G1, em 05/03/2017
Quando inaugurado, projeto brasileiro será liderança mundial de síncrotrons.
Superlaboratório é um dos projetos mais sofisticados da ciência brasileira.
Nesta semana o projeto do superlaboratório Sirius entrou numa nova fase com uma operação de grande impacto para a instalação do protótipo de uma cabana experimental no atual acelerador de elétrons do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem), que fica no Polo II de Alta Tecnologia em Campinas (SP).
A antiga cabana tinha a espessura de um palito de dente, já a nova, de 35 m², terá 50 mm e será feita com uma placa de aço, que pesa dois carros populares. A estrutura instalada no LNLS é muito parecida com a que será feita no Sirius.
O objetivo desta operação é testar os sistemas de segurança, inter-travamento e de proteção contra radiação das estações experimentais que serão instaladas na nova fonte de luz síncrotron no superlaboratório de 68 mil m² , que está sendo construído em um terreno de 150 mil m², área que equivale a 21 campos de futebol e tem custo estimado de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão.
Além disso, também serão testados os sistemas de condução de cabeameto elétrico e demais suprimentos. Segundo o LNLS, este é um processo crítico, já que deve permitir a passagem dos cabos, mas sem vazamento de nenhum tipo de radiação para fora da cabana.
Superlaboratório
O superlaboratório Sirius irá abrigar um acelerador de partículas, que emitirá uma fonte de luz de alto brilho, a luz síncrotron, que funcionará como uma espécie de mega aparelho de raios X e permitirá analisar em escala nanométrica qualquer material. A previsão é de que o laboratório esteja em funcionamento em 2018. Ele é um dos projetos mais sofisticados da ciência brasileira.
Atualmente, já há um acelerador mais antigo instalado no LNLS. O laboratório é a única fonte de luz síncrotron aberta ao uso da comunidade acadêmica e industrial na América Latina. Mas, é necessária uma luz mais brilhante para estudos avançados em áreas como medicina, biologia, química, física e ciências de materiais.
Projeto nacional
Mas, diferentemente do que acontece em outras fontes de luz síncrotron pelo mundo, as cabanas experimentais do Sirius foram projetadas pelos engenheiros do próprio LNLS, e deverão ser fabricadas em parceria com empresas brasileiras, o que deverá gerar uma economia de até 40% no projeto. Mesmo assim, o protótipo custou R$ 1,5 milhão.
O atual laboratório, o LNLS, inaugurado em 1997, também foi desenhado e projetado no país, sendo 85% dentro da própria instituição. O que segundo o diretor do centro, Antônio José Roque da Silva, gerou um conhecimento tecnológico excepcional.
“Projetamos cada parafuso desse equipamento. […] A gente tem uma taxa de operação, de confiabilidade enorme, porque a gente rapidamente sabe consertar“, explicou ao G1 em 2016 durante uma série de reportagens especiais sobre o Sirius.
Sirius
O projeto ganhou o nome de Sirius em referência a uma estrela de grande brilho localizada na constelação de Canis Major. Quando ficar pronto em 2018, ele, que é de 4ª geração, vai ser liderança mundial em síncrotrons, superando o que foi inaugurado em junho de 2016 na Suécia.
Além disso, a vida útil do laboratório será longa porque vai ser possível ir atualizando o equipamento, o que deve fazer com que o Brasil permanece na liderança mundial da categoria.
O custo estimado é de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão e o superlaboratório terá uma das construções civis mais complexas do país. A obra e os equipamentos são financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, já o terreno foi comprado pelo governo estadual. Não há verba privada neste momento do projeto.
As obras começaram logo após o lançamento da pedra fundamental e assinatura do contrato em dezembro de 2014 em Campinas.
O superlaboratório deve emitir o primeiro feixe de luz em 2018 e abrir para usuário em 2019. O funcionamento do Sirius irá impactar nas áreas de biociência, medicina, saúde, meio ambiente e agricultura, que são estratégicas.
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