Portal do MCTI em 20/07/2015
O diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), Antonio José Roque, abordou a parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep/MCTI) para avaliação e seleção de pequenas e médias empresas nacionais aptas a participar do desenvolvimento do anel acelerador de partículas Sirius, nesta quinta-feira (16), em mesa-redonda da 67ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), localizada em São Carlos (SP).
“Para definir esse desafio, pegamos o projeto Sirius e quebramos em subsistemas e componentes, observando as possibilidades de conseguir fazer isso no Brasil, diante do tempo que temos e da qualidade das empresas que mapeamos no País”, contou Roque. Lançado em setembro de 2014, o edital teve seu resultado divulgado nesta semana por Fapesp e Finep. O diretor planeja organizar uma segunda chamada, em torno de outras tecnologias.
Roque recordou que o LNLS promoveu workshops com Fapesp e Finep antes de construir o edital, que deve distribuir R$ 40 milhões – 50% por agência. Cada empresa podia solicitar até R$ 1,5 milhão. “Elas submeteram suas propostas para se qualificarem e desenvolverem os produtos no período de até 18 meses”, explicou. “Até lá, avaliamos se podem chegar ao patamar necessário.”
O palestrante relatou o esforço de encontrar parceiros nacionais para a fabricação de equipamentos destinados ao Sirius. “A gente identificou na WEG, de Santa Catarina, o potencial de desenvolver ímãs, por ser a terceira maior empresa do mundo em produção de motores, e já faz um ano e meio que mantemos relações com essa indústria, com os primeiros ímãs já entregues”, lembrou, ao enumerar companhias da Bahia e do interior paulista responsáveis por materiais relacionados às câmaras do futuro acelerador de partículas.
Histórico
A radiação síncrotron é uma ferramenta científica voltada a analisar diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos. Única fonte da América Latina, o anel UVX é uma máquina de segunda geração operada pelo LNLS, unidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social qualificada pelo MCTI.
Desde o segundo semestre de 2014, o CNPEM constrói a fonte Sirius, um dos primeiros anéis de armazenamento síncrotron de quarta geração no mundo, projetado para ter o maior brilho dentre os equipamentos na sua classe de energia. A estrutura deve contribuir para a internacionalização da ciência brasileira, por meio do aumento da presença de estrangeiros como usuários do LNLS. A previsão é que o primeiro feixe de luz seja emitido em 2018.
Na mesa-redonda, o bioquímico britânico Richard Garratt, da Universidade de São Paulo (USP), destacou que o Brasil é liderança na área por possuir o UVX, “a primeira máquina do Hemisfério Sul”, desde 1997, em Campinas (SP). “E para manter-se na vanguarda do uso dessa tecnologia, o País vem construindo o Sirius, que vai estar de fato na fronteira daquilo que se faz no mundo inteiro.”
Roque comentou a assinatura de memorando de entendimento com o Laboratório Nacional Argonne, dos Estados Unidos, em 30 de junho, durante viagem oficial da presidenta Dilma Rousseff, para desenvolver em conjunto mecanismos e processos que aprofundem a colaboração relacionada a pesquisa com fontes de luz síncrotron. “Temos interesse, porque eles detêm algumas tecnologias, mas a interação é de fato igualitária, já que o Argonne provavelmente será o primeiro laboratório americano a fazer o upgrade para a quarta geração e eles querem saber como estamos fazendo”, detalhou.
Também participaram do debate os pesquisadores Daniela Zanchet, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Humberto Pereira, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP). Eles falaram sobre possíveis aplicações de fontes de luz síncrotron em suas áreas.
Repercussão: Agência CT&I; Investe SP