Agência FAPESP, em 17/09/2014
O lançamento da chamada pública para a seleção de empresas interessadas em participar da construção de Sirius, a nova fonte brasileira de luz síncrotron que será instalada no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas, foi apresentado pela Physics Today, revista do American Institute of Physics, como exemplo de esforço para a interação entre a pesquisa científica e a indústria nacionais. A publicação destacou outras iniciativas da FAPESP com o mesmo objetivo.
A chamada foi anunciada pela FAPESP em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no dia 5 de setembro. “Um projeto desafiador dessa magnitude oferece oportunidades privilegiadas de institutos como o LNLS atraírem empresas para a sua causa”, disse à Physics Today o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz.
As empresas escolhidas a partir da chamada da FAPESP/Finep construirão diferentes seções do Sirius. Para a Physics Today, “os esforços do LNLS para envolver empresas brasileiras na conclusão de um projeto científico como Sirius promovem conexões entre os físicos acadêmicos e industriais até então desconhecidas no Brasil” (leia mais em agencia.fapesp.br/19760).
A publicação lembra ainda que, “enquanto o Brasil se dedica à construção de instrumentos poderosos em casa, também continua a participar de projetos internacionais na área, como o Grande Colisor de Hádrons [LHC na sigla em inglês], na Suíça, o Pierre Auger Observatory, na Argentina, e o Large Latin American Millimeter Array (Llama), que também será instalado na Argentina”.
Llama e USP
Financiado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Llama teve destaque na Physics Today como exemplo de internacionalização do alcance da FAPESP. “Quando Brito Cruz assumiu como diretor, em 2005, um de seus objetivos era promover parcerias entre a FAPESP e empresas e agências de financiamento fora do Brasil”, lembrou a publicação.
“Hoje, temos acordos em que a FAPESP alcança agências de financiamento em outros países, para que possamos financiar projetos conjuntamente. Assim, parte do projeto de pesquisa é feita aqui e outra parte em outro país”, explicou Brito Cruz.
O Llama será um dos observatórios astronômicos mais altos do mundo, ao lado do Atacama Large Milimeter/Submilimeter Array (Alma), no planalto de Chajnantor, a 5 mil metros de altitude, no deserto do Atacama, no Chile, e do Atacama Pathfinder Experiment Telescope (Apex) – o mais alto observatório da Terra, situado a 5,1 mil metros de altitude, também no planalto de Chajnantor e precursor do Alma (leia mais em agencia.fapesp.br/19457).
A ideia é unir o Llama ao Alma, o que aumentará seu poder de resolução. Por causa disso, os receptores e a antena do Llama, que vão coletar e armazenar os dados, serão similares aos do Alma, e é responsabilidade do Brasil obter parte deles. “Para fazer isso, estão sendo realizadas parcerias entre empresas e institutos de pesquisa ao redor do mundo”, diz a publicação.
“Pretendemos desenvolver um laboratório no Brasil para a integração de todas essas partes”, disse Jacques Lepine, professor de astronomia da USP. “Estamos comprando a antena de uma empresa alemã e vamos utilizar receptores de diferentes institutos e colocá-los em criostatos, que pretendemos adquirir do Japão.”
De acordo com a publicação, o empreendimento – que deverá ser concluído nos próximos dois ou três anos – conectou o Brasil a muitas empresas, institutos de pesquisa e universidades em todo o mundo.
“Trata-se de um passo muito grande para a radioastronomia no Brasil”, disse Lepine. “Nós temos alguns astrônomos de rádio no Brasil e na Argentina e, finalmente, teremos uma boa localização para que pesquisadores de doutorado façam seu trabalho mais perto de casa. Com o Llama seremos muito competitivos.”
LHC e Unesp
Além do trabalho conjunto da FAPESP com a USP no Llama, a Physics Today destacou a escolha da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no começo do ano para sediar um dos 40 Intel Parallel Computing Centers, unidades de pesquisa da multinacional norte-americana dedicadas a otimizar recursos de software para atender futuras demandas de computação científica. Outros centros estão localizados na Stanford University, nos Estados Unidos, na Bristol University, no Reino Unido, e no Eidgenössische Technische Hochschule Zürich, na Suíça.
“Os físicos e engenheiros do centro recém-criado na Unesp estão trabalhando em um software específico para Física de Altas Energias, que está sendo preparado para a volta das operações do LHC, no início de 2015”, relata a publicação.
O trabalho também conta com a participação da iniciativa privada, por meio da Padtec, empresa optoeletrônica com sede em São Paulo, que atua na infraestrutura de pesquisa e computação da Unesp.
“A largura de banda para transmissão de dados é um ingrediente essencial para que o conceito de arquitetura computacional realmente funcione. A Padtec fornece nosso equipamento de rede e apoia nossas atividades de pesquisa e desenvolvimento na atualização do gatilho rastreador do detector de partículas”, disse Sérgio Ferraz Novaes, professor da Unesp e membro colaborador do conselho do Worldwide LHC Computing Grid (WLCG), projeto de colaboração mundial ligando infraestruturas de centros de computação ao redor do mundo para fornecer meios de computação globais para guardar, distribuir e analisar os dados do LHC.
A Padtec é uma das empresas paulistas que se beneficiou de outra frente de apoio à interação entre ciência e iniciativa privada da FAPESP citada pela Physics Today, o Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE). “Em 2006, no âmbito do programa, Padtec e FAPESP uniram esforços para financiar conjuntamente projetos de pesquisa que levaram a resultados promissores para a empresa”, lembra a publicação. “Por meio do PITE, a FAPESP tem parceria com mais de uma dezena de empresas e oferece conjuntamente mais de 200 bolsas de investigação”, complementa.
Fórum na Unicamp
De 28 de setembro a 3 de outubro, o American Institute of Physics, em parceria com a FAPESP e o International Centre for Theoretical Physics (ICTP), realizará, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o fórum internacional Industrial Physics in Emerging Economies II.
O objetivo, de acordo com a organização, é promover a aproximação entre cientistas e indústria para atender às necessidades da sociedade relacionadas ao avanço tecnológico sustentável.
A programação abrange um conjunto de temas técnicos e políticos relacionados ao desenvolvimento econômico por meio da ciência no Brasil e na América Latina e conta com sessões técnicas e uma experiência de campo, que apresentará exemplos de aplicação do trabalho de cientistas no desenvolvimento local (leia mais em agencia.fapesp.br/19414).
A íntegra da publicação da Physics Today pode ser lida on-line.