24/06/2009 – Notícias Agrícolas
Após o credenciamento pelo Inmetro, este será o único laboratório público do Brasil para análise de fertilizantes
O Instituto Agronômico irá apresentar nesta sexta-feira, 26, as novas instalações do Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos, reformado para atender às exigências da NBR ISO/IEC 17025:2005 — norma internacional utilizada por laboratórios de ensaios e calibração e pelos organismos de credenciamento de laboratórios em todo o mundo, facilitando a harmonização de práticas e aceitação mútua de laboratórios no comércio internacional. Este será o único laboratório público no Brasil credenciado para realizar análises de fertilizantes. O credenciamento coloca esta unidade do IAC em conformidade com os padrões de qualidade consagrados em normas internacionais. A apresentação faz parte das comemorações do 122º aniversário do IAC, que terão início às 14 horas desta sexta-feira, na Sede do Instituto, em Campinas.
O laboratório teve sua estrutura física toda reformada – esta é a primeira etapa para obter o credenciamento junto ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). A conclusão do processo deve acontecer até março de 2010, com a auditoria do Órgão. O credenciamento representa o reconhecimento da competência técnica para realizar análises e atender a demandas de controle nacional e internacional. A importância desse passo é clara. A comprovação das informações prestadas é uma necessidade cada vez maior para quem vende e para quem compra, para quem produz e para quem consome, especialmente no envolvimento de agricultores e empresas fabricantes de insumos agrícolas. Como o produtor rural pode saber se as quantidades de produtos químicos recomendados nos rótulos e aplicados ao solo são suficientes para atender às necessidades das plantas ou se o corretivo destinado ao solo irá produzir o efeito esperado? Isso, sem exceder nas doses para evitar contaminações do ambiente — do próprio solo, da água, do ar e do trabalhador rural. Os excessos nas aplicações representam ainda menos dinheiro no bolso do agricultor, já que esses produtos totalizam até 30% do custo de produção agrícola.
As respostas para essas e muitas outras questões determinantes para o sucesso agronômico vêm das análises químicas. Para ampliar o apoio aos setores produtivos, o IAC passará a oferecer, em 2010, os serviços do Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos adequado às exigências da ISO17025:2005, que implementa no laboratório um sistema de gestão de qualidade, tornando-o tecnicamente competente e capaz de gerar resultados válidos. “Além de o laboratório credenciado viabilizar o trânsito internacional de produtos, internamente o mercado está exigindo cada vez mais essa garantia de qualidade”, afirma Aline Renée Coscione, pesquisadora do IAC, instituto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Essa unidade de análises já existe no IAC desde 2004 e a partir do próximo ano estará em funcionamento de acordo com a norma ABNT NBR/ISO IEC 17025, que especifica os requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaios e calibração. “A ISO assegura a confiabilidade na prestação de serviços laboratoriais à comunidade, aos órgãos governamentais e reguladores e na emissão de resultados”, explica a pesquisadora.
O que faz o laboratório
Exemplos práticos de análises que podem ser feitas no laboratório do Instituto Agronômico: se o agricultor quer saber se a informação presente no rótulo do produto adquirido é verdade, ele pode mandar a amostra para o IAC analisar. Se a indústria precisa comprovar para o Ministério da Agricultura que o seu produto está em conformidade com o anunciado, ela manda a amostra para análise no IAC. A pesquisadora do IAC explica que o Ministério precisa de uma instituição idônea para confirmar a fiscalização e, neste caso, será o IAC o responsável para analisar os fertilizantes no Brasil. “Vamos ter um centro colaborador do Ministério com qualidade para fazer acompanhamento nas empresas e oferecer análise ao produtor”, diz a pesquisadora. “O controle de qualidade de fertilizantes novos registrados no Ministério da Agricultura também pode ser feito por nós. Também testamos a eficiência agronômica de resíduos e de novos fertilizantes, comparando-os com os que já existem, por meio de ensaios com plantas para saber se eles são bons ou não”, acrescenta Aline.
