Laboratório NB4 que será implantado no Brasil vai permitir o enfrentamento de eventuais pandemias
Brasil e Alemanha assinaram acordo de cooperação para a implantação do laboratório de máxima contenção biológica, o NB4, que será construído no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP) e permitirá estudos de patógenos capazes de causar doenças graves e com alto grau de transmissibilidade. A declaração conjunta de intenção foi assinada nesta segunda-feira (04), em Berlim, entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM, o Ministério da Saúde (MS) e o Instituto Robert Koch (RKI) da Alemanha.
“A parceria do Instituto Robert Koch no planejamento, construção, operação, monitoramento e avaliação de instalações de nível de biossegurança 4, além dos trabalhos de pesquisa e das oportunidades de intercâmbio, é realmente uma prova do quanto é estratégica a cooperação entre Brasil e Alemanha”, afirmou a ministra Luciana Santos após assinatura do acordo, em Berlim. “Tenho a convicção de que os dois países, como fortes líderes regionais e globais, poderão influenciar fortemente na solução dos problemas comuns a toda a humanidade”, completou.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que a parceria está em total consonância com a estratégia traçada no Ministério da Saúde para o enfrentamento de eventuais pandemias. “Elas podem acontecer, assim como já ocorreram, e precisamos estar cada vez mais preparados para utilizar a nossa expertise nas múltiplas áreas de conhecimento e também munidos do que há de mais avançado em tecnologia. Precisamos investir cada vez mais na biossegurança e na ciência em prol da saúde pública para tentar evitar doenças de impacto massivo”, ressaltou.
Orion
O complexo laboratorial de máxima contenção biológica batizado de Orion é o único no mundo a ser conectado a uma fonte de luz síncrotron. O CNPEM opera uma das três fontes de luz síncrotron de quarta geração do mundo, o Sirius, que utiliza aceleradores de elétrons para produzir um tipo especial de luz. A luz síncrotron é utilizada para investigar a composição e a estrutura da matéria em suas mais variadas formas, com aplicações em praticamente todas as áreas do conhecimento.
A construção do NB4 foi incluída no Novo Programa de Aceleração do Crescimento e deve receber R$ 1 bilhão em recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) até 2026. A exemplo do Sirius, o NB4 será uma infraestrutura aberta e a serviço dos desafios da saúde pública do país.
Segundo o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, a colaboração com o Instituto Robert Koch, instituição do governo alemão responsável pelo controle e prevenção de doenças, tem como objetivo o desenvolvimento de infraestruturas de máxima segurança biológica e o avanço do conhecimento na área da saúde.
“O Instituto Robert Koch é um dos centros de referência mundial na área de pesquisas em biomedicina, com particular ênfase em patógenos. A parceria terá papel importante não apenas durante a execução e desenvolvimento do projeto Orion, mas também ao auxiliar na mobilidade e treinamento de pesquisadores, na realização de pesquisas conjuntas e, de forma mais ampla, na área de saúde, do diagnóstico e do desenvolvimento de vacinas”, ressaltou.
Durante a cerimônia de assinatura, o presidente do Instituto Robert Koch, Lars Schaade, ressaltou os atuais desafios que ampliaram a relevância da instituição na proteção da saúde, como as mudanças climáticas, movimentos migratórios e a desigualdade no acesso à saúde. Ele também destacou os esforços de cooperação científica. “Com o Brasil, a parceria que estabelecemos hoje tem como foco o NB4 e a questão epidemiológica para garantir a qualidade dos procedimentos diagnósticos”, disse.
Sobre o CNPEM
Ambiente sofisticado e efervescente de pesquisa e desenvolvimento, único no Brasil e presente em poucos centros científicos do mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização privada sem fins lucrativos, sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais globalmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores em parceria com o setor produtivo e formação de investigadores e estudantes. O Centro é um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas. A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM. Por meio da Plataforma CNPEM 360 é possível explorar, de forma virtual e imersiva, os principais ambientes e atividades do Centro, visite: https://pages.cnpem.br/cnpem360/.