Diretor Marco Lima fala sobre o CTBE e o novo CNPEM em reunião dos usuários do Laboratório Síncrotron.
Assessoria de Comunicação, em 22/02/2010
Quem circula pelo campus que abriga o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) tem percebido mudanças significativas no local. Os físicos que antes eram maioria absoluta, por conta das pesquisas realizadas na única fonte de Luz Síncrotron da América Latina, aos poucos passaram a dividir o espaço com uma legião de biólogos e engenheiros. Novos laboratórios foram construídos e assuntos como celulose de cana-de-açúcar, fármacos e biocombustíveis passaram a circulam pelos corredores das instalações localizadas em Campinas-SP.
Este fato se deve, principalmente, à recente criação do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio). Somados ao LNLS, que há mais de 10 anos desenvolve pesquisa e atende a usuários externos do Brasil e do exterior, eles formam o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Apresentar este novo panorama científico àqueles que produzem ciência dentro do CNPEM foi a tarefa do diretor do CTBE Marco Aurélio Pinheiro Lima nesta segunda-feira, 22, na abertura da 20ª Reunião de Usuário (RAU) do LNLS.
Boa parte da platéia utiliza os equipamentos científicos e o suporte técnico dos profissionais do LNLS em suas pesquisas há muitos anos. Entre estes há talvez quem se pergunte por que implantar um laboratório de bioetanol na mesma área em que se tem um laboratório de Luz Síncrotron.
Para responder a esta questão Lima trouxe em sua apresentação os benefícios para o Brasil advindos do aprofundamento científico no ciclo produtivo de álcool. Em seguida, ele mostrou a forma como o CTBE pretende atacar os principais gargalos tecnológicos deste ciclo e, por fim, ressaltou a relevância da localização do Laboratório e as consequentes possibilidades de cooperação junto ao LNLS e LNBio.
Dentre estas possibilidades, podemos ressaltar a ampla infraestrutura científica que o LNBio dispõe na área de função e estrutura de biomoléculas, em especial as proteínas. É que para produzir etanol oriundo do bagaço e palha da cana a preço competitivo se faz indispensável conhecer e produzir enzimas (proteínas) capazes de liberar os açúcares da celulose que serão convertidos em etanol. O LNBio será um importante parceiro nesta tarefa.
Até maio de 2009, quando se tornou autônomo, o LNBio se chamava Centro de Biologia Molecular Estrutural (CeBiME) e pertencia à estrutura científica do LNLS. Reestruturado e com uma nova missão o Laboratório volta suas pesquisas para a produção de fármacos e o estudo de assuntos ligados a doenças como o câncer.
Além do LNBio, experimentos com a fonte de Luz Síncrotron e com os microscópios eletrônicos de alta resolução do LNLS serão úteis às pesquisas do CTBE.
RAU
A 20ª Reunião Anual de Usuários do LNLS (RAU) acontece hoje (22) e amanhã (23) no campus do CNPEM, em Campinas, São Paulo. Cerca de 400 cientistas de instituições de pesquisa do Brasil e do exterior participam do evento que serve para debater questões relevantes para o desenvolvimento contínuo da Instituição e apresentar resultados de pesquisas científicas realizadas com o uso da Luz Síncrotron em 2009. Essa luz permite a realização de estudos para identificação tridimensional e química de materiais em escala atômica sejam eles sintéticos ou biológicos.
Lima abriu a 20ª RAU juntamente com os diretores do LNLS, Antonio José Roque da Silva e do LNBio Kleber Franchini que contaram aos usuários presentes as estratégias de ação dos respectivos laboratórios nacionais para os próximos anos.
Além da participação na abertura da RAU, o CTBE ministra na tarde desta segunda, 22, o workshop “Status e Perspectivas do CTBE”. Nele será apresentado o andamento de algumas pesquisas em andamento no Laboratório, principalmente ligadas a etapa da produção de etanol de segunda geração chamada de pré-tratamento.