Empresas de saneamento, como Sabesp e Sanasa, que precisam saber se o lodo de esgoto proveniente das estações de tratamento pode ser usado na agricultura, podem enviar o material para análises no IAC. “Essas análises alertam o agricultor sobre a presença de contaminantes que possam se acumular no solo e que venham a entrar na cadeia alimentar, provocando efeitos indesejáveis em animais e seres humanos, além de danos ambientais”, esclarece a pesquisadora do IAC.
A unidade
O Laboratório de Análise de Fertilizantes e de Resíduos fica no 2º andar do edifício Conselheiro Antonio Prado, dentro do Jardim Botânico do IAC, na avenida Barão de Itapura, em Campinas, em uma área de 271 m2 e de mais algumas salas de apoio no mesmo edifício. De acordo com a pesquisadora Aline Coscione, o laboratório é constituído por sete grandes salas distribuídas em salas de moagem, secagem e armazenamento de amostras, sala de balanças, de extração e de digestão de amostras, secretaria, arquivo, sala dos técnicos e almoxarifado. Essa área foi reformada no período junho de 2008 a junho de 2009, com recursos do Governo do Estado de São Paulo, como parte do projeto Certificação dos Laboratórios, para adequação da unidade às exigências da ISO17025. Em 2008, a Clínica Fitopatológica de Citros do IAC foi credenciada de acordo com a ISO17025:2005 junto ao Ministério de Agricultura.
O credenciamento de um laboratório, além da estrutura física e da manutenção e calibração de equipamentos, exige que os procedimentos sejam feitos sempre do mesmo modo e com a obtenção de igual resultado. A sistematização de métodos de análises visa à não variação de resultados, independentemente da pessoa que esteja conduzindo o trabalho. Na unidade credenciada, é obrigatório o registro criterioso de todas as ocorrências – desde a temperatura do ambiente, passando por possível queda de energia até a solicitação de um cliente.
Dentre os equipamentos, o mais importante é o chamado espectrômetro de emissão por plasma de argônio, adquirido num projeto multiusuário da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), no valor de US$200 mil. “Ele permite a determinação simultânea de pelo menos 23 elementos químicos entre macro e micronutrientes e de metais pesados, que são de interesse nas amostras que analisamos”, explica Aline Coscione, coordenadora do laboratório.
No processo de adequação à ISO17025:2005, houve aquisição de equipamentos de uso geral em laboratórios, como estufas e agitadores, com recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), aprovados em dezembro de 2008. “Este projeto é uma parceira do CNPq com o Ministério da Agricultura visando estabelecer e consolidar centros colaboradores em defesa agropecuária e muita ênfase foi dada a instituições que possam oferecer as análises de fertilizantes como nós fazemos”, afirma a pesquisadora do IAC. Segundo Aline, outros equipamentos foram adquiridos por outros projetos de pesquisa, além dos já existentes no laboratório.
Conheça as análises feitas
“A análise dos fertilizantes, corretivos e de resíduos com potencial de uso agrícola também implica na preservação da qualidade do solo em manter-se produtivo, sem causar riscos ao meio ambiente e economizando recursos naturais”, explica Aline Renée Coscione.
Análises de fertilizantes – por meio dessas, é possível determinar garantias e atestar a presença de contaminantes em fertilizantes minerais, organominerais e orgânicos, calcário e escórias silicatadas. As análises são realizadas segundo os métodos oficiais do Ministério da Agricultura para atender às Instruções Normativas Nº 5 de fevereiro/2007, que trata de contaminantes orgânicos, inorgânicos e patógenos humanos, e a Nº 27 de junho/2006, que define os tipos de fertilizantes, o que precisa estar nas fórmulas e o que deve ser analisado.
