BrandPress, 13/12/2016
Entre os dias 10 e 13 de dezembro serão coletadas amostras da Lagoa Salgada (RJ), que passarão por pré-testes no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas (SP)
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), integrante do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), coletarão, no próximo dia 10, microrganismos que serão testados para a primeira missão brasileira à Lua. A coleta será realizada durante três dias na Lagoa Salgada, localizada no município de Campos, região norte do Rio de Janeiro (RJ). Em seguida, o material será analisado na sede do Laboratório, em Campinas (SP).
O objetivo da ação, coordenada pelo pesquisador Douglas Galante, é selecionar microrganismos que serão enviados na sonda Garatéa-L, prevista para chegar à Lua em 2020. “O local da coleta é especial porque se trata de uma lagoa hipersalina, com uma concentração de sal muito alta, parecida com a do Mar Morto, ou a existente em alguns planetas do Sistema Solar, como Marte. Serão coletados microrganismos que participarão de pré-testes e simulações com objetivo de entender como eles devem responder ao ambiente espacial”, explica o líder científico da missão.
Galante explica que a Garatéa-L tem um forte componente de astrobiologia – o estudo do surgimento e da evolução da vida no Universo. “Enviaremos para a Lua colônias de microrganismos resistentes à ambientes extremos da Terra, como micróbios presentes na Lagoa Salgada, no deserto do Atacama e na Antártida. Queremos compreender se a vida como a conhecemos é capaz de existir fora das condições protegidas de nosso planeta e, portanto, talvez seja mais comum no Universo”.
O envio de microrganismos à Lua também tem implicações para futuras missões espaciais tripuladas de longa duração, para Marte ou estações espaciais, por exemplo. Esses micróbios poderão ser utilizados paraproduzir oxigênio, nutrientes e matérias-primas para combustível de foguetes e construção de estruturas. “Em nossos testes, também abordaremos esse viés biotecnológico. Queremos otimizar as respostas destes microrganismos, tornando-os eficientes para a nova corrida espacial” ressalta Galante.
Além da astrobiologia e biotecnologia, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron também participa de experimentos tecnológicos para que a sonda possa ser construída com mão de obra e tecnologia nacional. “A ideia é que os componentes da sonda sejam construídos quase todos no Brasil e que a tecnologia desenvolvida aqui fique disponível, tanto para fins acadêmicos como comerciais. A construção desses componentes em território nacional, utilizando tecnologia própria, dá liberdade estratégica para o país”, enfatiza Galante. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron fará a qualificação dos componentes eletrônicos que serão utilizados no satélite, submetendo-os a testes em seu acelerador de elétrons, onde é possível simular campos de radiação similares aos encontrados na órbita lunar.
A missão, anunciada no último dia 29, conta também com a contribuição do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), da USP (Universidade de São Paulo), do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e da empresa privada Airvantis.
Sobre a missão
Batizado de Garatéa-L, o projeto combina o poderio intelectual de algumas das maiores instituições de ciência tecnologia do país e a ousadia da cultura de startups tecnológica para planejar e realizar com sucesso, em tempo recorde, o primeiro voo orbital lunar brasileiro. O lançamento será realizado numa parceria entre duas empresas britânicas com as agências espaciais europeia (ESA) e do Reino Unido (UK Space Agency), no bojo de sua primeira missão comercial de espaço profundo – a Pathfinder. O veículo lançador contratado é o indiano PSLV-C11 – mesmo foguete que enviou com sucesso a missão Chandrayaan-1 para a Lua, em 2008.
No lançamento europeu, diversos cubesats – dentre eles o brasileiro – serão levados à órbita lunar por uma nave-mãe, que também fornecerá o serviço de comunicação com a Terra e permitirá a coleta de dados por pelo menos seis meses.
Além dos experimentos de astrobiologia, a Garatéa-L também fará estudos da Lua em si. A sonda será colocada numa órbita polar altamente excêntrica, que permitirá a coleta de imagens multiespectrais da bacia Aitken, localizada no lado afastado da Lua e de alto interesse científico. As especificações da câmera estão a cargo do INPE.
O custo estimado do projeto é de R$ 35 milhões, que já começaram a ser levantados junto a órgãos de fomento à pesquisa e a patrocinadoresprivados. A espaçonave precisa estar pronta para voar até setembro de 2019 – mesmo ano em que se completa o cinquentenário do primeiro pouso do homem na Lua.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Localizado em Campinas-SP, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina e está, nesse momento, construindo Sirius, o novo acelerador brasileiro, de quarta geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da Biociência, com foco em biotecnologia e fármacos; o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) investiga novas tecnologias para a produção de etanol celulósico; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país. Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos.
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