Diário da Saúde em 16/06/2011
De 14 a 18 de agosto, será realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um evento internacional sobre produtos naturais, química medicinal e síntese orgânica.
O evento integra o calendário das comemorações oficiais no Brasil do Ano Internacional da Química (AIQ), instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês).
De acordo com a organizadora do evento, Vanderlan Bolzani, os principais desafios globais de hoje são energia, mudanças climáticas e saúde.
Produtos naturais, química medicinal e síntese orgânica são áreas de pesquisa extremamente importantes para solucionar de forma integrada alguns desses desafios, como a saúde e o bem-estar da humanidade.
“A natureza é um laboratório perfeito e produz inúmeras moléculas, e estas constituem um constante desafio aos químicos sintéticos que podem sintetizá-las ou modificá-las. Muitas têm grande utilidade em áreas como a química medicinal, sendo portanto produtos de alto valor para a medicina,” afirmou a pesquisadora.
Prêmios Nobel
A síntese de algumas dessas moléculas rendeu prêmios Nobel para vários químicos que, de forma engenhosa, imitaram a natureza.
Alguns desses ganhadores do Nobel de Química, como o japonês Ei-ichi Negishi, a israelense Ada Yonath, o norte-americano Richard Schrock e o suíço Kurt Wüthrich, foram convidados e darão aulas durante o evento.
Negishi, que fará sua primeira visita ao Brasil, ganhou o prêmio em 2010, juntamente com o também japonês Akira Suzuki e o norte-americano Robert Heck, por criar moléculas complexas de carbono que possibilitam a fabricação de dispositivos variados como medicamentos contra o câncer ou equipamentos eletrônicos.
Yonath, Nobel em 2009 juntamente com o indiano Venkatraman Ramakrishnan e o norte-americano Thomaz Steitz por pesquisas sobre o ribossomo, esteve no Brasil para participar também como professora de um evento sobre radiação síncrotron, que ocorreu no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), em janeiro último.
Schrock, que também virá pela primeira vez ao Brasil, recebeu o Nobel em 2005 com o também norte-americano Robert Grubbs e o francês Yves Chauvin pelo desenvolvimento do método de metátese em síntese orgânica, que é utilizado na indústria química para o desenvolvimento de fármacos e materiais plásticos avançados.
O suíço Kurt Wüthrich ganhou em 2002 por ter desenvolvido um método para determinar a estrutural tridimensional de proteínas utilizando ressonância magnética nuclear como ferramenta de análise.
Química medicinal
Mas o evento de Química não se limitará aos prêmios Nobel.
Participarão cientistas eminentes como o inglês Simon Fraser Campbell, que liderou a equipe de pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento do Viagra e de outros produtos farmacêuticos, como o Cardura, para tratar de pressão alta e problemas de próstata, e o Norvasc, utilizado para pressão alta e angina. Campbell morou no Brasil, no início da década de 1970, quando foi professor visitante da Universidade de São Paulo (USP).
“Esses cientistas estrangeiros foram convidados levando-se em conta o estado da arte das pesquisas em química tanto na área de produtos naturais como química medicinal e síntese orgânica”, disse Bolzani.
O formato do evento será inspirado nas reuniões de Lindau, em que jovens pesquisadores do mundo inteiro são selecionados por mérito para se reunir, por uma semana, com laureados com o prêmio Nobel na cidade alemã, com o objetivo de discutir informalmente sobre ciência, pesquisas e o que o avanço de conhecimento representa para o desenvolvimento pessoal, social e econômico de uma nação e futuro da humanidade.