G1, 13/11/2018
Evento de entrega das obras civis contará com a presença do presidente da República, Michel Temer. Laboratório de luz síncrotron de 4ª geração está orçado em R$ 1,8 bilhão.
Cesar Cocco
Maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil, o Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, em Campinas (SP), terá a primeira etapa inaugurada nesta quarta-feira (14), em cerimônia com a presença do presidente da República, Michel Temer.
Orçado em R$ 1,8 bilhão, o laboratório que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) está com as obras civis concluídas e nesta quarta (14) passará pelo primeiro teste: uma volta de elétrons em dois dos três aceleradores que compõem o equipamento.
O Sirius deve ser entregue aos pesquisadores no segundo semestre de 2019. A conclusão total da obra, com 13 linhas operando, é prevista para 2020.
Atualmente há apenas um laboratório da 4ª geração de luz síncrotron operando no mundo: o MAX-IV, na Suécia. O Sirius foi projetado para ter o maior brilho do mundo entre as fontes com sua faixa de energia.
Quando o Sirius estiver em atividade – substituindo a atual fonte de luz usada no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) -, estima-se que uma pesquisa que atualmente é feita em 10 horas nos equipamentos mais avançados do mundo poderá ser concluída em 10 segundos.
Sirius tem 68 mil metros quadrados de área construída — Foto: Cesar Cocco
Números do Sirius
- 68 mil metros quadrados de área construída
- 1.000km de cabos elétricos
- 6.500m³ de concreto especial de baixíssima retração
- 900 toneladas de aço
- 90cm de espessura de concreto na área dos aceleradores
- 0,1º C é a variação máxima de temperatura na região dos aceleradores
- 518 metros é a circuferência do acelerador principal
- 1.300 imãs
- 1km de câmaras de vácuo
- 8.000 pontos de controle de mais de 4 mil computadores
‘Raio X superpotente’
A luz síncrotron atua como um “raio X superpotente”, capaz de analisar a estrutura de diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas. Atualmente, os pesquisadores que utilizam o LNLS, em funcionamento há 30 anos, contam com um equipamento de 2ª geração.
Enquanto no LNLS o raio X consegue penetrar 1 mm em um material como o ferro, no Sirius essa penetração pode chegar a dois centímetros.
Essas qualidade da luz do novo acelerador permitirá aos pesquisadores desenvolverem tecnologias em áreas consideradas estratégicas no CNPEM.
Na área de saúde, uma delas é o estudo do cérebro humano, o que permitirá desenvolver tratamentos e medicamentos para doenças como Alzheimer, Parkinson e outras doenças degenerativas. Também poderá melhorar o diagnóstico por imagens, a eficácia de medicamentos e decifrar estruturas virais para desenvolvimento de vacinas.
Na área de energia, um dos pontos altos deverá ser o desenvolvimento de baterias com maior duração, menor custo, menores e mais seguras. Isso permitirá uma revolução na área energética, com o aproveitamento de diferentes fontes de geração de energia. Também poderá auxiliar no melhor aproveitamento de biomassas para geração de energia.
Na agricultura, o grande desafio será descobrir com exatidão o funcionamento do solo, os mecanismos de absorção das plantas e melhor aproveitamento de insumos e de controle de pragas. Isso será essencial para aumentar a oferta de alimentos e garantir segurança alimentar para a população mundial.
Na exploração de óleo e gás, o estudo de rochas e do movimento e absorção do petróleo pode baratear os custos e aumentar a produção em áreas como o pré-sal.
Sirius, em Campinas (SP), será o 2º laboratório de luz síncrotron de 4ª geração do mundo — Foto: Cesar Cocco