O Orion é importantíssimo e vai ser um complexo laboratorial fantástico! Precisamos de ainda mais unidades como essa nos grandes centros urbanos do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, e também na Amazônia, onde existem muitas doenças infecciosas. O Brasil está atrasado na capacidade de lidar com novos patógenos, como a Covid-19 demonstrou. Durante a resposta do país a essa pandemia, os laboratórios NB3 ficaram sobrecarregados, o que representou um gargalo na possibilidade do país desenvolver sua própria vacina em tempo hábil

Edison DurigonCoordenador do Laboratório Klaus Stewien (ICB-USP)

Se as pandemias são globais, infelizmente a capacidade de enfrentamento a elas depende de estrutura nacional, como vimos na distribuição de vacinas e de equipamentos com a Covid-19. A crise revelou como somos dependentes da importação de insumos e de instrumentos, então ter uma capacidade nacional é primordial para a preservação da vida e saúde dos brasileiros

Luis Fernandessecretário-executivo do MCTI

Precisamos estar preparados não só para detectar e estudar esses agentes patológicos, como também para desenvolver ferramentas de prevenção e tratamento. Isso demanda infraestrutura avançada e completa, não há mais espaço para improviso. Já temos evidências muito claras de que a emergência de novos vírus e outros patógenos deve ser uma tônica das próximas décadas do século XXI

Fernando SpilkiVirologista coordenador da Rede Corona-Ômica

A pandemia recolocou no centro do debate a importância do domínio nacional de uma base produtiva em saúde, bem como o papel do Estado na coordenação de agentes e investimentos no enfrentamento da crise sanitária. Nesse contexto, a implantação do laboratório de biossegurança nível 4 é estratégica para o país. E a conexão entre o NB4 e a fonte de luz síncrotron abrirá grandes oportunidades de pesquisa e desenvolvimento na área de patógenos, posicionando o Brasil como liderança global.

Luciana SantosMinistra do MCTI do governo federal

O Orion será desenvolvido no CNPEM mas o papel que tem a cumprir é para todo o Brasil. É essencial discutir continuamente projetos de Estado de importância nacional como esse. Nós do CNPEM estamos e sempre estaremos abertos para a comunidade científica e instituições de ensino mas, principalmente e em última instância, para a sociedade com um todo. Nós entendemos como essencial a prestação de contas para a sociedade e, assim como fazemos com o Sirius e outros componentes do Centro, continuaremos com esse princípio para o Orion. Queremos, assim, ajudar a criar um círculo de apoio e diálogo mútuo entre áreas diversas e entre órgãos públicos e privados

Antônio José RoqueDiretor-geral do CNPEM

O desenvolvimento de instrumentos e protocolos de coleta de imagens que, ao mesmo tempo, sigam todas as normas de segurança necessárias em laboratórios de máxima contenção biológica, e que permitam fazer experimentos inéditos na área, é um dos maiores desafios técnicos do projeto. Iremos garantir que o fluxo de pesquisa com luz síncrotron dentro deste ambiente NB4 seja dinâmico e ajude a fornecer as respostas para as perguntas científicas dos profissionais que irão utilizar a infraestrutura de pesquisa. Durante esse desenvolvimento, combinaremos as linhas de luz dentro do prédio do NB4 com linhas de luz dentro do Hall experimental do Sirius e livres do risco de infecção para que sirvam de simulação com cópias fiéis das linhas que estarão em um ambiente de difícil acesso. Este tipo de estratégia para um modelo de treino e simulação é semelhante ao adotado pela NASA em missões como a Apolo 11 ou a Mars Hover.

