Dois mil fármacos já disponíveis no mercado foram testados e um reduziu em 94% a carga viral em ensaios com células e o próximo passo são os testes clínicos com pacientes
Cientistas brasileiros seguem na busca por uma nova vacina ou medicamento capaz de tratar ou prevenir a Covid-19. Uma das linhas de pesquisa, solicitada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, tem potencial para oferecer uma resposta no enfrentamento ao COVID-19.
Foram realizados testes utilizando medicamentos que já são comercializados em farmácias para verificar se existe algum capaz de combater a doença. A estratégia chamada de reposicionamento de fármacos é adotada por uma força tarefa formada por 40 cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Foram testados dois mil medicamentos com o objetivo de identificar fármacos compostos por moléculas capazes de inibir proteínas fundamentais para a replicação viral. Com uso de alta tecnologia como biologia molecular e estrutural, computação científica, quimioinformática e inteligência artificial, os pesquisadores identificaram seis moléculas promissoras que seguiram para teste in vitro com células infectadas com o SARS-CoV-2. Desses seis remédios pesquisados, os cientistas do CNPEM/MCTIC descobriram que dois reduziram significativamente a replicação viral em células. O remédio mais promissor apresentou 94% de eficácia em ensaios com as células infectadas.
Para garantir a continuidade dos testes clínicos, e por questões de segurança, o nome do medicamento selecionado será mantido em sigilo até que os resultados dos testes clínicos demonstrem a sua eficácia em pacientes. O que se pode adiantar é que o fármaco tem baixo custo, ampla distribuição no território nacional e sua administração não está relacionada a efeitos colaterais graves e que pode ser usado por pessoas de diversos perfis inclusive em formulações pediátricas.
Em 14 de abril, o ensaio clínico financiado pelo MCTIC obteve a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) para realizar a última etapa dos testes: OS ENSAIOS CLÍNICOS EM PACIENTES INFECTADOS COM O NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2). Já nas próximas semanas começam os testes com um grupo de 500 pacientes. A ideia é avaliar se o composto selecionado é eficaz e seguro para que seja recomendado como tratamento.
“Temos boas perspectivas que os resultados dessa pesquisa possam ser positivos e assim poderemos ajudar não só o Brasil, como outros países no combate à Covid-19”, revelou o ministro do MCTIC, astronauta Marcos Pontes.
“Primeiramente, eu parabenizo a equipe do CNPEM que está à frente desse trabalho pela dedicação e pelos resultados obtidos, assim como os demais pesquisadores brasileiros que estão atuando com o SARS-COV-2. Importante ressaltar que a rápida resposta do CNPEM, assim como de outras instituições de pesquisa do País, demonstra que a ciência brasileira tem capacidade competitiva. Os resultados obtidos ressaltam também a importância de investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. As respostas para problemas complexos, como esse, dependem de equipes altamente capacitadas e infraestrutura de ponta, capacidades que se formam com o tempo e exigem recursos constantes. Esperamos que a ciência brasileira seja cada vez mais valorizada para poder responder a problemas semelhantes que possam surgir no futuro. Seguimos esperançosos pelos resultados dos testes clínicos, seguindo os passos da ciência”, afirma Antonio José Roque, Diretor-Geral do CNPEM.
Os dados gerados pelo CNPEM/MCTIC, fundamentais para subsidiar os testes clínicos, foram compartilhados com a RedeVírus MCTIC, responsável por articular a continuidade do estudo com pessoas infectadas pelo coronavírus. A rede também compartilhará este conhecimento com outros países que compõem a cooperação internacional, incluindo a Unesco que lidera uma frente global com ministros de C&T e I e com os países do BRICS.
A rápida resposta do CNPEM/MCTIC à epidemia do coronavírus vale-se da expertise de seus pesquisadores em virologia, biologia computacional, estudos aprofundados de proteínas, testes celulares e bioquímicos dentre outras competências que atuam de forma integrada em missões para enfrentar grandes desafios. Além do time de especialistas altamente qualificados, o Centro mantém, com financiamento do MCTIC, infraestrutura e equipamentos de última geração, competitivos internacionalmente, para apoiar os avanços da pesquisa nacional, sendo referência para estudos de materiais e onde está instalado o SIRIUS.
Em breve, esse arsenal ganhará um importante aliado, o Sirius – o novo acelerador de elétrons brasileiro. Projetado para ser uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo e com recursos para lançar a outro patamar as pesquisas que utilizam estruturas moleculares, como é o caso da área de descoberta de fármacos, entre tantas outras.
SOBRE O CNPEM/MCTIC
Ambiente de pesquisa e desenvolvimento sofisticado e efervescente, único no País e presente em poucos polos científicos no mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O CNPEM/MCTIC reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais mundialmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas de pesquisa em áreas estratégicas, projetos inovadores em parcerias com o setor produtivo e ações de treinamento para pesquisadores e estudantes. O Centro constitui um ambiente movido pela busca de soluções com impacto nas áreas de saúde, energia, meio ambiente, novos materiais, entre outras. As competências singulares e complementares presentes nos Laboratórios Nacionais do CNPEM impulsionam pesquisas e desenvolvimentos nas áreas de luz síncrotron; engenharia de aceleradores; descoberta de novos medicamentos, inclusive a partir de espécies vegetais da biodiversidade brasileira; mecanismos moleculares envolvidos no surgimento e na progressão do câncer, doenças cardíacas e do neurodesenvolvimento; nanopartículas funcionalizadas para combate de bactérias, vírus, câncer; novos sensores e dispositivos nanoestruturados para os setores de óleo e gás e saúde; soluções biotecnológicas para o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais.
REDEVÍRUS MCTIC
Criada pela portaria MCTIC nº 1010/2020 funciona como um comitê de assessoramento estratégico que atua na articulação dos laboratórios de pesquisa, com foco na eficiência econômica e na otimização e complementaridade da infraestrutura e de atividades de pesquisa que estão em andamento, em especial com o coronavírus e influenza.
O comitê de especialistas da Rede conta com pesquisadores de várias instituições de pesquisa renomadas como a CNPEM/MCTIC, Fiocruz, Butantan, USP, Unicamp, UFMG, UFC, UFRJ, entre outras. A portaria 1.205 nomeou 12 membros, que fazem parte da rede junto com representantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTIC), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTIC) e sob coordenação do secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do ministério, Marcelo Morales.
Mais informações:
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC
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Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais – CNPEM
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