Delegação do Robert Koch visita o CNPEM e discute detalhes estratégicos sobre o desenvolvimento e a operação do projeto Orion. Aproximação é desdobramento e acordo firmado no ano passado.
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) recebeu uma delegação do Instituto Robert Koch (RKI), da Alemanha, para discutir detalhes do projeto Orion – complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. A visita ocorreu em setembro deste ano, e integra a cooperação entre as duas instituições, formalizada em um acordo assinado em Berlim no ano passado, entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM, o Ministério da Saúde (MS) e o RKI. O projeto Orion se destaca por ser o primeiro laboratório de máxima biossegurança (NB4) na América Latina, e o primeiro do mundo a ser conectado a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius.
A delegação do Instituto Robert Koch foi composta por Profª Drª Johanna Hanefeld, vice-presidente (em exercício) e líder do Centro de Proteção Internacional da Saúde do Instituto, Prof. Dr. Andreas Kurth, especialista responsável pelos laboratórios de nível NB4 do RKI, e Frank Siejak, oficial de biossegurança para laboratórios de máxima contenção.
A vice-presidente Profª Drª Johanna Hanefeld afirmou que a visita teve como objetivo principal o fortalecimento da parceria com o Brasil, especialmente no desenvolvimento do novo laboratório NB4. Ela destacou que o RKI também possui um laboratório NB4, voltado tanto para a pesquisa quanto para aplicações em saúde pública, e expressou a expectativa de aprender mais sobre o Orion.
A primeira atividade da visita foi uma apresentação inicial ministrada pelo diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva. Ele destacou a importância da parceria para o desenvolvimento do projeto e para o avanço das pesquisas em saúde global. “A colaboração com o Instituto Robert Koch vai além da infraestrutura. Ela envolve o intercâmbio de conhecimento para a operação do Orion e parcerias científicas. Uma vez que o Robert Koch já possui laboratórios NB4, essa visita marcou a troca de expertises entre as instituições para discutir detalhes de como estruturar e operar instalações de máxima contenção biológica. Esse projeto terá um impacto direto na capacidade do Brasil de lidar com crises sanitárias e desenvolver novas estratégias de diagnóstico e tratamento.” afirmou o diretor.
Durante a visita, os representantes do RKI também realizaram uma apresentação aos colaboradores do CNPEM sobre as atividades desenvolvidas pela instituição. O evento ocorreu no auditório do Centro de Vivência (CV) da Ilum, e contou com a presença da diretora do Laboratório Nacional de Biociências do CNPEM (LNBio) Maria Augusta Arruda, que participou das discussões e contribuiu para o diálogo com o público presente.
No período da tarde, os representantes do RKI visitaram diferentes instalações do CNPEM. Acompanhados por especialistas, conheceram o Sirius, operado pelo Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), e a área destinada à construção do prédio do Orion. A delegação também conheceu as instalações do LNBio e o laboratório de treinamento do CNPEM, uma réplica fiel de ambientes laboratoriais dos níveis de biossegurança 3 e 4, onde atualmente ocorre o Programa de Treinamento & Capacitação em ambientes de alta biocontenção.
Brasil e Alemanha
O acordo firmado em Berlim em 2023 prevê cooperação em múltiplas frentes, desde o planejamento e operação do Orion, até a condução de pesquisas conjuntas e mobilidade e treinamento de pesquisadores. O laboratório NB4 do Orion será uma infraestrutura importante para a investigação de patógenos de alta periculosidade, como o vírus Sabiá, que atualmente está armazenado fora do Brasil por falta de infraestrutura adequada para estudá-lo. Outros arenavírus da mesma classe de risco biológico também circulam na América Latina, como o Junín, Machupo e Guanarito, responsáveis por graves febres hemorrágicas.
“É muito clara a contribuição científica que o CNPEM está oferecendo, e é algo completamente novo em comparação com outros laboratórios NB4. Você colocar um NB4 em termos do que tem aqui, o Sirius, abre um campo inteiramente novo da ciência. E acredito no potencial disso na América do Sul, no Brasil, e é algo que estou realmente ansiosa para ver”, diz Profª Drª Johanna.
Frank e Prof. Dr. Andreas também destacam o grande impacto do caráter do projeto, através da conexão do Orion com uma fonte de luz síncrotron. “Acredito que construir um NB4 junto ao Sirius trará informações inéditas sobre os vírus”, avalia Frank Siejak, oficial de NB4 do RKI. “Explorar essas possibilidades de pesquisa estrutural em objetos pequenos, médios e maiores, abre uma porta com milhões de oportunidades. E isso é ciência”, complementa Prof. Dr. Andreas Kurth.
Essa cooperação com o Instituto Robert Koch reafirma o compromisso do CNPEM com a ciência e tecnologia de ponta, posicionando o Brasil como líder na resposta a desafios globais de saúde pública.
RKI
O Instituto Robert Koch (RKI) é a agência nacional de saúde pública na Alemanha, responsável pelo controle e prevenção de doenças infecciones e pela promoção da saúde pública. O RKI é reconhecido internacionalmente por sua atuação em pesquisa epidemiológica e coopera com outras organizações globais de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças).
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O CNPEM compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, o CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação.