Recursos do Governo Federal serão destinados para a fase 2 do Sirius, que inclui a construção de dez novas estações de pesquisa
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização supervisionada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), receberá recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), do MCTI, para projetos avaliados como estratégicos previstos na nova edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Plano anunciado pelo Governo Federal prevê investimentos de R$ 800 M nos próximos 4 anos para a segunda fase do projeto Sirius, o que inclui o projeto e a construção de dez novas estações de pesquisa, incluindo infraestrutura técnica e predial, além da contínua otimização dos aceleradores de elétrons.
O Sirius é o maior e mais complexo projeto da ciência brasileira e está entre as três únicas fontes de luz síncrotron de última geração em operação atualmente no mundo. Trata-se de uma infraestrutura extremamente versátil, que permite atender a demandas de pesquisas de praticamente todas as áreas do conhecimento. Composto por um conjunto de aceleradores de elétrons, o Sirius foi projetado para gerar radiação em uma ampla faixa do espectro eletromagnético, especialmente na região de raios-X, que pode ser usada no estudo de materiais orgânicos e inorgânicos na escala dos átomos e moléculas.
“Sirius é um projeto estruturante para o País, pois ainda em sua fase de construção houve uma expressiva transferência de tecnologia para empresas que colaboraram como fornecedoras de produtos e serviços, o que resultou em um índice de nacionalização do projeto de aproximadamente 85%. Tanto a comunidade acadêmica quanto a empresarial tem se beneficiado da formação de recursos humanos e de recursos de ponta para o desenvolvimento de pesquisas. E é importante destacar que as investigações realizadas no Sirius podem beneficiar a sociedade em diversos campos do conhecimento, como na busca de novas soluções para o enfrentamento dos problemas da área da saúde, para o desenvolvimento de tecnologias para agricultura, meio ambiente, novas fontes de energia e materiais mais sustentáveis, entre outras possibilidades”, resume o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva.
“Os desafios estratégicos que o Brasil e o mundo enfrentam e a busca de soluções sustentáveis nas áreas de energia, saúde, alimentação e meio ambiente exigem ferramentas cada vez mais avançadas. Para projetarmos materiais mais leves e resistentes, melhores fármacos, fontes de energia renováveis, precisamos entender como as coisas funcionam na sua escala mais fundamental, que é a escala atômica. O Sirius é um equipamento científico que permite exatamente esse tipo de investigação”, explicou a ministra Luciana Santos.
Status do Sirius
O prédio do Sirius foi projetado para abrigar até 38 linhas de luz, como são chamadas as estações experimentais. A primeira delas, denominada Manacá, foi aberta para a comunidade científica em julho de 2020, priorizando pesquisas que pudessem contribuir para o enfrentamento da pandemia de SARS-CoV-2. Desde então, de acordo com o fluxo da disponibilidade de recursos e das condições de validação de requisitos técnicos, novas estações de pesquisa estão sendo disponibilizadas.
A primeira fase do projeto Sirius previa a construção de 14 linhas de luz, das quais dez já estão recebendo experimentos e duas estão em fase de montagem. De acordo com José Roque, ainda são necessários recursos para a construção das duas últimas linhas de luz da primeira fase do projeto, além de recursos para operação regular do Sirius e pagamento de recursos humanos. “Como sempre, o MCTI tem empenhado grandes esforços para a conclusão desta primeira fase do projeto. Esses recursos são essenciais para que possamos oferecer aos pesquisadores que vêm ao Sirius os melhores recursos para preparação das amostras, realização dos experimentos nas linhas de luz e interpretação dos dados coletados”.
Para Harry Westfahl Jr., diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS/CNPEM), a eficiência do Sirius será maior quanto mais linhas de luz tivermos abertas para pesquisadores. “O desenvolvimento de novas estações experimentais em um equipamento como o Sirius acontece ao longo de vários anos, ou seja, é um projeto que deve estar em constante expansão para que mais pesquisadores brasileiros tenham à sua disposição recursos científicos avançados e compatíveis com os desafios que o futuro nos reserva”, destaca.
Laboratório de Máxima Proteção Biológica
Os recursos do PAC também vão ser investidos em um novo projeto do CNPEM, demandado pelo MCTI, que visa o estabelecimento de um complexo laboratorial para pesquisas avançadas com patógenos, o primeiro do tipo na América Latina e o único do mundo conectado a uma fonte de luz síncrotron.
Chamado Orion, em homenagem à constelação que possui três estrelas apontadas para a estrela Sirius, o novo complexo laboratorial terá cerca de 20 mil metros quadrados e será construído no campus do CNPEM, em Campinas-SP. Órion reunirá instalações de alta proteção biológica, do tipo NB3 e NB4, infraestruturas laboratoriais, técnicas analíticas, microscopias eletrônicas e criomicroscopia, além da conexão com três estações de pesquisa do Sirius.
A estrutura possibilitará condições para pesquisas de doenças causadas por agentes biológicos que representam alto poder de transmissibilidade ou que possuem via de transmissão e aspectos biológicos desconhecidos – enquadrados na chamada categoria de risco 4.
“Esse investimento renova o reconhecimento do MCTI e do Governo Federal pelo valor estratégico dos projetos que o CNPEM vem desenvolvendo ao longo de tantos anos. Estamos trabalhando para fortalecer o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação através da disponibilização de infraestruturas competitivas para dar respostas aos mais desafiadores problemas que a sociedade enfrenta atualmente e para aqueles que ainda estão por vir”, avalia Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM.
Sobre o CNPEM
Ambiente sofisticado e efervescente de pesquisa e desenvolvimento, único no Brasil e presente em poucos centros científicos do mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização privada sem fins lucrativos, sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais globalmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores em parceria com o setor produtivo e formação de investigadores e estudantes. O Centro é um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas. Por meio da plataforma CNPEM 360 é possível explorar, de forma virtual e imersiva, ambientes de todos os laboratórios instalados em Campinas (SP) e também obter informações sobre trabalhos realizados e recursos disponibilizados para a comunidade científica e empresas. A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM.