Agência FAPESP em 10/12/2015
Claudia Izique | Agência FAPESP – A FAPESP anunciou ontem (09/12) os 46 projetos de pesquisa selecionados no 3º ciclo do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Só neste ano, em três chamadas, 113 projetos foram selecionados. Com os resultados do 4º ciclo de 2015, que só serão conhecidos em fevereiro de 2016, o número de projetos no ano poderá ser bem maior, atingindo um recorde em toda a história do programa.
“O PIPE é um dos mais ativos programas da FAPESP”, afirmou Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da Fundação, aos cerca de 120 empresários e pesquisadores presentes ao encontro.
Lançado em 1997, o PIPE já apoiou um total de 1.461 projetos em 120 cidades do Estado de São Paulo e em distintas áreas de pesquisa, de biocombustíveis a softwares, de nanotecnologia a tecnologias na área médica.
“O principal interesse do programa é apoiar projetos de pesquisa com potencial de retorno comercial desenvolvidos por pesquisador dentro da própria empresa, sendo o pesquisador líder vinculado à empresa”, sublinhou, em sua apresentação, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP. “Essa é a única exigência de contrapartida da empresa. Só assim é possível estimular uma cultura de inovação permanente”.
O total de recursos da FAPESP destinados a cada ciclo do programa – são quatro ciclos por ano – é, atualmente, de R$ 15 milhões não reembolsáveis. Os projetos aprovados contam com até R$ 1,2 milhão para comprovar sua viabilidade técnico-científica (Fase 1) e consolidar a proposta de pesquisa (Fase 2). A FAPESP poderá apoiar o desenvolvimento comercial e industrial do produto (Fase 3) por meio de um acordo de cooperação com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no âmbito do PIPE e do Programa de Apoio a Pesquisa em Empresas – PAPPE Subvenção.
O número recorde de projetos selecionados nos três ciclos do PIPE em 2015 é resultado, principalmente, de um sensível incremento na qualificação dos projetos apresentados ao julgamento do comitê que reúne representantes de empresas, da academia e membros da coordenação de área da FAPESP. “Os recursos disponíveis nos permitiriam, no entanto, apoiar um número ainda maior de projetos”, sublinhou Brito Cruz.
Os editais são amplamente divulgados em jornais de circulação estadual e regional. O encerramento das chamadas é antecedido por encontros na FAPESP nos quais se busca orientar empresas na apresentação da proposta. Batizados com o nome de Diálogo sobre Apoio à Pesquisa para Inovação na Pequena Empresa , esses encontros são promovidos por meio de parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e Sindicato de Micro e Pequena Indústria (Simpi) do Estado de São Paulo.
No próximo dia 11 de dezembro, por exemplo, será realizado um novo encontro, para esclarecer dúvidas das empresas que apresentarão projetos ao 1º ciclo de propostas do PIPE em 2016. O edital já está aberto e receberá propostas até 1º de fevereiro de 2016.
Receita a partir de resultados
O desempenho do PIPE é comparável aos resultados de um programa semelhante, o Small Business Innovation Research (SBIR) da National Science Foundation (NSF), no Estados Unidos, conforme constatou estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2011.
“Tanto no caso do PIPE como no do SBIR, 40% dos projetos geraram receita a partir dos resultados, 30% dos projetos geraram patentes e cerca de 50% mobilizaram também outras fontes de recursos”, resumiu Brito Cruz.
Os dois programas se distinguem no que diz respeito à relação com a academia: 85% das empresas apoiadas pelo PIPE usaram conhecimento ou tecnologia de universidades, especialmente as públicas, 53% mantinham relações informais com universidades e 75% delas utilizaram equipamentos de universidades. No caso do SBIR, 33% das empresas tinham interação com universidades e mais de 67% contavam com um fundador egresso da academia.
O estudo da Unicamp contabilizou também o impacto econômicos do PIPE. “Para cada real investido pela FAPESP a empresa soma R$ 0,8 para gerar um faturamento 11 vezes maior, com forte repercussão no imposto pago. O PIPE tem fator multiplicativo espetacular”, enfatizou Brito Cruz.
Ele acrescentou que o PIPE também se articula com demandas específicas do desenvolvimento tecnológico paulista. Citou o exemplo do PIPE Venture, associado ao Fundo de Inovação Paulista, liderado pelo Desenvolve SP, e que conta com a participação da FAPESP, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Mencionou também o PIPE-PAPPE Sirius, resultado de um edital lançado pela FAPESP e Finep para a seleção de micro, pequenas e médias empresas qualificadas para o desenvolvimento de peças, produtos, processos e serviços de Sirus, a nova fonte brasileira de luz síncrotron, em construção no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas.No primeiro edital, com recursos da ordem de R$ 40 milhões, divididos entre a FAPESP e a Finep, foram selecionados 13 projetos. O segundo edital está aberto, com prazo de recebimento de propostas até 5 de fevereiro de 2016.
Outro edital, o PIPE-PAPPE Manufatura Avançada, parceria FAPESP e Finep, com chamada encerrada em 27 de novembro, apoiará o desenvolvimento por empresas paulistas de produtos, processos e serviços inovadores, visando ao fortalecimento e à qualificação em manufatura avançada das cadeias produtivas da indústria aeroespacial e de defesa do Estado de São Paulo.
Brito Cruz anunciou ainda que a FAPESP e a Finep deverão lançar, nos próximos dias, , um novo edital, o PIPE-PAPPE Tecnologia Espacial, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A FAPESP e Finep, por meio do PIPE e do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas – PAPPE Subvenção, lançam também chamadas de propostas para apoio a micro, pequenas e médias empresas que estejam com projetos em fase de desenvolvimento comercial e industrial dos produtos e processos. A 4ª chamada recebeu inscrições até 27 de novembro passado.
Desenvolvimento de longo prazo
O apoio da FAPESP, por meio do PIPE, foi estratégico para que a I.Systems, empresa fundada por quatro estudantes graduados em Engenharia da Computação e em Matemática pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolvesse softwares de controle de sistemas para aumentar a eficiência de linhas de produção em grandes indústrias baseados na lógica Fuzzy.
“A atuação da FAPESP é importante, sobretudo para apoiar empresas que desenvolvem tecnologia em ciclo de longo prazo. Os investidores privados não têm buscado esse tipo de empresa”, afirmou Igor Santiago, sócio da I.Systems, em sua apresentação às novas empresas selecionadas.
A I.Systems foi selecionada em um dos editais de 2009 e, três anos depois, foi escolhida para receber o primeiro aporte de investimento do fundo Pitanga de venture capital (capital de risco) criado por fundadores da Natura e do Itaú Unibanco e administrado pelo biólogo Fernando Reinach, ex-diretor da Votorantim Novos Negócios (leia mais sobre a I.Systems em agencia.fapesp.br/17085).