Por Globo – Jornal Nacional, em 11/07/2020
Cientistas do mundo todo podem enviar projetos, desde que o tema seja Covid-19. Pesquisadores do laboratório Sirius, em Campinas, também investigam a chave para a multiplicação do vírus.
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O maior empreendimento da ciência brasileira, em Campinas, vai abrir as portas para a inscrição de pesquisadores do mundo todo com um objetivo: estudar mais o novo coronavírus.
O templo do futebol é conhecido, mas o Maracanã da ciência é uma novidade. É o laboratório Sirius, em Campinas, maior empreendimento científico do Brasil. Projeto que divulgou os primeiros resultados essa semana: as imagens em três dimensões mostram as estruturas internas de uma proteína do novo coronavírus.
“A gente objetiva entender melhor o vírus na sua escala mais fundamental que é atômica, e também buscar intervenção terapêutica, medicamentos que possam ser usados nessa urgência da pandemia”, destaca Daniela Trivella, coordenadora científica do LNBIO.
O estudo de uma força-tarefa investiga a chave para a multiplicação do vírus. São imagens ampliadas de estruturas minúsculas, invisíveis até para um microscópio comum. Mas que agora ganham a luz da ciência, graças a um feixe de energia muito potente: produzida em túneis de vácuo com 500 metros de comprimento.
“É um grande microscópio, onde a gente usa raio-x para enxergar coisas muito pequenas”, comenta Ana Carolina Zeri, pesquisadora do CNPEM.
Além de raio-x, o laboratório Sirius produz outros tipos de luz, importantes para pesquisas em todas as áreas do conhecimento. Podem analisar as moléculas de remédios, vacinas, criar materiais mais resistentes para a indústria. Um mundo de possibilidades com tecnologia nacional.
Essa estrutura de alta tecnologia agora está à disposição da comunidade cientifica. O Sirius abriu as portas para pesquisas. Cientistas do mundo todo podem enviar projetos, desde que o tema seja Covid-19. Uma comissão do CNPEM vai avaliar as propostas e a expectativa é de que no mês que vem comecem os trabalhos.
“A luz já é suficiente para esse tipo de pesquisa e inclusive nos coloca em um seleto grupo de lugares no mundo, que é capaz de fazer esse tipo de experimento”, destaca Mateus Borba, chefe de divisão do CNPEM.
Este Maracanã promete muitos gols de placa para a ciência.