CGEE, em 11/12/2015
COP 21
Com o objetivo de chegar a uma solução acerca do aquecimento global, causado pela emissão de gases de efeito estufa, representantes de 195 países estão reunidos, em Paris, desde 30 de novembro, para a 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Representando o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o assessor técnico Marcelo Poppe integra a delegação brasileira.
Poppe avalia que a postura dos principais países emissores de gases de efeito estufa tem mudado positivamente nos últimos anos. “A posição bloqueava avanços, mas isso foi superado. Hoje, todos têm expressado preocupação com a questão climática e deixado para trás o discurso de que não podem reduzir as emissões para não comprometer a economia”, analisa.
O assessor diz que o envolvimento crescente da população e da opinião pública é fundamental para que avanços se concretizem, já que, assim, os líderes poderão chegar a um acordo satisfatório. “Temos gestos relevantes como a encíclica Laudato si do Papa Francisco, além de estudos que apontam o quanto o aquecimento do planeta afeta a saúde das pessoas e inviabiliza investimentos”, afirma.
CGEE na COP
Poppe conta que o projeto Agenda Positiva da Mudança do Clima, lançado em 2014 pelo CGEE, já mirava a COP deste ano. “Temos uma proximidade com os trabalhos da Conferência. Por exemplo, em 2009, na COP 15 em Copenhagen (Dinamarca), levamos material sobre a conferência internacional de biocombustíveis no Brasil”, lembra.
O assessor, que acompanhou as negociações da COP neste ano, ressalta que um dos projetos da Agenda Positiva é a elaboração de uma metodologia para a avaliação de capacidades e necessidades tecnológicas (TCNA) do Brasil como subsídio à participação brasileira no mecanismo tecnológico da Convenção. “É preciso saber quais são as capacidades e necessidades requisitadas para adentrar o mecanismo, solicitando e oferecendo tecnologia”, afirma.
Por meio da Agenda, o Centro busca desenvolver ferramentas para avaliar competências, capacidades e necessidades tecnológicas (TCNA) nacionais em termos de clima. Dessa forma, o CGEE busca a elaboração de um Plano de Ação para que o País ingresse no mecanismo tecnológico utilizado pela Convenção do Clima.
Além disso, o Centro desenvolveu um estudo sobre o etanol celulósico de segunda geração, em parceria com o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), com a Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Durante a COP, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, fez apresentação sobre etanol celulósico (de 2a geração), trazendo dados do estudo do CGEE sobre o tema. Essa solução tecnológica representa uma das mais importantes contribuições brasileiras para a economia de baixo carbono.
Sobre a importância da COP 21 para os futuros acordos, Marcelo Poppe afirma que precisamos ter ciência de que nem tudo vai se definir em Paris. Isso porque, segundo ele, a solução real parte das ações de cada país. “Se acharmos que tudo será resolvido este mês, poderemos nos decepcionar. Mas é claro que alguns avanços importantes precisam ocorrer, como estabelecer o compromisso para eliminar o uso dos combustíveis fósseis até 2050”, destaca.