Revista Ecológico, 17/09/2014
Nosso planeta (e todo o Sistema Solar) tem cerca de 4,6 bilhões de anos. Como essa idade é calculada?
Graças à técnica de datação por isótopos radioativos. Um deles é o Carbono-14 (14C), que equivale a uma meia-vida de 5.730 anos. Os geólogos e cientistas planetários estudam as rochas mais antigas e recontam como era o ambiente do planeta nessas fases iniciais. Algumas dessas rochas aprisionaram, em seu interior, pequenas bolhas de ar da atmosfera primitiva do planeta e hoje podemos abri-las e estudar cuidadosamente a sua antiga composição. Diferentes minerais são formados em diferentes temperaturas, em diferentes composições dos mares e da atmosfera, e, assim, podemos vislumbrar como foram as primeiras centenas de milhões de anos da Terra.
Em seu início, o planeta era muito quente. Como era a sua superfície?
Ela estava completamente derretida, aquecida pelo processo de sua formação. Ainda não sabemos exatamente em quanto tempo, mas, rapidamente uma fina camada de rochas, formadas principalmente por elementos como oxigênio, silício e alumínio, entre outros, cristalizou-se na superfície, devido à perda de calor para o espaço. Os oceanos primitivos se formaram logo depois, mas foram vaporizados e perdidos para o espaço, devido ao calor intenso e ao bombardeamento da superfície por meteoros, asteroides e cometas, resquícios ainda do processo de formação do Sistema Solar. Esse período, conhecido como Bombardeamento Pesado, durou até cerca de 3,9 bilhões de anos atrás, e teve um duplo papel.
Quais foram esses papéis?
Por um lado, manteve a superfície do planeta em constante estresse, aquecendo-a e vaporizando a água. Por outro, trouxe para o planeta uma diversidade molecular produzida no ambiente espacial, que estava aprisionada nessas rochas e no gelo, inclusive água e material orgânico. A Terra estava sendo “fertilizada”. Novos oceanos foram se formando, e talvez essa etapa tenha sido essencial para que a vida surgisse. Uma nova e importante etapa na história do planeta começava. A partir dali, tínhamos água, material orgânico e uma crosta sólida, ingredientes mínimos e que acreditamos essenciais para a origem abiótica da vida.
Saiba mais
Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), com sede em Campinas (SP), é responsável pela gestão dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), de Biociências (LNBio), de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e de Nanotecnologia (LNNano).
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