Harry Westfahl Jr.Diretor do LNLS/CNPEM

Projetar, coordenar e construir uma instalação de extrema importância no país e única no mundo, traz grandes responsabilidades e oportunidades. O conhecimento e cumprimento de normas nacionais e internacionais e de protocolos de descontaminação irão assegurar o alto grau de confiabilidade do Orion. A experiência e competências adquiridas na implantação predial do Sirius trazem confiança para a implantação de um NB4. A nacionalização de soluções e o conhecimento em projetar os subsistemas também resultam em benefícios ao projeto, reduzindo custos de implantação, diminuindo as incertezas, fomentando a inovação e possibilitando uma operação mais transparente, planejada e segura. O Sirius inaugurou a construção de grandes instalações científicas, competitivas mundialmente, no país e o complexo do NB4 se viabilizará nos mesmos moldes.

James CitadiniDiretor de Tecnologia do CNPEM

Uma infraestrutura NB4 permite investigar a biologia de patógenos pouco estudados e de sua interação com os hospedeiros, além da identificação de novos que possam surgir ao acaso, ou devido ao contato com reservatórios naturais de áreas desmatadas. Esse entendimento contribui para o desenvolvimento de estratégias de controle e de tratamento para infecções que podem não só colocar em risco a saúde humana, como também o equilíbrio de todo o nosso ecossistema. Está em nossa memória recente o esforço para se encontrar uma maneira de controlar a pandemia de Covid – precisamos estar preparados para situações similares. O Orion é, além de tudo, um instrumento de soberania nacional, por nos possibilitar determinar nossas próprias prioridades estratégicas nessa área.

Maria Augusta ArrudaDiretora do LNBio/CNPEM

O foco da pesquisa de Rejane está na identificação de proteínas presentes no estômago do mosquito transmissor da malária, o Anopheles darlingi. Estudos realizados com mosquitos de espécie próxima demonstram a existência de uma proteína em seu estômago capaz de bloquear o parasita causador da malária, Plasmodium vivax. Segundo Rejane, a partir desta proteína seria possível desenvolver em laboratório inseticidas e larvicidas capazes de bloquear o desenvolvimento do parasita dentro do hospedeiro, alcançando o maior enfoque da Organização Mundial da Saúde, que é desenvolver produtos que eliminem o parasita do mosquito sem agredir o homem ou a natureza. Rejane de Castro Simões utilizou a espectrometria de massas para identificar e caracterizar peptídeos encontrados em estômagos de mosquitos adultos alimentados com sangue de voluntários infectados pela malária. “Eu sempre quis desenvolver algo que pudesse retornar para a comunidade. É como se eu estivesse devendo para a comunidade aquilo que eles estão investindo em mim. É mais do que justo dar o retorno. É através de seus impostos que estamos aqui”.

Instalação utilizada: LNBio/Laboratório de Espectrometria de Massas

Rejane De Castro SimõesUniversidade Federal do Amazonas - UFAM

Nas nanopartículas, o confinamento espacial altera a estrutura eletrônica, e seu tamanho diminuto viabiliza formações geométricas variadas, distorcidas e simetrias proibidas em sistemas macroscópicos. Essa complexidade é ainda maior em sistemas multimetálicos, permitindo diferentes tipos de arranjo atômico e estrutura eletrônica. A quantificação da composição química dessas nanopartículas é uma questão fundamental para o entendimento de novos fenômenos. “Ao utilizar o microscópio eletrônico de transmissão em varredura combinado com espectroscopia por fluorescência de raio X, foi possível investigar nanopartículas bimetálicas individualmente, o que permite responder às perguntas propostas em nosso projeto.”, diz o supervisor da pesquisa, Varlei Rodrigues. “Decidimos utilizar as instalações do CNPEM devido à sua infraestrutura, que possui microscópios eletrônicos de transmissão com características técnicas necessárias para realizar medidas em nanoescala. , explica o pesquisador Murilo Moreira.

Orientador: Varlei Rodrigues | Instalação utilizada: LNNano/LMF, LME – Titan Themis e TEMFEG 2100F

Murilo Henrique Martinez MoreiraInstituto de Física Gleb Wataghin (IFGW-Unicamp)