Impulsionado pelas soluções tecnológicas desenvolvidas no Brasil para o Projeto Sirius, novo entendimento estabelece parâmetros para parceria ampla em pesquisas de interesse mútuo, como as de materiais supercondutores.
A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), um dos laboratórios líderes mundiais em física de partículas, e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização supervisionada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia de Inovações (MCTI), firmaram hoje, 4 de dezembro, um amplo acordo de colaboração científica e tecnológica.
O acordo estabelece condições legais para colaboração em pesquisas e compartilhamento de recursos em qualquer área de interesse mútuo, em especial nas tecnologias aplicadas à física de aceleradores, ímãs e materiais supercondutores. Conhecimentos de enorme valor para o desenvolvimento de novas tecnologias, tanto no campo da ciência quanto em diversos setores da indústria.
“A parceria do CNPEM com o CERN permitirá o desenvolvimento de projetos cojuntos em diversas áreas, em especial a de supercondutividade. Como todo projeto de alta tecnologia, haverá um grande envolvimento da indústria nacional que se beneficiará do projeto em áreas como no desenvolvimento e construção de criostatos, desenvolvimento e fabricação de fios supercondutores e materiais para operarem condições extremas, fabricação de bobinas, desenvolvimento de eletrônicas rápidas de potência e diagnóstico, entre outros”, comenta James Citadini, Gerente de Engenharia e Tecnologia do CNPEM.
O CERN, responsável pela operação do Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior colisor de partículas do planeta, trabalha em estudos de viabilidade para um Futuro Colisor Circular (FCC), uma infraestrutura quatro vezes maior, com cerca de 100 quilômetros de extensão, voltada a pesquisas sobre constituintes fundamentais da matéria. Projeto que demanda recursos humanos e fornecimento de materiais certificados sob os mais elevados padrões tecnológicos.
“Estou muito satisfeito em assinar este acordo de colaboração”, disse Frédérick Bordry, Diretor de Aceleradores e Tecnologia do CERN. “Por 30 anos, o Brasil tem sido um forte parceiro nas atividades científicas do CERN. A assinatura deste novo acordo aumentará nossa colaboração em pesquisa científica, treinamento, inovação e no compartilhamento de conhecimento na área de tecnologia de aceleradores. O CNPEM e o Brasil têm muitas competências e talentos comprovados nesta área e estou convencido de que isso trará muitos benefícios mútuos, além de motivar também os parceiros industriais.”
O CNPEM é uma organização que agrega profissionais e equipes multitemáticas altamente qualificadas e especializadas. Conquistou reconhecimento internacional ao projetar e construir o Sirius, fonte de luz síncrotron de última geração, que tem em seu núcleo um dos aceleradores de elétrons mais avançados do mundo. Uma infraestrutura singular, destinada a pesquisas em áreas estratégicas como ciência dos materiais, nanotecnologia, biotecnologia, física, ciências ambientais e muitas outras.
Apesar de seus aceleradores e infraestruturas de pesquisa atuarem em objetivos distintos, ambas organizações têm um histórico de excelente relacionamento e cooperações pontuais. Esta parceria agora é renovada por meio de um novo acordo que permite uma gama variada de projetos conjuntos, inicialmente pelo período de um ano.
“Celebrar este acordo é uma grande satisfação, pois demonstra o potencial do Sirius, como um projeto estruturante para o País. Sirius é mais do que uma máquina internacionalmente competitiva, projetada no Brasil. Sirius deixa também um legado de formação de recursos humanos altamente qualificados, capacitados para trocar informações com as melhores instituições de pesquisa do mundo, além de estimular a inovação no País. Neste momento, nosso foco é avançar com a montagem do Sirius, ainda assim, essa parceria é importante para o futuro das nossas competências voltadas ao desenvolvimento científico e tecnológico”, pondera Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM.
Aceleradores de partículas: Quais as diferenças entre o Sirius e o LHC, do Cern?
Os aceleradores de partículas Sirius, do CNPEM, e o LHC, do CERN, possuem algumas semelhanças, mas são bastante diferentes. Em ambos os tipos de aceleradores, partículas são conduzidas dentro de câmaras metálicas ao longo de uma trajetória circular, e têm seu percurso guiado por ímãs. Assim, alguns dos componentes que compõem esses aceleradores se assemelham, e é por isso que um acordo entre as instituições que abrigam cada uma dessas infraestruturas abre oportunidades tecnológicas para ambas. No entanto, os objetivos científicos de cada uma dessas infraestruturas são distintos.
No LHC, feixes de prótons são acelerados em direções opostas para que se choquem entre si. Os pesquisadores detectam e analisam essas colisões para estudar a matéria em uma escala subatômica e investigar a estrutura mais fundamental do universo. Já em uma fonte de luz síncrotron como o Sirius, elétrons são acelerados em uma única direção, sem colidir uns com os outros. Os elétrons devem circular de maneira estável por longos períodos de tempo. Este feixe de elétrons produz um tipo de luz especial, chamado de luz síncrotron. Essa luz é então usada pelos pesquisadores para estudar diversos materiais, na escala das suas moléculas e átomos.
Sobre o CNPEM
Ambiente de pesquisa e desenvolvimento sofisticado e efervescente, único no País e presente em poucos polos científicos no mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é berço do mais complexo projeto da ciência brasileira – o Sirius – uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais mundialmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas de pesquisa em áreas estratégicas, projetos inovadores em parcerias com o setor produtivo e ações de treinamento para pesquisadores e estudantes. O Centro constitui um ambiente movido pela busca de soluções com impacto nas áreas de saúde, energia, meio ambiente, novos materiais, entre outras. As competências singulares e complementares presentes no CNPEM impulsionam pesquisas e desenvolvimentos nas áreas de luz síncrotron; engenharia de aceleradores; descoberta de novos medicamentos, inclusive a partir de espécies vegetais da biodiversidade brasileira; mecanismos moleculares envolvidos no surgimento e na progressão do câncer, doenças cardíacas e do neurodesenvolvimento; nanopartículas funcionalizadas para combate de bactérias, vírus, câncer; novos sensores e dispositivos nanoestruturados para os setores de óleo e gás e saúde; soluções biotecnológicas para o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais.