Pesquisadora foi premiada por estudo sobre a manipulação de defeitos em ligas TMD bidimensionais, com potencial para aplicações em fotônica e dispositivos quânticos
A pesquisadora de pós-doutorado Ana Carolina Ferreira de Brito, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, que integra o Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), recebeu um prêmio pela apresentação de pôster durante o 8th Nanoscientific Forum Europe – Scanning Probe Microscopy, realizado em setembro, na Universidade Paris-Saclay, em Orsay, França. O evento é considerado um dos mais importantes nas áreas de Microscopia de Varredura por Sonda e Nanociência, reunindo especialistas internacionais, instituições de pesquisa e grupos de ponta dedicados ao desenvolvimento de técnicas avançadas e soluções inovadoras.

A pós-doutoranda do LNLS durante o evento
Durante o encontro, Ana Carolina apresentou o trabalho “Engineering monolayer islands in TMD alloys: Local Anodic Oxidation of Mo₁₋ₓWₓSe₂ with nanoscale precision” que demonstrou como a criação controlada de defeitos em ligas de dicalcogenetos de metais de transição (TMD) do tipo Mo₁₋ₓWₓSe₂ permite ajustar com precisão suas propriedades eletrônicas e ópticas. A pesquisa combinou técnicas avançadas de microscopia de varredura por sonda, espectroscopias Raman e de fotoluminescência, além de cálculos teóricos baseados em teoria do funcional da densidade (DFT).
Os resultados mostraram que é possível realizar engenharia de defeitos e estruturas nanométricas nos nanomateriais, abrindo caminhos para aplicações em optoeletrônica, fotônica e dispositivos quânticos. O estudo evidencia como o controle em escala nanométrica pode influenciar diretamente as propriedades optoeletrônicas desses semicondutores, posicionando a pesquisa na fronteira do conhecimento em nanociência.
“Esta pesquisa demonstra como podemos manipular defeitos em escala nanométrica com precisão e compreender como essas alterações impactam as propriedades optoeletrônicas desses nanomateriais. Esse tipo de conhecimento é essencial para o avanço no desenvolvimento de tecnologias fotônicas e dispositivos quânticos”, destaca Ana Carolina, pesquisadora de pós-doutorado no Laboratório de Amostras Microscópicas (LAM) do LNLS/CNPEM.
A pesquisadora também ressalta que o estudo se encontra atualmente em uma nova fase, com experimentos avançados e multitécnicas para a caracterização das propriedades estruturais e ópticas. “Estamos utilizando a infraestrutura do CNPEM, como linhas de luz do Sirius, para analisar a composição química e as heterogeneidades dos óxidos nanométricos obtidos; além do Laboratório de Microscopia de Força Atômica, no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), para preparação das amostras analisadas. O nosso objetivo agora é compreender como esses defeitos gerados afetam as propriedades optoeletrônicas das ligas TMD”, explica Ana Carolina.
O trabalho premiado é fruto de uma colaboração entre o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), sob supervisão da pesquisadora líder do LAM, Ingrid David Barcelos, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde a pesquisa foi orientada pelo professor Bernardo Ruegger Almeida Neves. Também participaram o pós-doutorando do LNNano, Alysson Alves Pinto — autor do estudo ao lado de Ana Carolina — e pesquisadores do grupo de Teoria e Ciência de Dados do laboratório. A University of Chemistry and Technology Prague, na República Tcheca, também integra a colaboração.
A pesquisa contou com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanomateriais de Carbono, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do LNLS, evidenciando a articulação entre instituições nacionais e internacionais na fronteira da nanociência.
O trabalho apresentado pela pós-doutoranda foi publicado na revista científica Nanotechnology e pode ser acessado em: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1361-6528/ae00cd.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).





