232 novos projetos serão desenvolvidos nas linhas de luz do Sirius ao longo do primeiro semestre de 2024
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização supervisionada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), divulgou a lista de projetos científicos aprovados para uso das instalações de pesquisa do Sirius, a maior e mais complexa infraestrutura de pesquisa do Brasil, dedicada à análise da estrutura dos mais diversos materiais em micro e nanoescala.
Foram 232 propostas de pesquisa selecionadas, dentre as 431 que foram submetidas na terceira chamada oficial para a realização de experimentos no Sirius, aberta para submissão entre os dias 15 de agosto e 6 de setembro deste ano. As propostas aprovadas terão seus experimentos realizados ao longo do primeiro semestre de 2024.
Números em destaque
Cerca de 21% das propostas recebidas foram submetidas por novos usuários, ou seja, por pesquisadores que nunca haviam utilizado as instalações abertas disponíveis em nenhum dos quatro laboratórios nacionais que fazem parte do CNPEM.
Pesquisadores estrangeiros, de 11 países diferentes, foram responsáveis pela submissão de cerca de 11% das propostas. Argentina, Estados Unidos, China e Noruega estão entre os países dessa lista.
Dentre as propostas de pesquisa selecionadas, as áreas de pesquisa que aparecem com mais frequência são Ciência dos Materiais e Nanotecnologia (38%), Física (18%), Ciências da Terra e do Solo (12%), Química (7%) e Ciências Biológicas e biotecnologia (6%).
Período de execução mais longo
O número de propostas selecionadas nesta terceira chamada foi significativamente maior em comparação às anteriores. Dois fatores contribuíram diretamente para este cenário: a abertura de novas linhas de luz e um período de execução mais longo.
Ao longo do primeiro semestre de 2024, as linhas de luz do Sirius contarão com um número maior de turnos disponíveis para pesquisadores externos. Este prolongamento se deve à parada de máquina prevista para acontecer entre 29 de julho e 5 de outubro.
Durante este período, os aceleradores do Sirius estarão desligados e o túnel estará aberto para a instalação das cavidades de radiofrequência supercondutoras, que irão permitir a elevação da corrente de operação de 100 para 350 mA.
O calendário de operação de 2024 já está disponível neste link.
Avaliação com duplo anonimato
As propostas submetidas passaram por um processo de avaliação distribuída com duplo anonimato, no qual todos os proponentes da chamada também se tornam potenciais revisores da mesma chamada, dentro das suas áreas de atuação. Pelo menos cinco revisores avaliam cada proposta.
O processo anonimizado é aplicado também às propostas submetidas por pesquisadores do CNPEM. Após a fase de avaliação distribuída, o processo passa pela revisão de um Comitê de Avaliação Científica de Propostas (CACIP), antes que os dados dos proponentes e revisores sejam revelados, buscando garantir que as notas dadas pelos revisores fossem consistentes com as opiniões expressas por eles.
Sobre o Sirius
Projetado e construído por brasileiros e financiado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Sirius é uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. Este grande equipamento científico possui em seu núcleo um acelerador de elétrons de última geração, que gera um tipo de luz capaz de revelar a microestrutura de materiais orgânicos e inorgânicos. Essas análises são realizadas em estações de pesquisa, chamadas linhas de luz. O Sirius comporta diversas linhas de luz, otimizadas para experimentos diversos, e que funcionam de forma independente entre si, permitindo que diversos grupos de pesquisadores trabalhem simultaneamente, em diferentes pesquisas nas mais diversas áreas, como saúde, energia, novos materiais, meio ambiente.
As diferentes técnicas experimentais disponíveis nas linhas de luz do Sirius permitem observar aspectos microscópicos dos materiais, como os átomos e moléculas que os constituem, seus estados químicos e sua organização espacial, além de acompanhar a evolução no tempo de processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem em frações de segundo. Em uma linha de luz é possível acompanhar também como essas características microscópicas são alteradas quando o material é submetido a diversas condições, como temperaturas elevadas, tensão mecânica, pressão, campos elétricos ou magnéticos, e ambientes corrosivos. Essa capacidade é uma das principais vantagens das fontes de luz síncrotron, quando comparadas a outras técnicas experimentais de alta resolução.
As linhas de luz do Sirius são instrumentos científicos avançados, projetados para solucionar problemas em áreas estratégicas para o desenvolvimento do País. Dez linhas de luz estão abertas para a comunidade científica e tecnológica, dentre um conjunto de 14 linhas inicialmente planejadas para cobrir uma grande variedade de programas científicos. Ao todo, Sirius poderá abrigar até 38 linhas de luz.
Sobre o CNPEM
Ambiente sofisticado e efervescente de pesquisa e desenvolvimento, único no Brasil e presente em poucos centros científicos do mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização privada sem fins lucrativos, sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais globalmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores em parceria com o setor produtivo e formação de investigadores e estudantes. O Centro é um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas. Por meio da é possível explorar, de forma virtual e imersiva, ambientes de todos os laboratórios instalados em Campinas (SP) e também obter informações sobre trabalhos realizados e recursos disponibilizados para a comunidade científica e empresas. A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM.