Folha de Dourados, em 21/02/2017
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Somente na safra 2015/2016 foram cultivadas 655 milhões de toneladas destinadas para diversos fins. Entre eles, a produção de etanol.
Mas, após a extração do caldo, cerca de um terço fica para trás como resíduo: o chamado bagaço. O que pouca gente sabe é que ele pode ser utilizado como matéria-prima para dar origem ao carvão ativo, componente bastante utilizado em sistemas de purificação da água e do ar.
A técnica está sendo desenvolvida por pesquisadores do Laboratório Nacional de Tecnologia, que pertence ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais.
O primeiro passo para a fabricação é a queima completa do bagaço. Depois esse carvão é misturado com reagentes químicos e submetido a um tratamento térmico. “Esses poros são bem pequenos e são onde ficam retidos os poluentes da água e do ar que se deseja remover”, explica o pesquisador Mathias Strauss.
Segundo Strauss, a inovação, se desenvolvida em larga escala, pode trazer importantes vantagens ao Brasil, que ainda importa o produto. “Temos estudado e visto que carvão ativo pode ser até 20% mais barato. Os nossos materiais têm pelo menos o mesmo desempenho ou até duas vezes melhor que o dos carvões comerciais ativos mais comuns”, complementa.
No Brasil, assim como em outros países, uma das principais funções dos carvões ativos é a utilização para a remoção das impurezas da água. Segundo estimativas, para um município brasileiro com um milhão de habitantes, é necessário cerca de uma tonelada de carvão ativo por dia para o tratamento de água. Haja bagaço!