Análises de resíduos com aplicação agrícola – estas viabilizam a determinação de metais pesados e de macro e micronutrientes em amostras de resíduos, como lodo de esgoto, composto de lixo e escórias para atender às normas vigentes da Cetesb e do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). O IAC tem autorização para analisar as amostras de lodo que as estações de tratamento de esgoto disponibilizam aos agricultores interessados em aplicar o lodo na agricultura. O laboratório realiza também ensaios de biodegradação de carbono, mineralização de nitrogênio e elevação do pH do solo para avaliação de uso de resíduos em áreas agrícolas.
Análises de solo para monitoramento ambiental – Determinação de teores totais de elementos em solos com aplicação ou não de resíduos. Segundo a pesquisadora Aline Coscione, são feitas análises para certificar se o solo não está contaminado, comparando os resultados aos parâmetros da Cetesb que determinam se o solo está ou não poluído. “Além de metais pesados, são avaliados também sódio e potássio, que danificam a estrutura do solo, causando um processo erosivo”, diz. A quantidade de sais em geral no solo é analisada, observando cada elemento presente e comparando-os ao solo limpo para detectar possível alteração.
Análise de produtos, subprodutos e resíduos da indústria sucro-alcooleira – Os resíduos torta de filtro e vinhaça são bastante estudados, pois são aplicados como fertilizantes. Faz-se também a determinação de resíduo da sílica insolúvel — uma impureza carregada no processo de corte da cana e prejudicial ao beneficiamento da cultura. Essa sílica é analisada no caldo de cana ou no mosto, um caldo mais concentrado. O laboratório avalia ainda o balanço de nutrientes de caldos que vão para a fermentação.
Os contatos com o laboratório podem ser feitos pelos e-mails: aline@iac.sp.gov.br ou qualidade@iac.sp.gov.br, berton@iac.sp.gov.br . Telefones 19-3232-8488 ou 19-3231-5422, ramal 170. A lista de serviços e custos analíticos está no www.iac.sp.gov.br .
Prêmio IAC 2009
Fundado em 27 de junho de 1887, por D.Pedro II, o Instituto Agronômico faz questão de comemorar suas conquistas e inovações. Exemplo de tradição e modernidade, o IAC reúne todos os anos vários motivos para comemorar a permanência, persistência e excelência de uma instituição de pesquisa com 122 anos ininterruptos de trabalho. Nesta sexta-feira, durante a comemoração, a ligação do Instituto de pesquisa com o mundo rural será celebrada com a apresentação da Orquestra Filarmônica de Viola Caipira de Campinas. E, como afirma o grupo, a música caipira ajuda a manter o vinculo daqueles que deixaram a roça e foram viver nas cidades, sem perder suas origens, sem abandonar os sonhos.
Como parte da comemoração de aniversário, desde 1994, o IAC reconhece a dedicação e a competência de seus servidores e oferece o Prêmio IAC. Este ano, na categoria pesquisador científico será agraciada a pesquisadora Laura Maria Molina Meletti, uma das principais responsáveis pelo avanço do cultivo do maracujá no Brasil. Referência nacional nessa cultura e geradora de soluções inovadoras para o agricultor, 15 anos de pesquisa e interação direta com produtores compõem a carreira de teoria e prática do cultivo de maracujá dessa pesquisadora científica nível VI. Laura é engenheira agrônoma, graduada pela ESALQ/USP, em 1985, Mestre pela UNESP/Botucatu, em 1988, e Doutora pela ESALQ, em 1998. Ingressou no Instituto Agronômico em junho de 1990. O mérito da sua contribuição se estende por todos os elos da cadeia produtiva, envolvendo desde a criação das primeiras cultivares de maracujá até a produção e distribuição das suas sementes, realizada há mais de dez anos para todo o setor produtivo. Vale destacar que o Brasil se consolidou como maior produtor mundial de maracujá, com condições de entrar no mercado externo, pelo alto padrão de qualidade de seus frutos, graças à intensa dedicação e persistência dessa pesquisadora.
