Correio Popular em 04/08/2011
Por Patrícia Azevedo
FOTO: Matheus Reche/Especial para a ANN |
O Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) de Campinas, instalado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), será a sede do centro binacional de nanotecnologia, fruto de uma parceria entre o governo do Brasil e da China. A iniciativa vai permitir que os países troquem conhecimentos em um dos campos da ciência que mais evoluem, a nanotecnologia, dedicada ao estudo e manipulação da matéria em dimensões moleculares.
O diretor do LNNano Fernando Galembeck irá supervisionar o centro e acredita que a parceria poderá alavancar as pesquisas do setor no País. Ele conta que o laboratório foi escolhido porque tem a infraestrutura necessária para permitir o intercâmbio entre cientistas dos dois países, como prevê a primeira fase do projeto.
Inicialmente o centro será virtual—pelo menos 30 cientistas participarão de um intercâmbio por ano — e receberá um investimento do governo brasileiro de R$ 4,7 milhões para os dois primeiros anos. Essa verba, diz Gambeleck, será usada para custear os gastos com a troca de pesquisadores entre os países.
Os termos do acordo começaram a ser acertados na última terça-feira, quando o ministro de Ciências e Tecnologia Aloizio Mercadante se reuniu com a comitiva chinesa em Campinas. Pelos termos da parceria, os dois países devem desembolsar a mesma quantia para o projeto, mas os detalhes finais serão fechados no final do mês, quando o ministro viaja até a China.
Outros três laboratórios localizados em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro integrarão o centro binacional de nanotecnologia, que irá reunir os maiores especialistas do setor no Brasil. O governo brasileiro pretende desenvolver pesquisas na área da nanotecnologia aplicada à sustentabilidade, permitindo a utilização dos resíduos gerados pela produção agrícola.
Galembeck disse que o Brasil produz, ainda que em pequena escala, papel a partir de celulose do bagaço da cana. “Só de bagaço de cana são cerca de 170 milhões de toneladas por ano de resíduos e a gente consegue aumentar o valor do bagaço através do uso em vários formas (como o papel feito a partir da celulose) na ordem de US$ 100 por tonelada.”
Segundo ele, o Brasil já tem potencial para fabricar papel com celulose de cana. “Só depende de superar as limitações das fibras para conseguir estruturas que dêem um bom papel. Outra aplicação que ainda depende de muita pesquisa é transformar celulose em um material plástico”, comenta o diretor.
O presidente da Academia Chinesa de Ciências Chunli-Bai disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que o País pretende aumentar a produção científica na área por meio de parcerias. “É uma vantagem cooperar com o Brasil. Esse projeto tem futuro”, disse. A China é o país que mais produz artigos científicos em nanotecnologia.
Repercussão: Diário do Rio Claro; Agemcamp;