No evento será anunciado uma nova organização de Laboratórios Nacionais e haverá a assinatura de vários acordos em C&T
Assessoria de Comunicação, em 21/01/2010
Uma instigante questão inspirou a criação do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) que será inaugurado pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, 22/01. Seria possível o Brasil substituir, de forma sustentável, 10% da gasolina utilizada no mundo por etanol em 2025?
Essa questão foi base de um estudo coordenado pelo professor Rogério Cezar Cerqueira Leite, realizado através do convênio NIPE-Unicamp/CGEE-MCT. O resultado final do Projeto Etanol apontava que, entre as ações necessárias à produção dos 250 bilhões de litros anuais de etanol (cerca de 10 vezes a produção atual), estava a necessidade de aprimorar a ciência e a tecnologia ligadas aos principais gargalos produtivos do etanol de cana. Este cenário inspirou o surgimento do Laboratório Nacional que agora se inaugura.
O CTBE representa uma ação estratégica do Governo Federal em busca da manutenção da liderança brasileira na produção sustentável de etanol de cana. O objetivo final desta iniciativa é desenvolver uma tecnologia eficiente e sustentável de conversão da biomassa desta planta em energia química renovável. Para isso, o Laboratório conta com uma ampla infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento (P&D), com destaque para a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP). Esta permitirá o escalonamento de tecnologias relacionadas à produção de etanol a partir do bagaço de cana.
Outro ponto que merece ser ressaltado é a localização do Laboratório. Integrado ao Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), recém-criado pelo MCT para congregar os Laboratórios Nacionais localizados em Campinas, o CTBE conta com a parceria científica do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio). O LNLS é pioneiro no Hemisfério Sul e único na America Latina a possuir uma Fonte de Luz Síncrotron, tecnologia que permite conhecer a estrutura tridimencional e química da matéria. Já o LNBio atua no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação em Biociências. Na interação com o CTBE, desenvolve pesquisas avançadas em estrutura e função de biomoléculas, como as enzimas necessárias ao processo de produção de etanol de 2a geração.
Para Marco Aurélio Pinheiro Lima, diretor do CTBE, este chega ao cenário de P&D brasileiro como um Centro que abre portas para outras instituições. Um Laboratório Nacional que convida pesquisadores de variados setores, com vastas experiências, a encontrar soluções para o desenvolvimento do bioetanol de cana-de-açúcar em todo seu ciclo produtivo.
Acordos
Além de inaugurar e visitar as instalações do Laboratório Nacional Ciência e Tecnologia do Bioetanol, pertencente ao MCT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva presenciará a assinatura de vários importantes acordos nacionais e internacionais de cooperação científica e tecnológica que ocorrerão durante a inauguração.
Os acordos internacionais firmados pelo CTBE se darão com o Imperial College London, da Inglaterra, e com a Lund University, da Suécia. Junto à instituição inglesa serão desenvolvidas pesquisas conjuntas nas áreas de produção de etanol e outros produtos a partir do bagaço de cana, biorrefinaria e, principalmente, sustentabilidade dos biocombustíveis. Com a universidade sueca serão realizados experimentos para desenvolvimento de tecnologias de produção de biocombustível a partir da biomassa, com foco na produção de etanol de 2ª geração.
Dentro dos acordos nacionais, será celebrada uma cooperação com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que visa, entre outros assuntos, a implantação do plantio direto na cultura de cana. Este sistema de manejo agrícola aplicado com sucesso na agricultura de cereais possibilita a redução de custos no campo, além de conservar melhor os nutrientes do solo e utilizar a água de modo mais racional. Enquanto o CTBE focará sua atenção no desenvolvimento de uma mecanização que reduza o tráfego de máquinas sobre o canavial, a Embrapa vai coordenar os estudos agronômicos do projeto em várias regiões do Brasil. Também participará do acordo o LNBio, antigo Centro de Biologia Molecular Estrutural (CeBiME), para atuação, em especial, na área de Bioinformática.
Na mesma ocasião, o LNBio também assinará outros dois acordos, um primeiro com a Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos e outro com a Natura Cosméticos.