Trabalhos em engenharia de tecidos e biomateriais são premiados por avançarem no desenvolvimento de pele bioimpressa para feridas diabéticas e biocurativos de membrana amniótica para doenças oftalmológicas
Duas pesquisadoras do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM) tiveram os seus trabalhos premiados durante o 1º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Medicina Regenerativa, evento realizado nos dias 5 a 7 de junho. A apresentação de pôster da Monielle Sant´Ana Leal e Caroline Nascimento Barquilha, ambas do Laboratório Nacional de Biociência (LNBio), estiveram entre os trabalhos agraciados durante o evento realizado em São Paulo (SP).

As pesquisadoras Monica Alves (Unicamp), Caroline Nascimento Barquilha (CNPEM), Monielle Sant´Ana Leal (CNPEM) e Ana Carolina Migliorini Ferreira (CNPEM) com um dos prêmios recebidos no congresso.
Modelo Tridimensional Pele Diabética Artificial
Monielle Sant´Ana Leal, pesquisadora e pós-doc do LNBio, recebeu o Prêmio de “Melhor Trabalho Científico, na Categoria Pós-graduando”, pelo desenvolvimento de um modelo tridimensional de pele humana artificial bioimpressa, com potencial aplicação no estudo de feridas diabéticas.
O estudo busca reproduzir as alterações estruturais e funcionais da pele de pessoas com diabetes, contribuindo para o avanço de terapias regenerativas mais eficazes e para a redução do uso de modelos animais em testes científicos.
Entre as formulações testadas, uma matriz dérmica inovadora se destacou por favorecer a organização tecidual e a maturação da epiderme. Esse avanço representa um passo importante na engenharia de tecidos aplicada à cicatrização de feridas crônicas.
O projeto está sendo desenvolvido no CNPEM, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Organização Neerlandesa para a Pesquisa Científica (NWO), por meio de uma chamada especial voltada a pesquisas com biomateriais projetados para a área da saúde.
Biocurativo de membrana amniótica
Já a pesquisadora e pós-doutoranda do LNBio, Caroline Nascimento Barquilha, foi agraciada com o prêmio de “Melhor Trabalho Científico na Categoria Profissional Pesquisador – Apresentação de Pôster”. A pesquisa apresentada utiliza a membrana amniótica, tecido derivado da placenta humana e de alto poder regenerativo, como fonte para o desenvolvimento de biocurativos e para isolamento de células-tronco. A ideia da pesquisa é utilizar o biocurativos para uso no tratamento de doenças oftalmológicas, sobretudo as patologias que acometem a superfície ocular externa.
Durante o estudo – desenvolvido em parceria com a pesquisadora Monica Alves, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os biocurativos foram caracterizados e produzidos sob rigoroso controle de qualidade. Com isso, a equipe conseguiu padronizar todas as etapas do processo — desde a coleta e o cultivo até a criopreservação das células-tronco presentes na membrana amniótica —, garantindo a esterilidade e a segurança do material.
A pesquisa, financiada com recursos da FAPESP, agora avança para a fase de estudos clínicos, prevista para começar nos próximos meses no Hospital de Clínicas da Unicamp.
Palestra
O 1º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Medicina Regenerativa contou com uma ampla participação de profissionais do CNPEM. Além da apresentação de projetos científicos, o evento também contou com a palestra “Evolving Regenerative Technologies: Advanced Solutions in Tissue Engineering”, ministrada pela pesquisadora do LNBio, Ana Carolina Migliorini Ferreira.
Na ocasião, Dra. Ana Carolina apresentou projetos desenvolvidos pelo Grupo de Engenharia de Tecidos do CNPEM – como a bioimpressão de curativos de pele, cardíacos e ocular – e discutiu os avanços em biofabricação, modelos 3D e plataformas de organ-on-a-chip como soluções promissoras para a medicina regenerativa.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).