Na categoria servidor de apoio, o premiado será Julio Marcelino, funcionário do Centro de Horticultura do IAC, referência entre os colegas de superação e compromisso com o trabalho. Entrou no IAC em 1986. Tinha 45 anos e era semi-analfabeto. Com próprio empenho e ajuda de colegas, preparou-se para exercer cada vez melhor suas funções: escolarizou-se até o segundo grau, obteve carteira de habilitação para dirigir, fez cursos de mecânica, elétrica e computação. Desenvolve todos os trabalhos de campo com extrema competência e responsabilidade. “Seo Julio” é considerado um “faz-tudo”, cheio de disposição e boa vontade.
Medalha Franz Wilhelm Dafert
Pela primeira vez o Instituto Agronômico irá oferecer, além do Prêmio IAC, outra forma de homenagem — a Medalha Franz Wilhelm Dafert – nome do primeiro diretor do Instituto. A Medalha será entregue ao pesquisador científico, Hermes Moreira de Souza, o grande responsável pela criação do Jardim Botânico do IAC e de outras áreas verdes de Campinas. Em 1942, formou-se Engenheiro Agrônomo pela ESALQ, então com 24 anos de idade. Iniciou, já no ano seguinte, suas atividades no Instituto Agronômico, na antiga Seção de Botânica. Em 1962, assumiu a Chefia da Seção de Floricultura, onde permaneceu até a sua aposentadoria, em 1984, somando 42 anos de serviços. Seu currículo envolve palestras, participações em eventos científicos e técnicos, contribuições em associações, uma série famosa de publicações no Suplemento Agrícola do jornal O Estado de S.Paulo, além de uma centena de boletins técnicos, artigos científicos e livros, estes últimos com expressiva venda até hoje. As mais visíveis obras do doutor Hermes são os jardins por ele “construídos”, como o do IAC, da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), do Complexo Monjolinho do IAC, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, além de ruas e praças campineiras. Também foi responsável, entre outros, pelos jardins da Prefeitura de Nova Odessa e da Refinaria REPLAN, em Paulínia e das palmeiras do parque da ESALQ, em Piracicaba.
A mesma homenagem será feita ao empresário rural Antonio Donizete Fadel, por suas contribuições no segmento de mandioca. Atualmente, sua empresa é uma das maiores e mais modernas agroindústrias de amido de mandioca do Brasil, com capacidade para processar até 900 toneladas por dia. Mas o início de suas atividades foi de forma discreta, em 1973, com uma pequena indústria de farinha de mandioca. Em 1991, deu seu passo mais arrojado quando fundou a empresa Halotek-Fadel, que atrai delegações do exterior interessadas na produção e industrialização de mandioca em grande escala. Em suas visitas à Indonésia e Tailândia esteve acompanhado por pesquisadores do IAC. Hoje, em sociedade com o irmão, é o maior produtor de mandioca isolado do Brasil, plantando cerca de 2500 hectares por ano. É membro do Conselho da Divisão de Agronegócios da FIESP, vice-presidente da Associação Brasileira de Amido de Mandioca (ABAM) e presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca de São Paulo. Foi sócio fundador e presidente da ABAM.
O Instituto de Pesca, ligado à Secretaria de Agricultura Paulista, assim como o IAC, será agraciado com a medalha por suas quatro décadas de contribuições à pesca e aqüicultura, visando ao uso racional dos recursos aquáticos vivos e à melhoria da qualidade de vida. Outra homenageada será feita à USP (Universidade de São Paulo), por seus 75 anos de resultados decisivos à ciência brasileira e também por vir de lá boa parte dos pesquisadores do IAC, os “esalquianos”.
SERVIÇO
Cerimônia do 122º aniversário do Instituto Agronômico (IAC)
Data: 26 de junho de 2009, a partir das 14h
Local: Sede do IAC, avenida Barão de Itapura, 1481, Campinas – estacionamento no local.
Fone: 19-3231-5422.
Programa
Início às 14h
Inauguração do Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos
Abertura da cerimônia
Entrega do Prêmio IAC 2009 e Medalha Franz Wilhelm Dafert