PNUD – 13/03/17
Há dois anos em atuação, o Projeto SUCRE busca facilitar o aumento de geração de eletricidade excedente nas usinas por meio do uso da palha complementando o bagaço. No início deste ano, os parceiros apresentaram resultados parciais que permitem a identificação dos problemas mais sérios e encaminhamentos para a busca de soluções.

O Projeto SUCRE (Sugarcane Renewable Electricity) é uma iniciativa do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) em parceria com o PNUD, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Trabalha inicialmente com quatro usinas parceiras, que geram energia a partir da palha para identificar as principais barreiras técnicas, econômicas, ambientais e regulatórias que impedem o aumento do uso da palha nesse setor.
Esses dois anos iniciais se caracterizaram pela coleta, organização e avaliação das informações e experiências do setor sucroenergético a respeito do uso da palha para cogeração de energia, caracterização das rotas de recolhimento e processamento da palha, e testes de campo para o levantamento de informações sobre o desempenho de cada rota.
Os testes de campo incluíram a coleta de mais de 1.200 amostras. Em 2015, o projeto empreendeu 25 viagens a usinas. Em 2016, foram 80, com duração média de quatro dias e com participação média de 2,3 pessoas por viagem. Os testes de campo continuarão em 2017 para completar as avaliações das rotas e processos planejados para as quatro usinas parceiras e outras usinas com sistemas de interesse.
Os problemas mais críticos identificados até o momento nas análises do Projeto SUCRE quanto ao recolhimento e uso de palha nas usinas de cana-de-açúcar foram:
• Determinação da quantidade de palha que deve permanecer nos canaviais, levando em conta os benefícios agronômicos e seu valor como combustível para cogeração;
• Na rota de cana integral: queda na densidade de carga devido à maior quantidade de impurezas vegetais na cana, baixa eficiência dos sistemas de limpeza a seco (SLS), elevação do teor de impurezas vegetais (IV) na cana e seus impactos na moagem e processo;
• Na rota de fardos: alto teor de impurezas minerais (IM) na palha, limitações no tempo disponível para enfardamento, possível impacto adicional na compactação do solo, e danos nas soqueiras;
• No uso da forrageira: problemas semelhantes ao enfardamento e custos elevados de transporte para distâncias maiores;
• Alimentação da palha ou mistura palha/bagaço nas caldeiras: possibilidade de embuchamento quando a percentagem de palha na mistura aumenta;
• Queima da palha nas caldeiras: a análise da literatura especializada no assunto indicou elevado potencial de problemas de erosão, depósitos, incrustações e corrosão nas superfícies internas da caldeira e corrosão nas partes mais frias após o lavador de gases. Esses problemas têm como causa, principalmente, o alto teor de cinzas e a presença de potássio e cloro em taxas mais elevadas que no bagaço. Esses componentes podem ser removidos, em grande parte, por lavagem, o que está em fase de teste pelo SUCRE.
• Barreiras desestimuladoras apresentadas para a entrada mais significativa das usinas nos leilões de venda de eletricidade, presentes no Marco Regulatório do setor elétrico.
Já se identificaram soluções para alguns desses problemas, e elas estão em fase de teste pelo projeto. Os próximos passos incluem levar as amostras coletadas nos testes para processamento em laboratório de análise e realizar exames complementares na safra 2017/2018.
Quanto ao Marco Regulatório, assim que se concluir sua avaliação, o projeto pretende realizar workshops em São Paulo, Ribeirão Preto e Brasília, para divulgação e discussão dos resultados.
Para mais informações sobre essa iniciativa, acesso o site do Projeto SUCRE.