Caros Amigos em julho de 2016
Por Marcelo Andriotti
Pouco antes do vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumir provisoriamente a Presidência da República, a comunidade científica viu acender uma luz de alerta. O primeiro cotado para assumir, no governo interino, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação era um bispo neopentecostal, de convicções criacionistas e nenhuma intimidade com a área. Depois da gritaria geral, Temer voltou atrás, o que se tornaria uma constante de seu governo. O alívio durou pouco, pois logo foi anunciada a fusão do ministério com o Ministério das Comunicações, ficando ambos sob o controle do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD).
Para um bom entendedor, o gesto foi um claro sinal de desprestígio da área. Uma falta de visão estratégica que pode gerar prejuízos de bilhões de dólares ao País, junto com a perda de pesquisadores e atraso de décadas em ciência e inovação. O que cientistas nacionais sonham é em ter uma política de Estado para a ciência e tecnologia, que os impeça de continuarem reféns das mudanças políticas dos governantes.
O governo interino nega cortes em investimentos na área e diz que a fusão pode atrair até mais recursos para o setor e mais força para negociação. “Não haverá perda de verbas. Ao contrário, a fusão dos ministérios vai aumentar a eficiência administrativa e o peso político da nova pasta, o que será fundamental para lutar por mais recursos tanto no governo quanto no Congresso. Tanto o é, que já negociamos o retorno de R$ 1,4 bilhão que estavam bloqueados no orçamento de ciência, tecnologia e inovação – destes, R$ 400 milhões para o programa do Satélite Geoestacionário”, informou a assessoria do ministério.