Assessoria de Comunicação, em 12/12/2013
Estudo pode aumentar as chances de cura deste tipo de câncer
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) premiou, no último dia 10 de dezembro, Priscila Zenatti, estudante que identificou mutação relacionada ao surgimento e à progressão de leucemia linfoide aguda. Seu trabalho, desenvolvido em parceria entre o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), o Centro Infantil Boldrini e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pode levar a um novo tratamento para este tipo de câncer, responsável por cerca de 5000 mortes por ano no Brasil.
Durante seu doutorado, Priscila estudou células de leucemia linfoide aguda de cerca de 200 crianças do Brasil, da Holanda e da Alemanha. Em comum, parte destas células apresentou uma mutação no gene IL-7R. A pesquisa realizada no interior Paulista, com a colaboração da Faculdade de Medicina de Lisboa e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, demonstrou que esta alteração genética gera uma proteína defeituosa, responsável pela proliferação descontrolada das células deste tipo de câncer. Publicado na revista Nature Genetics, o trabalho, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq), identificou um alvo importante para o desenvolvimento de novas terapias contra a leucemia.
A proteína defeituosa: esperança de cura
A proteína estudada na tese premiada pela Capes chama-se receptor da interleucina 7 (IL-7R). Quando o IL-7R é ativado, ele sinaliza para as células que é hora de se multiplicar. Nos organismos saudáveis, fatores de crescimento, como hormônios, ativam este receptor e levam à multiplicação celular ordenada. Já nos casos de leucemia, uma mutação genética gera IL-7R defeituosos, os quais estão sempre superativados, independentemente de fatores externos. Desta forma, grande quantidade de células imaturas de glóbulos brancos são geradas de forma desenfreada, situação característica dos casos de leucemia (Figura 1).
Figura 1 – À esquerda, esquema demonstra a ativação de IL-7R em células normais.
À direita, receptores superativados (em lilás) levam a proliferação celular desenfreada.
A tese de Priscila Zenatti fez do IL-7R um potencial alvo terapêutico nos casos de leucemia. A bióloga trabalha, agora, para desenvolver anticorpos capazes de se ligar aos receptores defeituosos e bloquear a multiplicação celular desordenada e a progressão da leucemia linfoide aguda (Figura 2). Esta terapia, baseada em um alvo específico, garantirá um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais, se comparada aos métodos, já disponíveis, de quimio e radioterapia.
Figura 2 – Esquema de proposta de terapia em desenvolvimento: anticorpos específicos (verde, azul e preto)
se ligam aos receptores defeituosos, bloqueiam a multiplicação celular desordenada e combatem o câncer.
Prêmio Capes de Tese
O Prêmio Capes de Tese foi instituído no ano de 2005, com objetivo de outorgar distinção às melhores teses de doutorado defendidas e aprovadas nos cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC). São considerados na seleção os quesitos originalidade, inovação e qualidade. Os autores das teses recebem certificado, medalha e bolsa de pós-doutorado no país por um ano. Priscila Zenatti foi premiada na categoria Ciências Biológicas, Ciências da Saúde e Ciências Agrárias e Multidisciplinar. A Capes oferece três grande prêmios, um para cada área principal do conhecimento.