Correio Popular, 22/11/2019
Com 518m de circunferência, megaestrutura atesta eficácia
Divulgação CNPEM
Versatilidade de uma fonte de luz síncrotron permite o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas
O projeto Sirius atingiu nesta sexta-feira (22) uma importante etapa de desenvolvimento científico ao completar o primeiro giro de elétrons no seu acelerador principal, em Campinas, no Laboratório de Luz Sincrotron do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
A grande estrutura do Sírius, com 518 metros de circunferência, permite a aceleração dos elétrons até uma velocidade próxima à da luz, com alta energia, para que produzam uma luz de altíssimo brilho, utilizada em experimentos científicos que poderão revolucionar o conhecimento nas áreas de saúde, energia, materiais e outras funções.
O projeto Sirius, quando estiver em pleno funcionamento, será a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no País e uma das primeiras fontes de luz síncrotron de 4ª geração do mundo. É planejada para colocar o Brasil na liderança mundial de produção de luz síncrotron e foi projetada para ter o maior brilho dentre todos os equipamentos na sua classe de energia.
O primeiro giro de elétrons completado ontem demonstra que milhares de componentes, como ímãs, câmaras de ultra-alto vácuo e sensores estão funcionando de modo sincronizado, e que toda a estrutura (com peças que pesam centenas de quilos) foi alinhada dentro dos padrões micrométricos (até cinco vezes menores que um fio de cabelo) necessários para guiar a trajetória das partículas.
Fontes de luz síncrotron constituem o exemplo mais sofisticado de infraestrutura de pesquisa aberta e multidisciplinar e é uma ferramenta-chave para a resolução de questões importantes para as comunidades acadêmica e industrial brasileiras. A versatilidade de uma fonte de luz síncrotron permite o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas, como energia, alimentação, meio ambiente, saúde, defesa e vários outros.
Nova etapa
Os próximos passos do projeto incluem a conclusão da montagem das primeiras estações de pesquisa, onde os cientistas devem realizar, a partir do ano que vem, experimentos com uso da chamada luz síncrotron. Esse tipo especial de luz, de altíssimo brilho, é capaz de revelar detalhes dos mais variados materiais orgânicos e inorgânicos, como proteínas, vírus, rochas, plantas, solo, ligas metálicas, dentre muitos outros.
Aproximadamente 85% dos recursos empenhados pelo Ministério de Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações (MCTIC) foram investidos no País, em parceria com empresas nacionais. Além da construção civil, foram estabelecidos contratos com mais de 300 empresas de pequeno, médio e grande portes, das quais mais de 40 desenvolvem soluções tecnológicas para o Sirius, junto aos pesquisadores e engenheiros do CNPEM.
A versatilidade de uma fonte de luz síncrotron permite o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas, como energia, alimentação, meio ambiente, saúde, defesa e vários outros. Essa é a razão pela qual a tecnologia da luz síncrotron se torna cada vez mais popular ao redor do mundo. É também o motivo pelo qual os países com economias fortes e baseadas em tecnologia já contam com uma ou mais fontes de luz síncrotron, ou as estão construindo.