Delegação da SBMT e pesquisadores da Fiocruz conhecem projeto Orion e destacam potencial da parceria para acelerar respostas a emergências em saúde pública

Comitiva composta pela diretoria da SBMT e representantes da Fiocruz foi recebida pelo Diretor-Geral do CNPEM Antonio José Roque da Silva, que apresentou à delegação detalhes do projeto Orion. (Créditos: Divulgação/CNPEM)
No dia 26 de março, uma delegação composta pela diretoria da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), visitou as instalações do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM) e o local onde está sendo construído o projeto Orion – complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. O Orion contará com instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius.
O grupo pôde conhecer de perto a infraestrutura científica reunida no CNPEM e entender como o Centro pode contribuir com respostas eficazes a emergências em saúde pública relacionadas às doenças tropicais que afetam o Brasil. Entre elas, destacam-se os surtos anuais de dengue, que somam mais de 2 milhões de casos em anos epidêmicos, e ameaças emergentes, como o vírus Oropouche, que tem avançado na região amazônica.
“A visita da SBMT ao Orion é muito significativa, pois a sociedade reúne um grande número de especialistas em doenças emergentes e reemergentes. É importante que esses profissionais conheçam essa nova estrutura, que estará à disposição da comunidade científica brasileira — e na qual os membros da SBMT devem ter um papel importante no futuro”, afirmou o médico Maurício Nogueira, professor da Universidade de São Paulo (USP), assessor do CNPEM e consultor do complexo de laboratórios Orion.
“Desde sua concepção, o projeto promove o diálogo entre diversos atores, parceiros estratégicos e membros da comunidade acadêmica, abordando demandas, premissas centrais e as capacidades de experimentação do Orion. A troca de conhecimentos técnico-científicos é um de seus pilares”, acrescenta Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM.
Durante o encontro, a presidente da SBMT, Dra. Rosália Torres, destacou que a visita reforça a importância de aproximar a ciência básica das demandas reais da saúde pública no Brasil. Ela ressaltou o potencial do CNPEM para acelerar o desenvolvimento de soluções voltadas a doenças que ainda carecem de tratamentos eficazes e definiu o Orion como um futuro “acelerador tecnológico de ideias para pesquisas”, uma vez que, assim como as demais instalações do CNPEM, o Orion terá sua infraestrutura aberta à comunidade científica nacional e internacional, o que ampliará ainda mais suas possibilidades de uso.
“O Orion trará inúmeras oportunidades para o avanço de pesquisas, seja no diagnóstico, no tratamento ou no desenvolvimento de vacinas, além do estudo de estruturas e ultraestruturas. Ele abre um espectro vasto de investigação científica. Eu diria que o Orion será um verdadeiro acelerador tecnológico de ideias para a pesquisa. O fato de ser uma infraestrutura aberta é fundamental para que pesquisadores de todo o país possam submeter propostas, colaborar com a equipe do Orion, explorar possibilidades e desenvolver seus estudos aqui. Isso será essencial para o avanço da ciência no Brasil”, afirmou.
Pesquisador do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental da Fiocruz, Dr. José Paulo Gagliardi Leite destaca que o Orion será uma estrutura ímpar, capaz de projetar ainda mais a ciência brasileira no cenário internacional. “O projeto representa uma oportunidade única para que o País avance em conquistas científicas de grande impacto. Nós, como pesquisadores, temos uma grande responsabilidade: é essencial que sejamos capazes de formular perguntas científicas relevantes, que nos conduzam a respostas igualmente significativas — com potencial de beneficiar não apenas a ciência, mas também a população brasileira e global”, frisou.
Ao longo do dia, a comitiva participou de uma apresentação conduzida pelo diretor-geral do CNPEM. Em seguida, visitou o acelerador de elétrons brasileiro Sirius, o terreno onde está sendo construído o prédio do Orion, o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), e o laboratório de treinamento que abriga o Programa de Treinamento e Capacitação em Ambientes de Alta Contenção Biológica (NB3) — uma réplica fiel de laboratórios NB3 e NB4. A agenda foi encerrada com uma visita ao Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).
SBMT
A Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) é voltada para o estudo e enfrentamento das doenças tropicais e negligenciadas. Reúne um grupo diverso de pesquisadores que atuam em diferentes áreas do conhecimento, como medicina, veterinária, biologia, entre outras. Essa diversidade é essencial para ampliar os temas debatidos pela entidade e fortalecer os estímulos à pesquisa promovidos pela sociedade.
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).