Portal MCTI, em 14/07/2016
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC), descobriram um mecanismo molecular envolvido nas alterações das células do coração que precedem a insuficiência cardíaca, uma das principais causas de internação hospitalar e morte no Brasil. A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos capazes de inibir as alterações celulares que caracterizam a insuficiência cardíaca.
Segundo os pesquisadores, diversos fatores contribuem para as alterações morfológicas das células do coração, incluindo excesso de neurohormônios, como a noradrenalina e a angiotensina, inflamações e, principalmente, estímulos mecânicos resultantes, por exemplo, da hipertensão. De acordo com o estudo do LNBio, uma enzina conhecida por FAK (Focal Adhesion Kinase, na sigla em inglês), localizada próximo à membrana celular, é ativada por estímulo mecânico, resultante da hipertensão, por exemplo, e se desloca para o núcleo da célula, onde acopla-se diretamente à uma proteína reguladora dos genes associados à insuficiência cardíaca, conhecida como MEF2 (Myocyte Enhancer Factor 2).
“Nosso estudo descreve uma nova rota bioquímica, protagonizada pela enzima conhecida pela sigla FAK”, explica o diretor do LNBio e coordenador das pesquisas, Kleber Franchini.
As análises da estrutura molecular do complexo FAK:MEF2 abrem a possibilidade de interferência na estabilidade e na atividade do complexo. A expectativa é que a inibição desta nova rota possa evitar alterações morfológicas e resultar em benefícios para pacientes com risco de desenvolver insuficiência cardíaca.
Estudos anteriores, conduzidos pelos autores desta pesquisa e por outros grupos, já haviam demonstrado a importância da FAK e do MEF2 na origem das alterações morfológicas das células do coração. “A novidade em nosso trabalho é o estabelecimento do vínculo direto entre os dois sistemas de sinalização, como resultado da ação de estímulos mecânicos”, define o pesquisador Alisson Cardoso.
O Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social qualificada pelo MCTIC. O LNBio dedica-se à pesquisa e à inovação em biotecnologia e à descoberta de fármacos contra doenças negligenciadas, câncer, doenças cardiovasculares e outras enfermidades.
Os resultados dos estudos foram publicados na edição deste mês da revista científica Structure.
Repercussão: NIT Mantiqueira