Gabriela Noske, atual pesquisadora do LNNano, realizou seu doutorado na USP São Carlos e foi usuária de instalações abertas do CNPEM
A cientista Gabriela Noske, atual pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), foi agraciada com o Prêmio Capes de Tese 2024 na área de Física.
O Prêmio CAPES de Tese destaca os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação no Brasil, considerando critérios como originalidade, impacto no desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, além do valor agregado pelo sistema educacional ao candidato. Instituído em 2005 e concedido pela primeira vez em 2006, o prêmio abrange todas as áreas de conhecimento avaliadas na pós-graduação stricto sensu, com o objetivo de aumentar a visibilidade das ações positivas e incentivadoras da CAPES na pós-graduação brasileira.
A pesquisa de Gabriela, intitulada “Caracterização estrutural e busca por inibidores das proteases dos vírus emergentes: Vírus da Febre Amarela e SARS-CoV-2″ foi desenvolvida no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) sob orientação de Glaucius Oliva e co-orientação de André Schutzer de Godoy.
Este não é o primeiro prêmio concedido a Gabriela. Em março de 2024, a pesquisadora foi uma das ganhadoras do Herbert Tabor Early Career Investigator Awards por um artigo publicado no ano anterior. Neste trabalho, que fez parte de seu doutorado, a cientista realizou medidas na linha de luz Manacá do Sirius para caracterizar diferentes polimorfismos na protease (Mpro) do vírus da Covid-19 e sua relação com a efetividade de antivirais desenvolvidos durante a pandemia.
Além dos estudos relacionados à busca por inibidores de protease do vírus SARS-CoV-2, Gabriela também trabalhou com o vírus causador da febre amarela. Este vírus, pertencente ao gênero Flavivirus, é responsável por uma doença infecciosa grave, transmitida principalmente por mosquitos em áreas tropicais. A febre amarela é caracterizada por sintomas que variam desde febre e calafrios até formas mais graves, que incluem hemorragia e falência de órgãos. Embora uma vacina eficaz exista há décadas, surtos continuam a ocorrer, especialmente em regiões com baixa cobertura vacinal.
Em sua pesquisa, Gabriela utilizou e biologia estrutural integrativa, combinando técnicas bioquímicas, biofísicas e elucidação estrutural, empregando as técnicas de cristalografia de raios x e criomicroscopia. De maneira particular, o trabalho utilizou a criomicroscopia eletrônica, área na qual Gabriela trabalha atualmente, para a obtenção da estrutura da protease principal de SARS-CoV-2, uma amostra desafiadora e uma das menores estruturas obtida por este método. Com estes resultados, foi possível compreender melhor o processo de maturação desta protease, onde a criomicroscopia foi fundamental, fornecendo informações estruturais importantes da proteína mais próxima a sua forma nativa, complementares as obtidas por cristalografia.
O trabalho da pesquisadora na caracterização estrutural das proteases do vírus da febre amarela é de grande relevância, pois essas enzimas são essenciais para o ciclo de vida do vírus, desempenhando um papel crucial na clivagem de proteínas virais e na montagem de novas partículas virais. A identificação e caracterização de inibidores dessas proteases podem levar ao desenvolvimento de novos tratamentos antivirais, que seriam uma adição importante às estratégias de controle da doença, especialmente em situações em que a vacinação é insuficiente ou não está disponível. A pesquisa contribui, portanto, para a ampliação do conhecimento científico sobre vírus emergentes e para a preparação de respostas mais eficazes a futuras ameaças à saúde pública.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País, O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. O CNPEM é responsável pela operação dos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), e também pela Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).