Representantes de empresas, instituições de pesquisa e agências financiadoras do Brasil assinaram um Memorando de Entendimento com instituições norte-americanas, nesta segunda-feira, dia 7 de dezembro. O documento tem como principal objetivo promover parcerias em inovação, visando a superação de desafios tecnológicos e a geração de negócios em diferentes áreas do conhecimento. A colaboração foi firmada no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas- SP, durante o evento 8º Diálogos da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“A inovação é um fator determinante para a prosperidade das nações. Atualmente, enfrentamos desafios enormes, como aqueles relacionados às mudanças climáticas e à segurança cibernética. Estamos diante de questões que não podem ser tratadas por um só país. Neste contexto, o fortalecimento das plataformas de inovação bilaterais são fundamentais”, lembrou Chad Evans, Vice Presidente Executivo do Conselho de Competitividade (CoC) dos Estados Unidos.
Do lado brasileiro, participam do acordo, além do CNPEM e da CNI , o Serviço Social da Indústria (SESI), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI).
Os partícipes norte-americanos são liderados pelo CoC – organização não governamental, apartidária, que tem como membros CEOs de empresas norte americanas, reitores de universidades, líderes da sociedade civil e diretores de laboratórios nacionais.
Além do CoC, seis Laboratórios Nacionais, vinculados ao Departamento de Nacional de Energia (DOE) dos Estados Unidos, também integram o Memorando de Entendimento. São eles: Argonne National Laboratory, Illinois; Lawrence Livermore National Laboratory, California; National Renewable Energy Laboratory, Colorado; Oak Ridge National Laboratory, Tenessee; Pacific Northwest National Laboratory, Washington; Sandia National Laboratories, California e New Mexico.
Parceria em Inovação
A partir da assinatura deste Memorando de Entendimento, a CNI e o CoC, principais gestores da parceria, atuarão para identificar demandas e capacidades de interesse comum dos participantes desta cooperação. Essa identificação deve subsidiar o estabelecimento de projetos de colaboração voltados à solução de desafios tecnológicos e de inovação nas áreas de energia, saúde, meio ambiente, novos materiais e manufatura avançada. “Propusemos este modelo de operação com o objetivo de evoluir o ecossistema de inovação em parceria com outros países”, explica Gianna Sagazio, Diretora de Inovação da CNI.
“A inovação nas empresas é um imperativo econômico, uma forma de sobrevivência a longo prazo. Muitas empresas brasileiras vivem uma situação difícil, em virtude da retração do tamanho do mercado doméstico. O cenário de inovação no Brasil também passa por um período difícil, devido à descontinuidade de recursos em diversas fontes. Neste momento, essa parceria torna-se ainda mais importante, porque a inovação é essencial para manter a competitividade da indústria brasileira”, afirmou Pedro Wongtschowski, membro do Conselho de Administração do CNPEM e do Grupo Ultra.
A importância dos Laboratórios Nacionais (LN) brasileiros e norte-americanos para a promoção da inovação também foi discutida. Conhecidos por possuírem instalações e competências diferenciadas, difíceis de serem mantidas em universidades ou empresas, os LN surgiram para lidar com questões complexas e dar respostas a grandes desafios. A aproximação destes Laboratórios com o setor privado tem papel importante para impulsionar a inovação.
“O desafio é criar um ecossistema virtuoso em torno dos Laboratórios Nacionais, com a participação de empresas e universidades de ponta”, explicou José Roque Diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) – Laboratório que integra o CNPEM, juntamente com os Laboratórios Nacionais de Biociências (LNBio), de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) e Nanotecnologia (LNNano).
Roque lembrou de iniciativas que já estão em curso para aproximar empresas e Laboratórios Nacionais. Como exemplo, citou as chamadas que o LNLS, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), têm realizado para que empresas brasileiras possam desenvolver produtos e processos necessários à construção da nova fonte de luz síncrotron, o Sirius. Companhias de Campinas, Santa Catarina, Bahia e outras localidades já são parceiras do projeto e endossam, assim, o setor de inovação nacional.
Diálogos da MEI
Além da assinatura do acordo entre Brasil e Estados Unidos, o evento reuniu grandes nomes dos setores públicos e privados para compartilhar experiências no campo da inovação, debater os cenários de ciência, tecnologia e inovação do Brasil e dos EUA e levantar oportunidades de cooperação bilateral.
Participaram das sessões de discussão: Carlos Américo Pacheco, Diretor-Geral do CNPEM; Rafael Lucchesi, Diretor de Educação e Tecnologia da CNI; Pedro Wongtschowski, Membro dos Conselhos do Grupo Ultra e do CNPEM; Ricardo Pelegrini, Gerente Geral da Unidade de Serviços da IBM América Latina e líder da agenda de “Inserção Global via Inovação” da MEI; Carlos Henrique de Brito Cruz, Diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); Gilberto Peralta, Presidente e CEO da GE Brasil; Antônio José Roque da Silva, Diretor do LNLS; Júlio Ramundo, Diretor de Indústria, Capital Empreendedor e Mercado de Capitais do BNDES. Do lado americano, estiveram presentes: Chad Evans, Vice Presidente Executivo do CoC; Paul Kearns, Vice Diretor de Operações de Laboratório Nacional de Argonne; Pablo Garcia, Chefe de Gabinete da Diretoria Geral e Gerente Técnico dos Laboratórios Nacionais de Sandia; Anantha Krishnan, Diretor de Engenharia do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore; e Troy Pedersom, Representante do Consulado dos EUA no Brasil.
Histórico da Parceria Empresarial em Inovação Brasil-EUA
O CoC lidera parcerias com o Brasil desde 2007. Há dois anos, na 3ª Conferência de Inovação BRA-EUA, realizada na sede do BNDES, foi lançada a Plataforma de Inovação BRA-EUA, com o objetivo de consolidar um ambiente de aprendizagem contínua e a prospecção de oportunidades de parcerias em PD&I e negócios.
No âmbito da referida Plataforma, foram lançadas propostas de cooperação tecnológica envolvendo atores públicos e privados dos dois países. No último ano, a CNI e o CoC firmaram instrumento de cooperação com a intenção de aumentar a escala destas parcerias bilaterais. O acordo assinado no CNPEM dará continuidade aos movimentos de aproximação entre os dois países para a promoção de parcerias em inovação.