Novo material tem eficiência global de conversão de energia solar para hidrogênio 7 vezes maior que o anterior desenvolvido pelo mesmo método
A fabricação de eletrodos a partir de óxidos de ferro modificados com gálio e háfnio, melhorou em 7 vezes a eficiência de dispositivos para produção de energia limpa, em comparação com o material de referência, a hematita pura. O método também utiliza menor quantidade de substâncias que os processos anteriores, estabelecendo um novo recorde na área e colocando o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) em posição competitiva no cenário para produção de protótipos.
O trabalho que resultou na descoberta foi apresentado por Fabio Augusto Pires, do CNPEM, e acaba de receber um prêmio no Encontro de Outono da Sociedade Brasileira de Física, que ocorreu entre os dias 21 e 25 de maio, em Ouro Preto (MG).
A conversão de energia solar em energia química ocorre com o emprego de fotoeletrodos que, a partir da incidência de luz solar, possuem a capacidade de separar as moléculas de água em oxigênio e hidrogênio. O hidrogênio então pode ser utilizado como combustível não-poluente. Por não ter impacto ambiental significativo em nenhuma etapa da obtenção, esse caminho gera o chamado “Hidrogênio Verde”.
Considerada um semicondutor estável, a hematita em seu estado puro (α-Fe2O3) é um dos materiais mais utilizados na fotoeletrólise da água. O problema é que suas propriedades eletrônicas limitam a performance dos dispositivos em que é empregada, impedindo a criação de protótipos viáveis para a conversão energética em larga escala. Essa barreira metodológica fez com que muitos pesquisadores se voltassem à busca de outros materiais para substituir a hematita.
O grupo de pesquisa do CNPEM desenvolveu a tecnologia que permite a produção de nanomaterial composto por um ou múltiplos elementos em uma única etapa. Com isso, puderam testar pela primeira vez toda versatilidade da metodologia.
A hematita modificada com a incorporação simultânea de dois elementos – Gálio e Háfnio- que desempenham funções diferentes, porém sinérgicas, levou aos resultados atuais. Esses resultados superam o recorde anterior de performance, também obtido pelo próprio CNPEM, a partir de outro método que envolveu a hematita modificada com germânio.
Para o ganhador do prêmio, a grande inovação do feito está na forma de pensar a produção de hidrogênio verde. “É possível transformar algo já conhecido em funcional, em vez de buscar materiais completamente diferentes”, comenta.
Fabio Pires explica que agora os próximos passos envolvem a investigação de novas modificações na hematita usando esse método, para assim encontrar uma modificação ideal e, posteriormente, avaliar o escalonamento em escala industrial.
Sobre o CNPEM
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