocombustíveis; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), que pesquisa materiais avançados.
“Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos”, informa o site do centro.
A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM abriu a Ilum Escola de Ciência.
“O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM”, completou o CNPEM.
Repercussão:DNews Jornal; Portal GRNEWS