Portal do MCTI em 03/03/2015
“No Brasil e no mundo, os grandes temas atuais envolvem a segurança hídrica, a segurança energética e a segurança alimentar. Esses sistemas estão completamente interligados”, defendeu o novo titular da Seped. “Sabemos que pouquíssimas formas de produção de energia dispensam grande quantidade de água e que disponibilizar água em quantidade e qualidade adequada depende de muita energia. Ao mesmo tempo, energia e água estão intrinsicamente relacionadas à produção de alimentos, que, além da irrigação, precisa de energia, em um primeiro momento do sol e em seguida para colher, estocar e transportar.”
Aldo Rebelo assinou o termo de posse e ressaltou a admiração e o respeito que o novo secretário possui na comunidade científica. “Essa secretaria é uma espécie de alma, concentra os nervos e os ossos deste ministério, as disciplinas que têm mais sentido de permanência na pasta”, definiu o ministro. “E eu acho que o professor Jailson reúne todas as condições para desempenhar essa tarefa à altura do que nós todos esperamos.”
O ministro defendeu que o País evolua além das fronteiras agrícola e mineral. “Se quiser se manter por muito tempo entre as maiores economias do mundo, o Brasil não poderá fazê-lo se não tiver uma presença correspondente à sua grandeza econômica em termos de ciência, tecnologia e inovação”, disse. “Eu tenho absoluta convicção de que, em médio e longo prazo, nós não sustentaremos a nossa posição se não tivermos uma presença forte nessas áreas.”
Prioridades
Na visão do novo secretário, os maiores desafios da Seped se referem ao “planejamento de políticas concertadas, convergentes e integradoras”. Jailson de Andrade elencou cinco iniciativas do MCTI de alta prioridade, que deseja ajudar a alavancar, pela abrangência e pelo enfoque das iniciativas: Edital Universal, programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), Proinfra, construção da fonte de luz síncrotron Sirius e Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
Para o secretário, por sua abrangência temática e geográfica, o Edital Universal alcança pesquisadores consolidados, individualmente. Já os INCTs, na definição dele, têm como alvo grupos de pesquisa e envolvem praticamente todas as áreas temáticas de ciência no País. “O programa tem 126 institutos nacionais, certamente coordenados por 126 pesquisadores de altíssimo nível”, comentou. “E creio que, se nós olharmos por baixo, cada um desses institutos tem pelo menos dez outros pesquisadores de muito bom padrão. Então, temos uma população de 1.200 a 2.000 pesquisadores de diferentes regiões.”
Jailson avaliou que o Proinfra – programa voltado a projetos de implantação, modernização e recuperação de infraestrutura – “ajudou a mudar a face da universidade brasileira” na última década: “Já foram investidos mais de R$ 1 bilhão em outra ponta de hierarquia: a instituição universitária, de forma complementar ao indivíduo e ao grupo de pesquisa, alvos do Edital Universal e dos INCTs.”
A quarta e a quinta iniciativas do MCTI destacadas pelo secretário dizem respeito à construção do Sirius, em Campinas (SP), e ao projeto do RMB, em Iperó (SP). “Trata-se de estruturas que, em minha opinião, são essenciais para a autonomia da atividade de ciência e tecnologia no País, estritamente necessárias para que o Brasil venha a atuar na fronteira do conhecimento. São estruturas transversais, que independem da área do conhecimento.”
Balanço
O ministro agradeceu a Carlos Nobre pelos serviços prestados na Seped e lhe desejou êxito no trabalho à frente do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). “Lá em São José dos Campos, no sábado [28], nós tivemos a oportunidade de testemunhar uma exposição dos serviços relevantes que o centro vem prestando ao Brasil, no acompanhamento e na prevenção dos desastres naturais, geralmente ligados à água, ora pela escassez, ora pelo excesso, como acontece agora no Acre”, contou Aldo.
Nobre lembrou de grandes projetos de infraestrutura desenvolvidos em seus quatro anos no comando da Seped. O primeiro deles se relaciona a desastres naturais. “Essa proposta na verdade surgiu em dezembro de 2010, antes da grande tragédia da Região Serrana do Rio de Janeiro, e se tornou uma prioridade política para o Brasil, com a criação do Cemaden”, recordou. “Considero muito importante ao País melhorar sua infraestrutura de resposta preventiva a desastres naturais. Nós estamos hoje em outro estágio, mais avançado, que não se compara com a situação que nós tínhamos antes de 2011, embora ainda haja muito a fazer.”
Outra prioridade em infraestrutura do antigo secretário, a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidroviárias (Inpoh), atenderá “um anseio muito antigo da comunidade científica brasileira”. Nobre classificou a futura organização social como uma meta essencial ao Brasil, que deve complementar a compra do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira, fruto de acordo de cooperação com Marinha, Petrobras e Vale, em fase final de construção em Cingapura.
O terceiro projeto de infraestrutura enfatizado pela gestão de Nobre buscou a autonomia nacional na geração de cenários de mudanças climáticas, sob liderança do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e com participação de outras 17 instituições. “O Brasil hoje tem um sistema de modelagem computacional, um sistema climático global e é o 11º país do mundo que tem autonomia em gerar cenários climáticos”, pontuou.
Solenidade
Compareceram à cerimônia de transmissão de cargo os presidentes da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo Braga Coelho, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Hernan Chaimovich, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, da Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A (Nuclep), Jaime Cardoso, e da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), Adriano Andricopulo, o diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), João Fernando Gomes de Oliveira, os diretores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTI), Fernando Lázaro, do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), Fernando Galembeck, e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTI), Nilson Gabas, o diretor geral da Alcântara Cyclone Space (ACS) pelo lado brasileiro, brigadeiro Reginaldo dos Santos, e o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Carlos Klink.
Repercussão: NIT Mantiqueira