Nesta segunda-feira (17), em celebração ao Dia Internacional da Luz, o moderno acelerador de partículas Sirius abrirá suas portas ao público – ao menos virtualmente. Uma visita guiada acontece a partir das 10h, ao vivo pelo YouTube.
O Sirius é o maior e mais brilhante – literalmente – investimento em ciência do Brasil. Um superlaboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que analisa materiais em escalas de átomos e moléculas (partículas elementares). É como um raio-X poderosíssimo.
A estrutura fica em Campinas (SP), dentro do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Há apenas mais um laboratório de 4ª geração de luz síncrotron em operação: o MAX-IV, na Suécia. Mas o projeto brasileiro tem a luz mais brilhante do mundo, de qualidade incomparável, e um zoom único, de até 500 vezes. Nossos cientistas têm à disposição a vanguarda da tecnologia mundial, a forma mais moderna para estudar, em detalhes e de forma menos invasiva, estruturas de proteínas, plantas, e até vírus (como o da Covid-19).
Os visitantes virtuais vão “entrar” no gigantesco acelerador de partículas, avaliado em R$ 1,8 bilhão, e conhecer detalhes de seus primeiros experimentos. O Sirius é quase do tamanho do estádio do Maracanã, com 518 metros de circunferência e 68 mil m² de área construída.
A transmissão acontece no canal do CNPEM.
Como funciona?
Para gerar a luz síncroton, feixes de elétrons são acelerados quase na velocidade da luz, para que percorram o enorme túnel circular metálico a 600 mil vezes por segundo. Com o auxílio de imãs super poderosos, os elétrons são desviados para estações de pesquisa, formando finíssimas linhas de luz, para realizar os experimentos.
Apesar de extremamente brilhante, essa luz (radiação eletromagnética) não é visível a olho nu. Mas, 30 vezes mais fina que um fio de cabelo, ela consegue penetrar e analisar rapidamente a estrutura interna de materiais orgânicos e inorgânicos e suas ligações químicas.
O Sirius é, inclusive, um dos reforços da ciência brasileira no enfrentamento do novo coronavírus. Suas observações podem apontar caminhos para remédios e vacinas. Em julho do ano passado, os primeiros experimentos do acelerador resultaram em imagens 3D de uma das proteínas principais de sua “coroa”. Outra pesquisa buscou uma chave para desativar o microrganismo.
São 14 linhas de luz previstas na primeira fase do projeto. A primeira delas, batizada de Manacá, começou a operar oficialmente em outubro de 2020. O nome do laboratório é uma referência à estrela mais brilhante de nosso céu noturno: Sirius, da constelação do Cão Maior.