Pasteur identifica possibilidades de parceria para uso da infraestrutura do Sirius para estudo da estrutura de potenciais candidatos à novas terapias ou vacinas.
No último dia 12 de dezembro, representantes do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP) visitaram o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) para conhecer in loco o Sirius e mais detalhes sobre o projeto Orion – complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que prevê construir laboratórios de vários níveis de contenção, inclusive um de biossegurança (NB4) inéditas na América Latina, sendo os primeiros do mundo conectados a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius.
O Institut Pasteur de São Paulo é uma fundação franco-brasileira voltada para pesquisas de classe internacional em Ciências Biomédicas sobre doenças transmissíveis, não transmissíveis, emergentes, reemergentes, negligenciadas ou progressivas, incluindo as que levam ao comprometimento do desenvolvimento ou degeneração do sistema neurológico. O objetivo do instituto é desenvolver métodos preventivos, de diagnóstico, prognóstico, e terapêuticos em relação às doenças estudadas.
Estiveram presentes na visita representantes do instituto, incluindo a Diretora Executiva Paola Marcella Camargo Minoprio, e o professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Edison Luiz Durigon, também presidente da Comissão Interna de Biossegurança (Cibio) do IPSP e coordenador da equipe de Virologia Clínica e Molecular, que se dedica ao diagnóstico clínico e molecular, viroses humanas e animais e vírus respiratórios silvestres e emergentes, a exemplo do Zika vírus e Influenza.
“A parceria entre Pasteur e Sírius pode abrir caminhos para novas descobertas em pesquisas de patógenos. Com a possibilidade de observar os mecanismos de infecção em nivel estrutural, será possível avançar nos estudos já desenvolvidos pelo Institut Pasteur de São Paulo. Prevejo uma colaboração duradoura, com benefícios para a saúde nacional e global”, afirma a Diretora Executiva Paola Minoprio.
Coordenador da equipe de Virologia Clínica e Molecular do IPSP, Durigon aponta as possibilidades de uso da infraestrutura do Sirius e do futuro Orion a partir dos estudos científicos conduzidos pelo Pasteur. “Poder enxergar, dentro de um ambiente biosseguro, por exemplo, a interação direta de um neurônio com um vírus seria algo extraordinário. Essa possibilidade abre um universo de oportunidades e, sem dúvida, pavimenta o caminho para muitas colaborações futuras, inclusive no desenvolvimento de vacinas para as doenças que são estudadas pelo Pasteur já em condições de biossegurança muito avançadas para o país”, avalia.
IPSP
O Instituto Pasteur de São Paulo (Brasil) integra a Rede Pasteur, composta por mais de 30 institutos de pesquisa, distribuídos em 25 países. Localizado dentro da Cidade Universitária da Universidade de São Paulo (USP), sua estrutura conta com laboratórios de nível 1, 2 e 3 de biossegurança (NB1, NB2 e NB3, respectivamente) dos mais avançados no Brasil, baseados nos que existem no Institut Pasteur de Paris.
No Brasil, são sete grupos de pesquisa conduzidos pelo Instituto: Biologia Integrativa; Eco-epidemiologia, diversidade e evolução de vírus emergentes; Grupos emergenciais; Modelagem de Doenças do Sistema Nervoso; Processos infecciosos de Tripanossomatídeos; Vacinologia; Vigilância Genômica e Inovação em Vacinas e Virologia Clínica e Molecular.
Mais informações do Instituto podem ser obtidas através do site: https://www.pasteur-sp.org.br/
Projeto Orion
O projeto Orion será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, que compreenderá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina, sendo as primeiras do mundo conectadas a uma fonte de luz sincrotron, o Sirius. Em construção na cidade de Campinas-SP, no campus do CNPEM, o Projeto reunirá técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas a comunidade científica e órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de métodos de diagnóstico, vacinas, tratamentos e estratégias epidemiológicas. Instrumento de apoio à soberania nacional no enfrentamento de crises sanitárias, o Orion tem o potencial de beneficiar diversas áreas, como saúde, ciência e tecnologia, defesa e meio ambiente.
A execução do projeto Orion é de responsabilidade do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O Projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do MCTI e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS). A iniciativa faz parte da Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial do Governo Federal, atuando como um instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção do Orion deve ainda fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), iniciativa coordenada pelo MS, voltada ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o CNPEM
O CNPEM compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, o CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação.